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Quantas nascentes há em sua residência?

Artigo de professor da Unesp de Registro é publicado no Estadão Noite

Quantas nascentes há em sua residência? Foi possível constatar que, na residência que alugo, há 12 nascentes. Destas, seis possuem aptidão para serviços diversos, duas para lavabo, duas para banho e duas para descarga sanitária (recordista em consumo). Todas se encontram devidamente estancadas com válvulas que são acionadas a qualquer momento.

O interessante é que o reservatório está sempre cheio e, a cada acionada, este lençol freático caseiro adaptado no forro é recarregado imediatamente haja chuva ou não. Nos últimos tempos, tratamos cada registro da residência como se deve tratar cada nascente de água natural, com a devida atenção e respeito.

Em períodos de escassez de água por falta de recarga das nossas reservas naturais, lençol freático, nascentes, riachos, rios e represas, é muito válido reavaliar nossos costumes e hábitos consumistas deste recurso tão necessário para nossa sobrevivência, a água.

Ao compararmos cada torneira a uma nascente ou fonte de água natural, creio que começamos a respeitar cada dia mais as gotas que dali escoam com muita facilidade e comodidade. A diferença é que em nossa residência conseguimos, por meio de válvulas, controlar o volume que verte, na natureza não.

Quando vamos além nos cálculos de volumes disponíveis por metro quadrado nas áreas urbanizadas, ou seja, quantas nascentes possuem em um edifício com vinte 20 , aí sim entendemos o quanto é frágil esse sistema de recarga do lençol freático caseiro. Cada litro a menos são milhões reservados.

Já na natureza necessitamos percorrer dezenas de metros ou até quilômetros para encontrar uma nascente. Covardia. Em se tratando de necessidade de respeitar nossas nascentes artificiais, é válido salientar que mudanças de hábitos foram necessárias para a redução do consumo em casa.

Um exemplo é a troca do uso diário da mangueira por um esfregão desses modernos embebidos em produtos químicos de boa qualidade. A higienização e lavagem do quintal onde vive a cadela Flor, por exemplo, é feita uma vez por semana; a descarga é acionada a cada três urinadas; e lava-se passa-se roupa duas vezes por semana aguardando a carga total da maquina.

Contudo, o problema maior está nas torneiras. É de se inconformar a dificuldade em encontrar aqueles dispositivos que instalamos na saída da torneira para reduzir a vazão entre outras brilhantes tecnologias inovadoras que existem no mercado mas são de difícil acesso a meros mortais. O pior, mesmo com economia de consumo, é que o valor pago na conta é o mesmo, pois não pago por litro.

Concluindo, o assunto crise hídrica não deve ficar preso apenas às questões de gerenciamento de recursos hídricos, e sim deve ser tratado como um assunto de diferentes áreas do saber; químicos (produtos químicos eficientes na limpeza e desinfecção), economistas (estratégias de comércio); engenheiros: ambientais, agrícolas, agrônomos, civis, elétricos; inclusive cientistas políticos, enfim, o governo, o comércio, a população e pesquisadores deverão interagir mais.

Marcelo Domingos Chamma Lopes é professor da Unesp de Registro.

Este artigo foi publicado originalmente no Estadão Noite de 28 de maio de 2015.

Assessoria de Comunicação e imprensa

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