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Inovação nas redes e o crescente papel da escolha

Por Hector Silva, Diretor de tecnologia da Ciena América Latina 

Há anos, a principal característica da infraestrutura de rede são as arquiteturas integradas verticalmente, em que diversas funções são vinculadas a conjuntos específicos de tecnologias proprietárias, principalmente constituídas por hardwares. Esse modelo criou um cenário cheio de limitações consideráveis ​​quanto à velocidade da inovação.

Essa realidade, entretanto, graças a uma evolução no software que rompe barreiras e finalmente abre as redes à programação, está prestes a mudar em alguns aspectos importantes. Existe ainda muito trabalho a ser feito, mas os avanços na virtualização de funções de rede, mais conhecida como NFV, representam um marco importante e um caminho lógico mais avançado, apoiado pela ideia de que coisas boas acontecem quando os sistemas são abertos e as operadoras têm mais alternativas.

Uma tendência se repete em diversos setores: as tecnologias que são abertas a escolhas experimentam uma rápida inovação e evolução, enquanto os sistemas que estão atrelados a regras impostas por fornecedores estão desacelerando. As tecnologias abertas permitem uma maior concorrência e experimentação que, por sua vez, disparam a inovação.

As vantagens das redes de múltiplos fornecedores
As arquiteturas de rede de múltiplos fornecedores e a virtualização minimizam um dos aspectos mais temidos da construção e operação de redes: o crescimento das despesas de capital (CAPEX) frente ao crescimento da demanda.

Isso acontece, em parte, porque no setor de redes as soluções de software eram tradicionalmente incorporadas em hardware proprietário, limitando a capacidade de rápida reação às demandas do mercado. No entanto, o NFV deixou de ser apenas um conceito para se tornar uma alternativa real. E há razões para otimismo.

Considere o grau de escolha hoje experimentado na televisão, por exemplo. Tempos atrás, você tinha que optar entre os canais abertos ou um único provedor de TV a cabo. Hoje em dia, é possível criar a combinação que atenda melhor as suas necessidades, integrando TV a cabo, Netflix, AppleTV e qualquer outro sistema que você goste. O resultado tem sido um setor em ascendência de entretenimento e programação que teria sido inimaginável há apenas 15 anos.

Alguns setores estão olhando para a NFV com ceticismo e o motivo para isso não é um mistério. Quando as funções de rede são dissociadas do plano de hardware e movidas para o plano de software, elas ficam livres do custoso equipamento proprietário e podem ser alojadas no hardware de um servidor comercial, disponível por apenas uma fração do custo. Isso é revolucionário.

Dissociar o hardware e o software também significa que um único servidor pode hospedar várias soluções de rede, independentemente de serem de diferentes fornecedores. Suponha que você esteja implantando três novos serviços de rede. Antes da NFV, você teria que comprar três peças caras de hardware, mas agora você pode comprar um único servidor não especializado por um custo menor e dividi-lo em três dispositivos virtuais.

A diversidade na arquitetura de rede é algo bom
Não são apenas as caixas fechadas que estão desaparecendo em favor das funções virtualizadas, a abordagem aberta também se expande para as redes, onde as soluções de vários fornecedores para diferentes camadas podem ser orquestradas juntas e os serviços podem ser combinados em domínios físicos e virtuais. Com essa flexibilidade multidomínio e multifornecedor, surge no horizonte um novo modelo de maior diversidade de soluções. Não vai ser fácil, mas as previsões de demanda nos mostram que a tentativa de satisfazer as necessidades futuras por meio de modelos fechados tradicionais, de CAPEX alto, está ameaçada pelo seu próprio conjunto de desafios.

Deve-se dizer que, apesar de sua natureza historicamente fechada, a tecnologia de rede evolui a saltos gigantes, mantendo-se a par com um mundo que apresenta uma crescente necessidade de conexões e largura de banda. Hoje, a rede de múltiplos fornecedores está se tornando uma realidade e oferece um novo nível de escolha e vantagens a todos os participantes – de fornecedores a operadoras de rede a usuários finais.

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