9º FinancIES reúne executivos de 19 estados do País
Fórum dos Executivos Financeiros para as Instituições de Ensino Privadas do Brasil acontece pela primeira vez no Nordeste e aborda temas como o futuro do Fies
O evento aborda o tema central “Infraestrutura e Inovação Acadêmica para o Crescimento Sustentável” e conta com ampla programação. “A importância da infraestrutura, um dos nossos temas, é básica no ambiente formador da personalidade dos nossos alunos. Um ambiente que deve ser atrativo não apenas como um local de reunião dos estudantes, livros e professores, mas como um local de interação com o mundo, que atenda as necessidades sociais e estimule o aprendizado. Tudo isso combinado à inovação, ou seja, modificar antigos costumes, legislações e processos com foco na adaptação para que os profissionais possam continuar relevantes dentro do mercado de trabalho”, avalia o presidente do FinancIES e membro do Conselho Consultivo da Universidade Braz Cubas – UBC –, professor Iram Alves dos Santos.
“O momento é de profunda mudança no mercado de ensino superior e eu não me refiro a fusões e aquisições, mas sim ao modelo e a visão de futuro para o nosso negócio em cinco ou 10 anos. Precisaremos de prédios? Salas convencionais? Qual o papel das lideranças e das equipes nesse cenário? Que habilidades serão necessárias? Como inovar? Entendo que o gestor financeiro deve fazer a diferença dentro da IES trazendo temas como compliance, auditoria interna e externa, planejamento orçamentário, planejamento estratégico e, para mim, o mais importante de todos, a governança corporativa, pois com ela todo o resto vem por tabela”, analisa o superintendente-geral do Grupo Tiradentes, professor Jouberto Uchôa de Mendonça Júnior.
Fies em pauta
Um dos pontos altos da programação foi a discussão sobre os recursos destinados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), diante da recente polêmica sobre a liberação de verbas e novas regras do programa, além das dificuldades para renovação de contratos. O debate contou com a participação do reitor do Centro Universitário Ages, da Bahia, José Wilson dos Santos; do diretor-geral da Faculdade Ajes, do Mato Grosso, Clódis Menegaz; do diretor administrativo da mantenedora da Univale, de Itajaí (SC), Renato Bretzke; e do superintendente administrativo-financeiro do Grupo Tiradentes, André Tavares de Andrade.
O futuro do Fies ainda gera incertezas entre os mantenedores das instituições de ensino superior. Para Clódis Menegaz, é impossível contar com o Fundo de Financiamento Estudantil nos próximos anos, por conta do cenário econômico – que não se recomporá tão rápido para que um volume suficiente de contratos continue sendo subsidiado pelo Governo Federal –, e também pelos altos custos que o programa representa para as instituições particulares de ensino. Hoje, as mantenedoras assumem cerca de 14% das despesas por aluno.
“As alternativas são de fomentar as iniciativas privadas e eu, pessoalmente, acredito que chegará o momento em que nós teremos que desvincular as mensalidades do período de aula, fazer com que uma semestralidade tenha mais de seis parcelas, para que possamos manter o ambiente de aprendizagem com a menor ociosidade possível”, argumenta Menegaz.
Com 75% de alunos Fies, o reitor do Centro Universitário AGES, José Wilson dos Santos, defende um sistema em que haja garantia de que o número de alunos ingressantes seja, no mínimo, equivalente ao de formados. “A cada ano, o Ministério da Educação reduz a quantidade de contratos e nós perdemos os alunos que se formam. Precisamos garantir que cada instituição tenha um equilíbrio financeiro a partir de uma garantia de que o MEC nos dará, pelo menos, o mesmo número de alunos que saem. Se eu formei 500 alunos Fies, ele precisa me dar a mesma quantidade”, propõe.
Para o superintendente administrativo-financeiro do Grupo Tiradentes, André Tavares, é importante que as mantenedoras tenham coerência estratégica. “Não adianta ter um grande percentual de alunos Fies e não fazer reserva de caixa para uma eventual mudança de cenário. No Grupo Tiradentes, nós tomamos a decisão, em 2013, de que não ultrapassaríamos 40% da nossa receita com o Fies. Mas essa é uma decisão que varia de acordo da condição de cada instituição”, analisa.

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