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Precificação de carbono é realidade em empresas empresas no Brasil e no mundo

Workshop reúne entidades e empresas para abordar o crescimento do instrumento que ganhou força exponencial após o Acordo de Paris

“O futuro não será igual ao passado”. Esta foi uma das primeiras frases utilizadas para descrever o momento atual de transição para uma economia de baixo carbono. Em uma união entre Carbon Disclosure Project (CDP), Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), We Mean Business e apoio técnico da WayCarbon, as entidades promoveram um workshop em São Paulo para abordar a precificação de carbono e sua importância para fomentar medidas para reduzir drasticamente as emissões de carbono em diferentes setores.

Atualmente, mais de 40 jurisdições de todo o mundo já contam com um mecanismo de precificação de carbono, seja via taxação ou sistema de comércio de emissões. Atentas a esse cenário, muitas empresas estão voluntariamente definindo preços para suas emissões de carbono a fim de antecipar-se a regulação e preparar-se para a economia de baixo carbono, prática conhecida como precificação interna de carbono. Segundo Nicolette Bartlett, líder de precificação de carbono do CDP, de 2004 a 2016, o número de empresas que reportam a adoção de um preço interno de carbono cresceu de 150 para 1.200, o que já expressa uma grande preocupação mundial em desenvolver medidas que alcancem as metas de redução de impacto em mudanças climáticas. Além disso, o relatório “Embedding a carbon price into business strategy”, elaborado pelo CDP, mostra que neste ano o Brasil aumentou em 74% o número de empresas que usam ou planejam usar a precificação interna de carbono.

“A precificação do carbono é um mecanismo economicamente eficiente para promover a urgente redução de emissões que buscamos. O setor empresarial precisa estar engajado para garantir que isso acontecerá da forma mais eficiente possível”, afirmou a assessora técnica do CEBDS, Lilia Caiado, que, durante o workshop, apresentou a Iniciativa Empresarial em Clima (IEC). No Brasil, a IEC vem trabalhando pela implementação de mecanismos de precificação de carbono e lançou, em setembro deste ano, um posicionamento defendendo uma metodologia para isso. A IEC é composta pelo CEBDS, CDP, Envolverde, GVCes, Instituto Ethos e Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas.

Por meio de debates e apresentações com representantes de instituições como Banco Mundial, Itaú Asset Management, Latam, com mediação do CDP, foi discutido o cenário da precificação no mundo, além de exemplos de empresas, como a Latam, que têm lidado com a iminente mudança do seu setor para um modelo de baixo carbono. “A aviação é um setor que será muito impactado. A solução final será o combustível alternativo, como a bioquerosene de aviação”, afirma Sarita Severien, da diretoria de relações institucionais e sustentabilidade da Latam. A representante da Latam abordou também iniciativas que já estão em andamento, como a desenvolvida pela ICAO, a Carbon Neutral Growth, que já traz metas concretas para que em 2020 todos os países voem com carbono neutro, ou seja, neutralizando as emissões de carbono.

Já na questão dos investidores, Alexandre Gazzotti, analista SRI do Itaú Asset Management reforça: “Os investidores que estão focados em resultados de longo prazo levam em consideração o fator da precificação de carbono”. E com surpresa da participação da China no Acordo de Paris, Alexandre Kossoy, especialista financeiro na Unidade Financeira de Carbono do Banco Mundial, ressalta: “A China já é um dos países que mais reduz emissões de carbono, em torno de 1 bilhão de toneladas, só em sete cidades-piloto”.

Para preparar as empresas para as regulamentações que devem chegar antes de 2020, o GVces apresentou uma ferramenta que simula um sistema de comercialização de emissões e foram reforçadas medidas que favorecem um ambiente corporativo apto a adotar a precificação interna de carbono:

- A decisão deve ser trabalhada junto com a Alta Liderança das empresas, engajando este público para que entendam as necessidades e benefícios da iniciativa;

- A empresa deve envolver as áreas de Sustentabilidade, Risco e Financeiro, já que fazem parte do processo decisório;

- Capacitação de funcionários para realização de projetos que priorizem a precificação de carbono;

Além disso, o encontro discutiu as dificuldades de se desenvolver políticas de regulamentação, posicionamentos e também desenvolveu na prática planos de ação para iniciar o processo dentro das empresas. O workshop realizou dois exercícios práticos com os participantes. O primeiro exercício simulou a alocação de permissões para emitir entre empresas do setor elétrico em um mercado de carbono de um país fictício. O outro trabalhava a precificação de carbono dentro das empresas, para que elas conhecessem o que deve ser feito para medir o seu custo de abatimento.

Sobre o CDP

O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos que provê um sistema global único para que as empresas e cidades meçam, divulguem, gerenciem e compartilhem informações vitais sobre o meio ambiente. O CDP trabalha com as forças do mercado, incluindo 767 investidores institucionais, para motivar as companhias e as cidades a divulgarem seus impactos no meio ambiente, assim como suas ações para reduzi-los. Atualmente, o CDP possui o maior volume de informações sobre mudanças climáticas e água do planeta e procura colocar estes insights na pauta das decisões estratégicas, dos investidores e das decisões políticas.

Sobre o CEBDS

Criado em 1997, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) tem o objetivo de formular soluções de desenvolvimento adequadas às necessidades presentes e futuras do país e à realidade global. Reúne 70 dos mais expressivos grupos empresariais atuantes no Brasil, responsáveis por 40% do PIB nacional e pela geração direta de 1 milhão de empregos. Em 2014, formulou e apresentou aos principais candidatos à presidência a Agenda CEBDS: Por um País Sustentável.

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