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Transformação na AL: é preciso viver a Saúde

Garantir a evolução que o setor precisa na região passa, invariavelmente, pelo conhecimento de causa 

*Por Tânia Machado 

A América Latina deve movimentar US$ 109 bilhões em receitas de Saúde neste ano, 15% a mais do que os US$ 94,6 bilhões do ano passado, segundo pesquisa da consultoria Frost & Sullivan. Sim, esses números chamam a atenção e são ótimos balizadores para nós, que montamos estratégias para o setor. Mas tem muitas coisas que cifras e grandes números não contam. É preciso experiência, conhecimento da realidade local. É preciso viver a Saúde.

Atuo no setor há mais de 15 anos e nos últimos quatro tive a oportunidade de interagir sistematicamente com CEOs de hospitais e operadoras em todo o Brasil, trocar experiências e conhecer estratégias de gestão. Felizmente, mais recentemente, esse contato expandiu-se para a América Latina, o que contribuiu ainda mais para aumentar essa bagagem. Após reunir-me com dirigentes da saúde, no Chile, voltei com a mala cheia de ideias, além de uma primeira dose de experiência, conhecimento da realidade e vivência local da Saúde.

Um primeiro ponto observado é que há algumas características comuns no setor, independentemente do país: envelhecimento da população, que leva ao já falando aumento de doenças crônicas; além de avanços tecnológicos, inovação de produtos e perspectiva de crescimento dos países que, juntos, representam os motores do crescimento do segmento. Além disso, há um consenso de que quatro iniciativas são cruciais para uma melhora no sistema: financiamento mais seguro para a saúde pública; gestão administrativa efetiva dos processos de mobilização de recursos (compra de material, contratação e capacitação de pessoas); gestão efetiva da assistência; e acompanhamento da evolução das tecnologias.

Falando especificamente sobre o Chile, o país passa por um momento de transformação. Espera-se que, após as eleições presidenciais, haja uma mudança no sistema privado de Saúde, que atende pouco menos de 20% da população. A lei vigente impede que seja implantada a gestão verticalizada, ou integrada, pela qual operadoras detêm, também, uma rede própria de atendimento. Como a remuneração no sistema por lá ocorre no modelo de pagamento por serviço, ou fee for service - assim como no Brasil - o sistema encontra fortes dificuldades de encontrar um equilíbrio que garanta os interesses dos prestadores e das operadoras (lá chamadas de Isapres).

O desafio de equilibrar o interesse entre prestadores e fontes pagadoras também é enfrentado no Brasil, onde o fee for service também impera. O tema é, inclusive, pauta de discussões de órgãos e agências reguladoras. Ainda não há uma resposta sobre o que será mais adequado, mas, sabemos, que do jeito que está, não dá para ficar.

Enquanto as mudanças não vêm, vamos acumulando vivência. E ganhando o que há de mais precioso em processos de transformação: conhecimento de mercado e entendimento da realidade local. Sem esquecer que, no fim, todo esse sistema só existe por um motivo: atender bem o paciente, lá na ponta final. Cifras gigantes podem ser representativas, mas não conseguem traduzir a relevância dessa missão.

Tania Machado é idealizadora e fomentadora do Business Club Healthcare (BCH), que mais recentemente evoluiu para BCH Latam e promove encontros mensais para relacionamento, conexão de interesses e troca de experiências entre CEOs de hospitais e operadoras para desenvolvimento da gestão e definição de melhores práticas

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