Técnicas em Química formadas na Etec criam fórmula sustentável para produção de baquelite
Alunas da Escola Técnica Estadual de Suzano reaproveitaram rejeitos de indústria para compor resina utilizada na fabricação de objetos, como cabos de panela, escapamentos e para-raios. Pesquisas duraram um ano no laboratório da unidade
Nathalia e Luma procuram investimento para comercializar a ideia/Divulgação |
O processo de fabricação desse material se dá a partir da mescla de alguns elementos, como o formaldeído e o fenol. Este último é de alta toxidade e oferece riscos durante sua manipulação. Para solucionar o problema e dar outro destino a rejeitos industriais, duas técnicas em Química recém-formadas na Escola Técnica Estadual (Etec) de Suzano pesquisaram e descobriram uma nova forma de fabricar o baquelite.
Luma Caroline da Silva e Nathalia Leite Ferraz criaram o projeto Resina Lignofenólica com uso de rejeito industrial, que venceu a categoria Tecnologia Química, de Alimentos, da Agroindústria e da Bioenergia na 10ª edição da Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), realizada em outubro.
O diferencial do produto, cujo desenvolvimento foi orientado pelo professor Cesar Tatari, está na substituição de parte do fenol pela lignina, um elemento químico encontrado nas plantas e descartado pelas indústrias que trabalham materiais fibrosos, como os do papel. Essa substância, que mantém a celulose ‘colada’ na estrutura das folhas, acaba se tornando um substrato da fabricação de papéis chamado licor negro.
“Essa troca faz com que tenhamos um produto economicamente viável e correto ambientalmente, pois estamos reutilizando resíduos da indústria”, explica Luma. O licor também pode ser extraído de outros elementos fibrosos, como a casca do coco verde, por exemplo.
Um ano de pesquisas
A chegada ao resultado não foi fácil. Nos laboratórios da Etec, as estudantes tiveram de testar técnicas para tornar a resina ideal para a fabricação de plásticos. Foi preciso um ano de pesquisas até que a resina fosse efetivamente utilizada na prática. “Por falta de metodologia na literatura, as alunas encontraram algumas dificuldades, especialmente para transformar o material em pó em uma das etapas”, aponta Tatari.
Segundo as estudantes, a fabricação do baquelite com a lignina chega a ser 30% mais barata do que a usual e apresenta a mesma qualidade. Uma empresa se dispôs a empregar o material em alguns objetos, como escapamento de carro e cabo de panela, e as peças puderam ser vistas na Feteps. O potencial de mercado existe, garante o professor. E o que está faltando, segundo ele, é apenas investimento.
“Precisamos de parcerias que nos doem o licor negro e financiamento para buscar a patente do nosso produto. Estamos estudando, também, a abertura de uma empresa para comercializar a nossa ideia”, diz Luma. Ela e Nathalia continuam trabalhando juntas e hoje fazem o curso de Processos Químicos na mesma faculdade.
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