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Cadeia de óleos essenciais, plantas aromáticas e medicinais é debatida durante a comemoração dos 130 anos do IAC

A cadeia de produção dos óleos essenciais, plantas aromáticas e medicinais foi debatida durante as comemorações dos 130 anos do Instituto Agronômico (IAC), quando foi realizado o 7º Workshop em Bioeconomia “Óleos essenciais, plantas aromáticas e medicinais”. O evento aconteceu nos dias 28 e 29 de junho de 2017, em Campinas, na Sede do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Como resultado do Workshop, foram traçadas ações para serem desenvolvidas dentro do setor até 2050, a fim de que a cadeia atinja o seu desenvolvimento socioeconômico, considerando a sustentabilidade da biodiversidade brasileira.

O evento, organizado pelo Agropolo Campinas-Brasil, reuniu pesquisadores científicos, além de representantes da indústria e agências de fomento estadual e federal. Segundo a pesquisadora do IAC e umas das coordenadoras do evento, Márcia Ortiz, os participantes debateram sobre como aproveitar a biodiversidade dentro da bioeconomia.

Foram abordados aspectos relacionados ao cultivo de plantas aromáticas e medicinais, desenvolvimento e uso de novas tecnologias para produção de novos fitoprodutos para as áreas de alimentos, saúde animal, controle de pragas e doenças agrícolas, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Os presentes avaliaram os desafios existentes no setor de óleos essenciais no Brasil, que, segundo a pesquisadora do IAC, caminha bem, mas tem gargalos a serem trabalhados nas esferas da pesquisa científica, empresarial e governamental. “Os aspectos regulatórios para acessar a biodiversidade estão entre os gargalos, além de problemas relacionados à interlocução entre o setor público e privado e as ações de fomento”, afirmou.

Márcia comentou sobre a dificuldade de ampliar o uso de tecnologias para agregar valor à produção. No IAC estão sendo desenvolvidos trabalhos no melhoramento genético convencional de plantas com análises inéditas de materiais para uso industrial nos segmentos de perfumaria, bebidas e defensivos agrícolas. “O IAC tem pesquisas nessa área desde a década de 50, temos competência científica e histórico de transferência para o setor.”

Pedro Melillo de Magalhães, vinculado ao Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que também coordenou o evento, afirmou que a bioeconomia faz parte de um movimento mundial, em que os workshops realizados pelo Agropolo estão inseridos. Já na abertura do evento, ele adiantou que seria feito um diagnóstico da situação atual e como isso deve se desenrolar nos próximos anos. “Precisamos mudar a ladainha que temos a maior biodiversidade e não temos os produtos”, disse.

O diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell, que é e presidente da Secretaria Executiva do Conselho Administrativo do Agropolo Campinas-Brasil, ressaltou que existe um projeto de políticas públicas, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), elaborado pelas instituições de pesquisa participantes do Agropolo, com o objetivo de fortalecer as relações institucionais. “O Agropolo traz esses parceiros para aproximar a pesquisa de quem nos demanda.”

Durante a abertura do Workshop foi assinado um memorando de entendimento entre o Agropolo e a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (FUNDAG), que tem o papel de viabilizar as parcerias estabelecidas pelas instituições. “A FUNDAG oferece suporte à gestão técnica-administrativa de projetos para tornar eficiente o uso do recurso público e privado e a transferência de tecnologias para o setor produtivo e a sociedade em geral”, disse o diretor-presidente da FUNDAG e pesquisador do IAC, Orivaldo Brunini.

Carbonell afirmou que o trabalho multidisciplinar e multi-institucional do Workshop resultará em oportunidades de intercâmbio, projetos de cooperação, ganhos de escala, desenvolvimento de novos nichos de mercado e trará novas expectativas para a exploração racional e sustentável da biodiversidade brasileira. “Os produtos de origem vegetal ganham novas aplicações ao serem empregados na agropecuária, na alimentação, na saúde e na cosmética, aumentando o potencial do uso econômico da flora nacional no desenvolvimento de produtos inovadores”, disse.

Brasil foi o maior produtor de óleo de menta com a cultivar IAC-701

Em 1949, o Instituto Agronômico desenvolveu uma nova variedade de menta — a IAC-701 — com maior produtividade e resistência, contribuindo para acelerar o crescimento da produção de menta. Com ela, o Brasil se tornou o maior produtor de óleo de menta.

A cadeia de óleos essenciais e extratos vegetais é um setor relativamente novo na agroindústria brasileira, pois era inexpressiva antes da II Guerra Mundial. Durante o conflito, o país iniciou a produção de óleos de menta, laranja, sassafrás, eucalipto, entre outros, como forma de suprir as demandas criadas.

Atualmente, o principal produto do segmento no Brasil é o óleo essencial de laranja, que representa cerca de 70% a 80% das exportações brasileiras. Porém, por ser um subproduto da indústria do suco, o valor agregado é muito baixo. “O país poderia alavancar sua vocação agrícola para obter relevância na produção de produtos com maior vantagem competitiva, como é o caso do eucalipto, em que o Brasil apresenta maior produtividade mundial”, afirma a pesquisadora do IAC, Juliana Rolim Salomé Teramoto. Outro indicativo positivo do setor é o crescimento constante no mercado de produtos agrícolas e veterinários.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, as iniciativas do Agropolo Campinas-Brasil colaboram com as empresas do setor publico e privado, que buscam construir parcerias para contribuir com o desenvolvimento da cadeia produtiva dos óleos essenciais, plantas aromáticas e medicinais. “A cadeia produtiva bem estruturada do campo à indústria otimiza investimentos e proporciona o retorno financeiro, como recomenda o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin”, afirma Jardim.

Agropolo Campinas-Brasil

Participam do Agropolo Campinas-Brasil a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do IAC, Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Instituto Biológico (IB) e Instituto de Zootecnia (IZ), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Prefeitura de Campinas, Unicamp, Techno Park Campinas – Associtech e Associação Agropolis International.

O conselho administrativo do Agropolo Campinas-Brasil é formado pelo prefeito de Campinas, Jonas Donizette, como presidente; reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, como vice-presidente; secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim; secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Márcio França, representantes do Techno Park Campinas, Miguel Gilberto Pascoal e José Luiz Camargo Guazzelli, e os representantes da Agropolis International,Bernard Hubert e Eric Fargeas.

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