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A tal primeira vez


*Por Claudia Elisa Soares

Impossível não me emocionar assistindo à final de Roland Garros no último domingo (13/jun) entre Stefanos Tsitsipas e Novak Djokovic. Não bastasse o espetáculo de uma final de Grand Slam, havia naquele jogo algo de muito especial: um candidato improvável de 22 anos contra o número um do mundo, que disputava seu 19o título de Grand Slam.

Deu a lógica, mas durante dois sets, Tsitsipas fez um jogo incrível. Abriu dois sets a zero e fez crer que poderia, sim, ganhar, pela primeira vez na vida, um título de Grand Slam.

Pela TV eu via aquele embate e pensava no que aquele jovem estava sentindo na quadra: a profusão de emoções e a ansiedade naquela também primeira oportunidade de um grego conquistar o saibro mais importante do mundo.

Pensei em mim, com minhas mais de cinco décadas de vida, enfrentando pela primeira vez um campeonato de squash - o que aconteceu também no último fim de semana.

Pode parecer boba ou presunçosa a comparação entre um jogo assistido por milhões de pessoas ao redor do planeta e o meu simples campeonato local de um esporte não tão popularizado. Mas acho que a ansiedade é a mesma.

É a tal primeira vez.

Tsitsipas perdeu bolas que, certamente, responderia com perfeição em qualquer outro jogo. No meu caso, eu parecia nunca ter treinado e me posicionei mal dentro da quadra.

Sempre há uma primeira vez pra tudo, mas confesso que não achava que, aos 53 anos, ainda teria algo que uma primeira vez me deixaria tão ansiosa.

Eu me desconectava do presente, pensava nos pontos que perdi, na posição errada na quadra, na bola de fundo que a adversária conseguia colocar ou rebater e para a qual minha técnica ainda não era regular.

O que fica claro pra mim é que para superar a primeira vez ou para qualquer momento em que haja um desafio muito grande – seja no esporte ou no mundo corporativo – o preparo mental e emocional é imprescindível.

Desafios no mundo corporativo para os quais nos preparamos, muitas vezes, se tornam intimidadores porque deixamos a ansiedade tomar conta. Isso é humano, mas pode ser melhorado.

Não basta um trabalho em que se desenvolva a técnica, é preciso também que a gente desenvolva as esferas mental e emocional. Embora eu faça vários trabalhos de autodesenvolvimento, foi muito interessante perceber que o campeonato de squash era algo para o qual eu não estava preparada.

E, sim, existe um trabalho específico nessas esferas no mundo dos esportes. Há profissionais que só trabalham com atletas, fazendo este tipo especializado de desenvolvimento.

Ao fim de tudo, é vivendo - e refletindo e jogando - que se aprende!

*Claudia Elisa Soares é membro do Conselho Administrativo da Tupy S.A, Grupo Roldão, Even, Havan e IBGC. Formada em administração de empresas, com MBA no INSEAD, fez cursos de extensão e aperfeiçoamento em Harvard, MIT, entre outros. Já atuou como C-level em Finanças, Gestão da Qualidade Total, RH, Marketing, Planejamento Estratégico, M&A e Desenvolvimento de Novos Negócios, em empresas como FNAC, GPA, Via Varejo, AMBEV, Votorantim Cimentos e EMS.

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