Contas digitais para o crime: O que a abertura delas tem a ver com o vazamento de dados pela Internet?
(*) Por Jorge Iglesias, CEO da Topaz, empresa do Grupo Stefanini focada em soluções financeiras de ponta a ponta
Os bancos digitais vêm crescendo de forma exponencial, e a previsão, de acordo com o Digital Banking Report 2020, é que, entre 2020 e 2025, o setor cresça a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 14,6%, alcançando o valor de 12,41 milhões de dólares. Se por um lado a notícia mostra o aquecimento deste setor, por outro acende um sinal de alerta, que precisa estar no radar dos bancos: com a facilidade de abrir uma conta digital com CPF, RG, nome dos pais e data de nascimento, alguns hackers estão se aproveitando das informações vazadas pela internet para abrir contas que, muitas vezes, são utilizadas para transferir valores roubados de outras pessoas.
Devido a essa dinâmica criminosa, os bancos enfrentam o desafio de continuar adquirindo clientes pela via digital, sem crescer o número de contas indevidas, voltadas para práticas de fraude. Mas como as instituições financeiras podem identificar movimentações suspeitas, se existe teoricamente a comprovação prévia dos dados?
Com o crescimento dos vazamentos de informações sensíveis e de sua utilização em práticas criminosas, algumas empresas especializadas no desenvolvimento de soluções financeiras inovadoras e robustas estão lançando ferramentas para analisar a base de dados cadastrais das contas, cruzando as informações dos bancos com aquelas de seu próprio ecossistema de prevenção de fraudes. A Inteligência Artificial (IA) assume um papel importante, sendo capaz de identificar sinais que possam levar a uma conta aberta para prática de crimes.
Entre as companhias que estão investindo em tecnologia com o objetivo de prevenir e reduzir problemas de abertura de contas digitais "fantasmas" está a Topaz, empresa do Grupo Stefanini, que acaba de lançar a solução OFD Onboarding Analyzer, capaz de analisar milhares de contas por dia. Como está presente em mais de 40 bancos no Brasil, a companhia utiliza seu big data, além de fontes de dados externos, em busca de padrões de relacionamento entre o portador do CPF e a instituição em que ele supostamente abriu uma conta. Nesse processo, são analisados milhares de parâmetros e critérios como, por exemplo, se o correntista tem o app do banco instalado no celular, se já realizou algum tipo de pesquisa sobre aquela instituição, se já teve o CPF vazado na internet, habitualidade de localidades, padrão de consumo, entre outros.
Além de detectar uma conta que pode ser utilizada para cometer algum tipo de crime, a varredura permite a otimização tecnológica, uma vez que as instituições gastam recursos financeiros para mantê-las abertas. Neste momento em que vivenciamos uma profunda transformação digital - o setor financeiro é um dos que mais investem em tecnologia no Brasil -, a tendência é que os bancos priorizem novas medidas de segurança para manterem a base de dados sempre saneada e com informações legítimas.
Ao utilizar sistemas como esse, é possível conciliar a higienização dos dados com a agilidade na abertura de contas, uma vez que o fornecedor de tecnologia poderá atuar na retaguarda, como um "guarda-costas" dos bancos. Isso significa menos burocracia para o cliente que deseja abrir uma conta digital, mais segurança para o cliente e para o banco, além de ser uma maneira de coibir ações fraudulentas que impõem uma série de prejuízos em toda a cadeia.
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