"Pensar em segurança é uma mudança cultural", comentam especialistas ao analisarem vazamento de dados de clínica em Cascavel
Evento on-line da Assespro-PR apontou medidas de proteção a serem adotadas por empresas, para estas estarem em conformidade e garantirem a segurança.
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Em plena crise causada
pela pandemia de Covid-19, a The Hack apurou o vazamento de 2,3 mil laudos de
pacientes de uma tradicional clínica médica da cidade de Cascavel (PR),
incluindo PDFs com resultados de colonoscopia e endoscopia. A investigação
averiguou que a instituição deixou de proteger um diretório do seu servidor
web. Desde 2013, mais de 13 bilhões de registros foram perdidos ou roubados,
segundo as estatísticas do site do Breach Level Index. Os exemplos, reais,
colocam em pauta uma realidade cada vez mais discutida: a segurança de dados.
“Estamos vivenciando
momentos pesados em relação ao vazamento de informações e as empresas ainda não
sentiram no bolso, mas logo sentirão, e verão como isso pode impactar na imagem
da empresa. Estarmos preocupados com a segurança deve ser uma constante”, disse
o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
do Paraná (Assespro-PR), Lucas Ribeiro, durante a abertura de mais um DevTalk - evento on-line
promovido pela entidade - cujo
tema foi a preparação dos times de desenvolvimento para o enfrentamento da
segurança.
Lucas Ribeiro, presidente da Assespro-PR
A pandemia, que colocou
o mundo em isolamento, aproximou as pessoas da tecnologia. Na hora da compra
virtual, lá vai o CPF para o cadastro do e-commerce. No pagamento, via
transferência, senhas e cifras são digitadas. O cotidiano é muito mais digital
e é justamente para evitar prejuízo às empresas e às pessoas que todo cuidado é
pouco: segurança é assunto sério e precisa ser implantada na rotina dos times
de desenvolvedores.
É isso o que propõe
Wagner Elias, profissional experiente na área, CEO da Conviso, empresa
especializada em segurança de aplicações e associada da Assespro-PR. “Os
incidentes ocasionam um grande impacto. Dados de privacidade das pessoas podem
ser vazados da empresa A e utilizados para ataques em várias outras. Por isso,
pensar em segurança é uma mudança cultural e exige uma série de práticas dentro
das empresas”, aponta. “Nós pensamos em segurança o tempo todo, no nosso
emprego, na nossa sociedade, para a nossa família, mas quando a gente fala em
tecnologia/sistema, a gente não pensa.”
No entanto, ao adotar
as medidas de proteção, é preciso cuidado. “O que a gente vê bastante são
empresas tentando buscar atalhos. Eles existem, se ganha tempo, mas não se pode
confundir conformidade com segurança. Segurança é muito mais que um selinho no
site para dizer que ele é seguro. Segurança é construir e não encontrar
vulnerabilidade para correção”, diz.
Uma solução com boa
resposta é o chamado DevSecOps, um conceito de integração DevOps (conjunto de
práticas que são focadas na integração e colaboração entre times de
desenvolvedores de software e outros profissionais de TI) e automação de
processos de segurança da informação. Isso garante a oferta de software seguro
sem comprometer a velocidade de entrega ou a qualidade da colaboração que os
modelos ágeis impõem às equipes. “As empresas passaram a enfrentar pressões
para aumentar a velocidade de entrega de seus sistemas, e ter métodos de
desenvolvimento seguros e flexíveis é o melhor caminho.” Em um panorama em que
mais de 60% dos programas não apresentam os pré-requisitos de segurança básicos
(dados da Conviso), o DevOps vem ganhando destaque. Tudo, a partir da automação
de rotinas e integração de times.
A agilidade em dar essa
resposta com boa segurança é real. Elias, ao relembrar os pilares do Manifesto
Ágil (formato de gerenciamento que nasceu em 2001 nos Estados Unidos), destacou
um em especial: “torne a segurança um pré-requisito”. O CEO lembra que a
segurança não deve ser um processo paralelo ao desenvolvimento do projeto, mas,
sim, em conjunto, sob a responsabilidade de todos e não apenas do time de
programação. “Todos têm que ter o mesmo objetivo, que é o de construir
softwares de qualidade.”
A má notícia é que,
embora existam mecanismos de proteção, não há uma receita pronta para garantir
segurança. Nas grandes empresas que investem milhões ou nas pequenas que
aplicam milhares, sempre haverá risco. A diferença é que existem empresas mais
maduras do que outras. A máxima é uma só: cliente. Afinal, todos os esforços de
entrega de bons e seguros produtos são direcionados a ele.
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