A Reforma do Imposto de Renda e o setor de construção civil
Para o jurista Alexandre Aroeira Salles, o Brasil precisa ter universalização tributária
A Câmara dos Deputados prorrogou pela
segunda vez a votação do projeto de lei de reforma do Imposto de Renda. A pauta
seria votada na última terça-feira (17), após ter sido adiada no último dia
(12) a pedido das lideranças partidárias por falta de consenso no texto. Por
390 votos a 99, os parlamentares aprovaram um requerimento do PSOL para retirar
a matéria de pauta.
O texto do relator Celso Sabino
(PSDB-PA), altera a legislação tributária com medidas como o reajuste da faixa
de isenção para fins de Imposto de Renda, a cobrança do tributo sobre lucros e
dividendos distribuídos pelas empresas aos acionistas, moderação do Imposto de
Renda das empresas e o cancelamento de alguns benefícios fiscais.
Um dos setores que serão impactados pela
proposta é o setor da construção, que vai sofrer alterações do imposto de renda
nos termos do projeto de lei, e do PIS E COFINS para instituir a Contribuição
Social de Bens e Serviços (CBS). O projeto de lei 3.887/20 em trâmite no
Congresso, pode afetar diretamente o setor da construção civil, principalmente
com o aumento do PIS e COFINS dos atuais 3,65% para 12%.
A categoria de serviço com o acréscimo
de tributação, será muito prejudicada, caso seja aprovada. O setor da
construção civil pode ter um aumento de 8%, principalmente para os pequenos
empreiteiros.
Para Alexandre Aroeira Salles, doutor em
Direito e sócio fundador do Aroeira Salles Advogados, “a decisão é totalmente
mal conduzida pelo Governo Federal, e aparentemente pela Câmara dos Deputados
que acabou comprando essa pseudo
reforma tributária, que afeta o setor produtivo. Inclusive a perspectiva que
tínhamos era que havia uma reforma para gerar simplificação tributária e
segurança jurídica, que são dois pilares para o Brasil conseguir fazer
investimento sustentável de médio e longo prazo, tanto investimento com
recursos nacionais quanto investimento com recursos internacionais. Para que
isso pudesse ocorrer nós precisávamos fazer uma reforma completa, para que
todos enxergássemos começo, meio e fim”, afirma.
“O que o governo está tentando
fazer é uma reforma em episódios, que você não tem a dimensão do capítulo seguinte,
ele para piorar, ao invés de fracionar mais começando com a redução da carga
tributária, ele propõe exatamente o oposto, colocando no primeiro episódio o
aumento da carga tributária com a expectativas que todos nós do setor
produtivo, que suportamos esses estado caríssimo, como se nós tivéssemos que
aplaudir o segundo episódio que ele ainda não acabou de inaugurar o roteiro,
trazendo um redução que compensará o aumento da primeira carga
tributária. Ou seja, é uma insegurança monumental, ela não gera simplificação
pelas estruturas pensadas nessa reforma do Imposto de Renda. O que nós
precisamos é ter uma universalização tributária no Brasil, sem tamanha divisão
e distinção entre setores da atividade econômica, temos outras formas de
fomentar a atividade econômica que não seja alimentar por meio desse emaranhado
burocrático, complexo e injusto tributário brasileiro”, finaliza Alexandre.
Sobre o Aroeira Salles
Com mais de 20 anos de atuação, o
Aroeira Salles Advogados está presente em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília,
Rio de Janeiro e Londres, auxiliando empresas de diversos segmentos na gestão
de projetos e em demandas complexas envolvendo contratos de infraestrutura.
Também possui experiência na assessoria na implantação de programas de
compliance, na realização de investigações corporativas e na celebração de
acordos de leniência nacionais e internacionais.
Nenhum comentário