Atividades entre estudantes é fundamental para evitar o bullying
Um dos problemas mais graves que afetam
as crianças e os adolescentes, prejudicando a vida escolar e a saúde mental dos
jovens, é o bullying, que não deve ser tolerado pela sociedade. Ao tratarmos o
assunto nas instituições de ensino, percebemos que ainda é rodeado de muitos
preconceitos, levando-nos a dar uma importância menor do que o necessário.
Caracterizado pela permanência das ofensas, é neste ambiente que ele deve ser
abordado com frequência, de forma a gerar uma identificação entre os pares e o
reconhecimento e validação das habilidades do outro.
Ao levarmos este debate para as salas de
aula, é comum ouvirmos frases dos pais como ‘isso é frescura’ ou ‘no meu tempo
todo mundo implicava com todo mundo e ninguém ligava’. Entretanto, as duas
frases não condizem com a gravidade da situação para quem é vítima. A Lei nº
13.185 de 2015 considera o bullying como uma intimidação sistemática, ou seja,
“todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que
ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou
mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e
angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes
envolvidas”. Dessa forma, para que uma ação seja considerada como tal, ela deve
ser repetitiva e não apenas eventual.
As instituições de ensino possuem a
obrigação legal de assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e
combate à violência e à intimidação sistemática, embora muitas ainda tomam
ações concretas apenas quando acontece na forma de ataques físicos, insultos
pessoais, apelidos pejorativos, ameaças por quaisquer meios ou expressões
preconceituosas. Na Luminova, por exemplo, o tema é abordado frequentemente e
os alunos são agrupados ora por competências afins, ora pela heterogeneidade do
perfil de aprendizagem. O objetivo é criar a identificação entre os pares e
validar as habilidades do outro como meio de colaboração, o que é fundamental
para que haja o respeito. Em casos mais severos, é investigado a origem,
convocando, além da equipe pedagógica, também a família desse aluno, a fim de
passar a orientação correta e fazer um acompanhamento mais próximo.
Estes, inclusive, devem ser atuantes na
vida escolar e estarem atentos aos comportamentos dos jovens, pois serve tanto
para identificar vítimas, quanto agressores. Se a família perceber que seu
filho é o perseguido, deve recorrer à administração o quanto antes para buscar
uma solução conjunta. No caso do estudante ser aquele que comete os ataques,
além de buscar a ajuda da instituição, deve também orientá-lo dentro de seus
valores, indicando que esse comportamento é inadequado e que pode gerar
consequências nocivas para todos os envolvidos, desencadeando, em alguns casos,
o suicídio.
E é preciso atenção, também, mesmo
quando esses eventos extrapolam os muros ou ocorrem pela Internet, pois, o que
envolve os alunos, é responsabilidade do colégio e seus gestores. O ambiente,
para ser saudável para todos e livre de práticas nocivas como o bullying, deve
ser construído através de projetos que envolvam toda a comunidade. Os
estudantes, professores e inspetores devem se sentir seguros para denunciar os
agressores, que, por sua vez, devem ser tão acolhidos quanto as vítimas, pois
muitas vezes reforçam comportamentos que sofrem dentro de casa ou traumas que sofreram
na primeira infância.
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Diretor da rede de Escolas Luminova, Yan Navarro é doutor em Didáticas
específicas pela Universidade de Valência, na Espanha, e doutor em Geografia
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. |
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