Fábrica de Graffiti colore João Monlevade e entrega maior empena grafitada no interior de Minas Gerais
Patrocinado pela Fundação ArcelorMittal, o projeto de democratização da arte de rua reuniu 14 artistas para pintar 2.000m² de muro e transformar o cotidiano da cidade
A cidade de João Monlevade ganhou
mais vida. Nos meses de julho e agosto, a área industrial e cinza da cidade
recebeu a visita inusitada de 14
artistas que realizaram a pintura de 2.000m² de muros e uma empena de 18m de altura e 50m de
comprimento, a maior já grafitada no interior de Minas Gerais.
O projeto, patrocinado pela Fundação
ArcelorMittal por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura,
é uma realização da Fábrica
de Graffiti, que tem o objetivo de democratizar a arte e
humanizar distritos industriais por meio da arte urbana, e que, em sua missão,
já passou por Contagem (MG), Feira de Santana (BA) e Barra Mansa (RJ). A quarta
edição do projeto também contou com uma programação cultural paralela para
integrar a comunidade no saber e no fazer da arte do graffiti e tudo foi
realizado atendendo às normas de segurança relativas à pandemia de Covid-19.
Além da excelência técnica, os artistas
convidados – Alberto Tadeu
(Tot), Barbara Daros, Bruna Ferreira Gonçalves (Pimenta), Bobylly, Fernando dos
Santos (Fhero), Gabriella Biga, Kaká Chazz, Lídia Viber, Mariana Marinato,
Pedro Stryper, Sâmela Moreira, Sérgio Ilídio, Silvana Assunção (Sil) e Thiago
Moska – colocaram identidade e alma em suas obras, que contaram
desde a história da família criada em João Monlevade, passando pela relação
pessoal com a dislexia, até múltiplos olhares sobre o universo feminino e o
meio ambiente.
Empena de 18m x 50m pintada pelo projeto
Fábrica de Graffiti, na siderúrgica ArcelorMittal, em João Monlevade (MG)
Do papel ao muro, 400 mil litros de tinta
e 2 mil latas de spray
foram utilizados, e a arte desenvolvida por cada artista ganhou novas nuances
ao se conectar às artes dos demais, por meio de esquemas de cores e elementos
visuais que transpassam as obras. O trabalho simultâneo e conjunto deu harmonia
à união de diferentes temas e estilos e transformou cada arte em algo novo e
surpreendente.
Nesse período, o graffiti se tornou o
grande assunto da cidade. A produtora executiva da Fábrica de Graffiti, Paula
Mesquita Lage, conta que “o
projeto virou ponto turístico, as pessoas vinham fazer fotos, assistir à
produção das pinturas, se tornou até o ponto de parada de um grupo de
ciclistas. Recebíamos agradecimentos como ‘olhar para essas artes vai melhorar
meus dias de trabalho’, isso representa uma mudança radical no cotidiano dessas
pessoas. Cidades industriais são carregadas e conseguimos trazer leveza a mais
uma delas. Estamos muito felizes com a recepção da comunidade de João
Monlevade!”.
Após João Monlevade, a Fábrica de
Graffiti segue para Murtinho, no interior de Minas Gerais. Em parceria com a
MRS Logística, o projeto vai pintar um vagão de 100m² em setembro de 2021.
Envolvendo a comunidade – Como nas edições anteriores, o
projeto incluiu ações para estimular a cena do graffiti na cidade e fazer uma
integração com artistas locais. O grafiteiro e arte-educador da Fábrica de
Graffiti, Gabriel Skap, realizou uma palestra
na Casa de Cultura de João Monlevade com o tema “Introdução ao Graffiti”, abordando a
história da arte urbana, suas técnicas e desmistificando a relação entre picho
e graffiti. Com o sucesso da palestra e lotação máxima, o encontro educativo
foi realizado mais uma vez para que mais pessoas pudessem participar. Também
foram organizadas visitas
técnicas ao local de produção dos graffitis. Os participantes
eram acompanhados por um integrante da equipe da Fábrica de Graffiti, que
explicava o projeto, e tinham a oportunidade de conversar com os artistas para
conhecer seu processo criativo.
A ação de encerramento levou dez artistas locais para grafitar
espaços públicos junto a artistas do projeto da Fábrica de
Graffiti, um momento de trocas, aprendizagem e oportunidade de colocarem sua
arte na rua. Localizadas no centro da cidade, a Praça do Povo e a Casa de
Cultura de João Monlevade ganharam novas cores e novos significados nas mãos
desses jovens artistas.
Artistas participantes da 4ª edição do
projeto Fábrica de Graffiti – João Monlevade (MG)
- Barbara Daros (Belo Horizonte,
MG) - Mulher artista multimídia,
parte da pintura em direção a diferentes linguagens artísticas. Trabalha
com diversos suportes, desde o corpo, com a tatuagem e a dança, até as
telas e muros. Pesquisa a linguagem da abstração, do movimento da forma e
da cor, em um universo de sistemas e relações orgânicos. @barbaradaros_
- Gabriella Biga (Belo Horizonte,
MG) - Desde criança já tinha a
criatividade de desenhar, quando conheceu a cultura hip hop em sua
adolescência na região Noroeste de BH. Começou no graffiti em 2011 fazendo
"bombs" e, desde 2013, vem trabalhando uma linha artística com
seus pássaros e traços com inspirações e influências na psicodelia,
natureza e seu cotidiano. Atualmente mantém sua essência fazendo letras e
seus desenhos pela cidade. Participou de diversos coletivos e eventos,
como Movimento Gentileza, Instituto Amado, Encontro Nacional Graffitação,
Duelo de MCs, e Telas Urbanas. É ganhadora do primeiro "Confronto
Urbano - Duelo de Tags". @gabriellabiga
- Bruna Pimenta (Ribeirão das
Neves, MG) - Teve seu primeiro contato com a
cultura hip hop em
2007, na escola onde estudava, através do graffiti, se estendendo alguns anos depois
para o breaking.
Hoje é pedagoga em formação, educadora social, b-girl e grafiteira. Trabalha com produção
cultural ao hip hop,
buscando a potencialização da mulher e a valorização da cultura negra. Tem
construído iniciativas de empoderamento para jovens e mulheres da
periferia, visando a democratização e descentralização do direito à arte e
à cultura. Participou do Festival Cura, do Circuito Municipal de Cultura,
foi uma das empreendedoras premiadas pelo Projeto Corre Criativo do
Fa.Vela. É integrante da Nunca
fui Barbie crew e Ladies
letters crew. @pimenta_one
- Sãmela Moreira (Timóteo, MG)
- É
arquiteta urbanista por formação e artista por instinto, dedicação e
coragem. As diversas telas são cúmplices de uma mulher que resolveu voltar
a rabiscar, imaginar e literalmente ‘riscar’ paredes. De porcelanas
delicadas ao concreto bruto, o seu principal objetivo é tocar a vida do
outro por meio da sua arte. @samelamoreira.art
- Fernando Pinto dos Santos,
Fhero (São Paulo, SP) - Paulista de nascença e mineira
de coração, deu início a sua carreira no graffiti em 1997. E desde sempre
as letras estiveram presentes em suas criações, por influência das tags –
tipografia originária do graffiti. Tudo isso mesclado com uma paleta de
cores fortes e contrastantes. Seus trabalhos buscam dialogar com o
cotidiano das pessoas. Tem em seu currículo exposições solos e exposições
coletivas. Faz parte de um dos grupos mais influentes do cenário nacional
e internacional de graffiti, a “PDF CREW” e com ela tem murais e
exposições espalhadas pelo Brasil. Participou de eventos de graffiti no
Chile e na Colômbia. E no início de 2019 pintou a fachada de um shopping
popular do centro de Belo Horizonte, o Xavantes, totalizando 1.200 metros
quadrados de pintura. Atualmente o artista reside em Belo Horizonte.
@fhero.pdfcrew
- Kaká Chazz (Três Pontas, MG) - A
paixão pelo desenho sempre esteve presente em sua vida, e desde a sua
infância mostrava predisposição para o desenho. Sua obra é influenciada
pela pintura clássica, contemporânea e Street Art. Outra influência muito
forte em sua obra é a presença da retratação da cultura mineira, onde
busca inspiração nas histórias de pessoas, formas e cores da região para
suas criações. Começou a pintar nos muros em 2008. Seus murais estão
espalhados por vários estados do Brasil. Kaká Chazz se intitula o Semeador
de Arte, por isso as sementes estão presentes em todas as suas obras.
@kaka.chazz
- Silvana Assunção (Ipatinga, MG)
- Desde criança se interessou por desenhos, cores e
técnicas de pintura. Quando entrou para a faculdade de arquitetura,
ampliou possibilidades de ilustração. Assim, Sil começou a fazer artes em
paredes internas e externas representando a fauna e a flora. Já participou
de eventos culturais e do Coletivo-Pé-de-Cabra, foi integrante dos
projetos Histórias Bordadas e Contos e Pontos, do Programa Mais Cultura
nas Escolas. @sil.estudio
- Ana Carolina (Belo Horizonte,
MG) - Bobylly, como é conhecida, é
mineira de Belo Horizonte e tem no sangue muita criatividade que herdou da
sua família de artistas. Desde criança já se arriscava nos desenhos. Em
2018 iniciou seu trabalho em pontilhismo, assim como seu primeiro
graffiti, Sempre inovando e preocupada com o meio ambiente, ela transforma
materiais geralmente vistos como lixo em ferramentas para as suas
pinturas. @_bobylly
- Mariana Marinato (Belo
Horizonte, MG) - Nascida na capital
belo-horizontina, respira arte. Estudante de artes plásticas, também
trabalha com pintura em tela, desenho, ilustração, tatuagem e graffiti,
sendo esta sua grande paixão. Foi na pintura das ruas que Mariana
despertou um olhar curioso sobre os suportes deteriorados da cidade e se
sentiu realmente à vontade para expressar seu trabalho lúdico e afetuoso,
capaz de despertar poesia às pessoas que passam pelas ruas.
@marianamarinatos
- Alberto Tadeu (Contagem, MG) -
Tot, seu nome artístico, teve seu primeiro contato com o graffiti no ano
2000. Especialista em técnicas de realismo, 3D e cenários, Tot também é
agente cultural, promovendo oficinas e painéis temáticos. Ao longo da sua
carreira, já participou de diversos eventos de graffiti pelo país, além de
alguns trabalhos divulgados em revistas no Brasil e no exterior.
Atualmente, Tot é integrante do grupo nacional de 3D @pdfcrew_ . Nas redes
sociais ele é @totpdfcrew
- Sérgio Ilídio (Belo Horizonte,
MG) - Mago dos stencils, é artista
visual autodidata nascido e criado em BH. Atua na cena do graffiti desde
1998 com a estética desenvolvida a partir da técnica de stencil, além de
trabalhar também como tatuador. Suas criações têm como temática principal
o retrato de representatividades regionais, culturais e personalidades.
Sua família é de João Monlevade, desta vez ele vai representar a sua
própria história, que é ligada à história da siderúrgica. @sergio_ilidio
- Thiago Moska (Janaúba, MG) -
Seu nome é Thiago, mas é conhecido como Moska por onde passa. Residente de
Ipatinga, permeia seus trabalhos entre os estilos pop arte e realismo. Com
experiência em Graffiti há mais de 15 anos, e vivendo exclusivamente da
sua arte há 10 anos, teve o seu primeiro contato com o meio ainda na
escola. @thiagomoska301
- Pedro Stryper (Governador
Valadares, MG) - Pedro Henrique, mais conhecido
como Pedro Stryper, atua na cena há mais de 10 anos. A paixão pelos tons
marcantes do preto e cinza vem do cinema, principalmente de filmes em
preto e branco, onde essa combinação de cores é fundamental para a
expressão dos personagens. A paleta de cor dos seus trabalhos é essencial
para a conexão das pessoas com sua arte. O realismo e a tatuagem são
influências fortes no seu trabalho. @stryperpedro.
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