O impacto do Alumínio na indústria naval
A indústria naval está presente no Brasil
desde os tempos coloniais. A posição geográfica das terras brasileiras e a qualidade
da madeira e de recursos do país, fizeram com que os portugueses, ao chegarem
no país, instalassem estaleiros, tanto para reparações de embarcações, como
para a construção de novos transportes marítimos. Hoje, mais de 500 anos
depois, este segmento tem buscado seu espaço na economia brasileira, sendo uma
das grandes portas para geração de empregos no país.
Um levantamento realizado pela IPEA –
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, apontou que, de 2004 a 2014, o
segmento registrou um crescimento de 19,5% ao ano. Este cenário, resultou na
construção de 600 mil embarcações e também na criação de 80 mil empregos
diretos e 400 mil indiretos, segundo dados da SINAVAL – Sindicato Nacional da
Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore.
Apesar dos índices positivos nos anos 2000,
o segmento enfrentou uma crise, e ainda de acordo com a SINAVAL, de 2014 para
cá, os postos de trabalho da área diminuíram mais de 80%, e, hoje temos menos
de 15 mil empregos nos estaleiros do país. Neste contexto, o grande desafio
para indústria naval tem sido retomar o papel de destaque na economia nacional.
Para isso, outros braços do mercado como a siderurgia e a metalurgia, têm sido
fundamentais para o desenvolvimento do setor, a partir da produção de ligas
metálicas como o Alumínio,
utilizadas como matéria-prima na construção de embarcações.
Principais aplicações do Alumínio na
indústria naval
Para o segmento naval, a versatilidade e a
variedade das aplicações do Alumínio, faz com que o metal saia na frente em
comparação com os demais concorrentes, como o Aço, por exemplo. O Alumínio pode
ser empregado desde a parte estrutural de embarcações de pequeno e médio porte,
ou até mesmo, no acabamento interno de qualquer embarcação, com a utilização
dos laminados e perfis extrudados de Alumínio, incluindo perfis derivados de
tarugos que constituem os mastros de navios e barcos.
As possibilidades de aplicações do metal
são diversas. O Alumínio pode aparecer ainda como artigo decorativo e em
estruturas leves de interiores, em perfis de acabamento em barcos e lanchas, e
até em detalhes mais mecânicos, como painéis de controles, instrumentação,
compartimentos e sistemas de refrigeração e outras aplicações menores onde se
requer resistência à corrosão e boa condução térmica.
Além disso, na estrutura de embarcações
náuticas, como o casco, por exemplo, o metal também é utilizado em suas ligas
especiais em embarcações de pequeno e médio portes, como lanchas e barcos.
Contudo, não é o material mais utilizado com essa finalidade, uma vez que sua
utilização é mais onerosa comparado aos materiais concorrentes. Em
contrapartida, apresenta grande vantagem de durabilidade.
Quais são os benefícios do Alumínio para a
indústria naval?
A leveza é um traço fundamental para o bom
funcionamento de um meio de transporte aquático. Nesse quesito, o Alumínio se
sobressai em comparação com os outros materiais. Por tratar-se de um metal
extremamente leve, traz ganhos sustentáveis significativos, ao gerar
menor carga de poluentes na atmosfera e promover maior economia de combustível,
nada diferente da forma que vemos o Alumínio em outros setores da economia.
A boa resistência à corrosão -
característica intrínseca do Alumínio - e a maior durabilidade também são
características que justificam a escolha do metal na indústria naval. Um
exemplo que comprova a superioridade do metal no setor, é a experiência narrada
por Amyr Klink, velejador brasileiro conhecido por suas viagens à Antártida.
Klink relata que seu barco (desenvolvido com propriedades do Alumínio),
suportava um número de viagens bem maior do que os dos velejadores de outros
países, que precisavam trocar suas embarcações com mais frequência.
O fato é que o Alumínio tem dominado
diferentes esferas da economia mundial. Não é difícil encontrar este metal nas
áreas de construção, refrigeração, automotivo e eletricidade, além de, é claro,
espaços com maior tecnologia, como o setor aeronáutico e aeroespacial. Na
indústria naval o cenário não seria diferente. Diante disso, é preciso
estimular cada vez mais o investimento do Alumínio no segmento naval, para que
assim, esses dois setores possam caminhar juntos para suprir as necessidades
mais exigentes do mercado.
Luiz Henrique Caveagna é Diretor Geral da Termomecanica,
empresa líder na transformação de cobre e suas ligas.
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