Relatório aponta tendências para a recuperação do turismo brasileiro
CEIC Data, da ISI Emerging Markets, divulga nesta semana os principais fatores negativos e positivos para o setor nos próximos meses
São Paulo, setembro de 2021 – A crise da Covid-19 teve um impacto
inicial muito forte no setor do turismo, e tanto as receitas das atividades
turísticas como os gastos dos turistas no país sofreram uma forte queda. Para
analisar os impactos no setor e as próximas tendências, a CEIC Data, do Grupo ISI
Emerging Markets, divulga nesta semana o relatório A Recuperação Gradual do Turismo no Brasil.
Tendências no Transporte Turístico e o
Impacto da Covid-19
O relatório aponta que a demanda por
transporte aéreo com origem e destino no Brasil foi severamente atingida em
2020, quando a crise da Covid-19 e as restrições que a acompanharam afetaram o
comportamento dos consumidores, assim como os planos de muitas pessoas para
viagens de lazer. Segundo dados da Associação Brasileira das Operadoras de
Turismo (BRAZTOA), entre abril e maio de 2020 a demanda por voos para fins
turísticos despencou em mais de 90%. De acordo com dados publicados no anuário
da associação de 2021, enquanto em 2019 os operadores turísticos tinham uma
receita acumulada de cerca de US$ 3 bilhões, em 2020 a receita mal chegou a US$
800 milhões.
Segundo nota do presidente da BRAZTOA,
as oscilações do câmbio foram outro dos principais motivos da queda
significativa do número de turistas brasileiros no exterior em 2020. No último
pregão do ano, o real havia perdido cerca de 29% de seu valor em relação ao
dólar americano – uma das tendências negativas mais fortes em todo o mundo devido
à pandemia. O real brasileiro foi negociado na maior baixa de todos os tempos
de R$ 5,94 por US$ em 14 de maio de 2020.
“Como resultado, viajar tornou-se
significativamente mais caro para os brasileiros e, em última análise, muitas
pessoas optaram por não prosseguir com seus planos de viagem devido ao aumento
dos custos de viagem e de estadia”, afirma o Research Economist para o Brasil
da CEIC Data, Adriano Morais.
Forças Restritivas do Setor Turístico do
Brasil
De acordo com o relatório, desde março
de 2020, vários fatores têm afetado negativamente o setor de turismo, muitos
deles como consequência direta da estratégia dos governos para gerenciar o
surto da Covid-19, que parece estar se encaminhando para uma quarta onda desde
o início da pandemia. As medidas restritivas relacionadas à pandemia resultaram
em muitas mudanças no comportamento do consumidor e dos negócios e afetaram o
setor do turismo e a economia como um todo.
Para o economista da CEIC Data, a
desestabilização da economia global devido à pandemia, bem como as disrupções
no comportamento do consumidor e as tendências de reduções nas viagens,
combinadas com as restrições às atividades econômicas não essenciais implementadas
pelo governo brasileiro desde a segunda quinzena de março de 2020, resultaram
em um declínio significativo na produção e na demanda do consumidor, bem como
uma redução dramática no influxo de turismo do exterior.
“Todos esses fatores, combinados com as
múltiplas ondas da Covid-19 ao longo do último ano e meio, o número crescente
de infecções e mortes e os esforços contínuos do governo brasileiro para
administrar a crise e tentar fornecer algum alívio nos negócios impactados
pelas restrições, resultaram em uma desvalorização sem precedentes da moeda
nacional”, afirma.
Além disso, após os preços baixos dos
combustíveis em 2020, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) mostram um aumento nos preços no início de 2021, que pesou ainda mais
sobre as chegadas de turistas, uma vez que as companhias aéreas aumentaram seus
preços para compensar os custos crescentes. As estatísticas mostram um aumento
de 42% ano a ano nos preços médios das passagens aéreas em julho de 2021.
O caminho para a recuperação
O relatório aponta ainda que, mesmo com
todas as tendências pessimistas do setor de turismo brasileiro e da economia em
geral desde o início da pandemia da Covid-19, as expectativas são de que a
economia comece lentamente a se recuperar e os dados recentes corroboram essas
expectativas.
O crescimento do PIB aumentou para 7,71%
trimestre a trimestre no terceiro trimestre de 2020 e tem desacelerado desde
então, alcançando lentamente os níveis pré-pandêmicos. “Isso é esperado devido
ao aumento exponencial do ritmo de vacinação no país, à lenta recuperação do
setor privado e à expectativa de um fluxo turístico durante os meses de verão e
no fim do ano durante as férias de Natal”, afirma Morais.
No final de 2020, o Tripadvisor lançou
sua pesquisa The Future of Travel, que mostrou resultados promissores para o
turismo internacional e doméstico para e dentro do Brasil. De acordo com a
pesquisa, cerca de 44% de todos os brasileiros entrevistados planejam viajar
para o país dentro dos próximos sete a doze meses e cerca de 55% deles disseram
que gostariam de visitar novos destinos dentro de suas respectivas regiões.
“É claro que, embora os resultados deem
motivos para certo otimismo, se os turistas agem de acordo com suas intenções
ou não depende de múltiplos fatores, como a segurança sanitária, o andamento da
campanha de vacinação e a estabilidade da moeda nacional, finaliza o
economista.
Sobre a CEIC
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premium com mais de 7 milhões de séries macroeconômicas e setoriais. Utilizada
no mercado por grandes bancos, consultorias, gestoras de recursos,
universidades e empresas, possui uma ampla cobertura de mais de 200 economias,
como China, Brasil, América Latina e países desenvolvidos.
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