A importância da engenharia para a renovação nacional
Allen Habert*
O País caminha para uma
mudança de pele. As instituições, entidades e movimentos sociais que
representam interesses legítimos de setores da sociedade precisam acompanhar,
renovar-se e impulsionar as mudanças.
A democracia
representativa e participativa que emergiu dos ventos e sonhos do processo
democrático e constituinte da década de 80 atravessou aos trancos e barrancos
40 anos de caminhada.
Somos herdeiros do
legado do pensamento que construiu esta Nação nos últimos 200 anos de
independência inacabada do Brasil. A engenharia é uma parte exponencial e
sofisticada do nosso enorme capital cultural. Para construir uma plena
democracia descobriu-se tardiamente que é necessário ter muita engenharia
engarrafada em seu seio. Ou seja mais democracia é mais engenharia. Distribuir
os benefícios advindos da revolução tecnológica à toda a população em termos de
moradia, segurança alimentar, saneamento ambiental ,energia, banda larga,
transportes e mobilidade dependem de uma democracia poderosa e uma engenharia
com um laço social voltada a resolver problemas aparentemente sem soluções de
forma criativa. Por onde se passa tem trabalho da engenharia. Do porto ao
aeroporto. Do grão ao avião. Em todas as cadeias produtivas. Isto são
inteligências coletivas lincadas e articuladas.
A força e o poder dos
países medem-se pela capacidade da sua engenharia do projetamento. Da
capacidade de formarem profissionais da área tecnológica, requalificados
permanentemente, voltados a fazerem bons diagnósticos, resolverem problemas e
planejarem o desenvolvimento sustentável. Sob uma biosfera de uma coordenação
ética da sociedade voltada a combater as desigualdades, promover a vida e o bem
viver. Esta é a senha para o século 21 ultrapassar o século 20 e salvar a
humanidade da sua inviabilidade.
Reinventar o Brasil é
um desafio de nossa geração. Construir uma nova civilização sob os trópicos,
como vaticinava Darcy Ribeiro, dependerá de atravessar-se este nosso deserto
atual. Potencializar o que se faz bem e reconstruir o que foi desmontado é uma
receita já testada no pós-guerra em todas as épocas.
O movimento Engenharia
pela Democracia criado recentemente propõe-se a constituir estes ventos na
caravela da esperança. Unir todas as pontas constitutivas da engenharia,
repensar criticamente o passado e reprojetar o futuro. Apostar na ideia de que
nos 200 anos da nação brasileira e no centenário da Semana de Arte Moderna os
construtores do século 21 entreguem este continente Brasil melhor do que o
receberam.
*Allen Habert foi
presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, membro do
Conselho Universitário da Unicamp,é coordenador do projeto Brasil 2022 e um dos
animadores do movimento Engenharia pela Democracia.
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