O apagão das principais redes sociais revelou parte de uma sociedade nomofóbica, revela neurocientista
Durante
o caos tecnológico desta segunda-feira, muita gente sentiu sérios problemas por
ficar distante das redes sociais. O neurocientista Fabiano de Abreu alerta
sobre os riscos para a sociedade esta dependência cada vez maior dos conteúdos
digitais.
O apagão das redes sociais nesta segunda-feira revelou um caos muito além de
uma questão tecnológica. Tanto que o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo
Fabiano de Abreu,
conta que “este período permitiu observar uma sociedade cada vez mais
dependente dos conteúdos digitais, o que pode trazer sérios riscos para sua
saúde física e mental”. Além disso, “as pessoas tiveram que passar horas sem
acesso aos seus conteúdos digitais favoritos e muitos revelaram o quanto estão
dependentes destas ferramentas”, destaca.
Mediante a este acontecimento, Fabiano monitorou o comportamento das pessoas
durante e após a volta destas redes sociais. “Se enquanto durava o apagão a
pessoa pegou no celular para buscar constantemente algo para fazer ou analisou
se já havia voltado. Se a pessoa buscou outras redes sociais, isso já serve de
alerta para um possível vício. A depender do grau que isso afetou, revelando o
tamanho do problema”, acrescenta.
É preciso lembrar que a pouco tempo atrás não existia essas redes sociais e a
sociedade vivia normalmente. “O que acontece hoje com o comodismo para que não
consiga usar outros meios e argumentos no cotidiano, está relacionado a um
cotidiano que formatou o cérebro mediante a uma dependência”, argumenta o
neurocientista. Para saber se a pessoa está sofrendo deste vício, Fabiano cita
algumas situações que aconteceram com muitos usuários durante este tempo em que
os aplicativos ficaram fora do ar e veja se há identificação com alguma delas.
- “Ficou parado olhando para o celular sem saber o que fazer”.
- “Entrava nos aplicativos constantemente para ver se havia voltado”.
- “Entrou em aplicativos que não costumava usar e ficou perdido”.
- “Sentiu agonia”.
- “Vazio existencial”.
- “Ficou impaciente e/ou irritado”.
- “Teve a impressão de receber uma notificação”.
- “Alteração de humor”.
“Se você sentiu alguns ou muitos destes sintomas durante o dia ontem, é bom
acender o sinal de alerta, pois esses sintomas têm relação com a nomofobia”,
recomenda Abreu. Para piorar, há casos em que a pessoa sente tanto essa
ausência que pode apresentar náuseas, sudorese, entre outros sintomas físicos.
Mas, o que é e o que causa a nomofobia?
Fabiano explica que “a nomofobia é a fobia causada pelo desconforto e/ou
angústia quando o indivíduo está sem acesso à comunicação através dos aparelhos
eletrônicos. No cérebro, na região dos núcleos da base trabalhando com o
sistema límbico, a sensação de prazer que a liberação de dopamina promove a
cada novo like ou expectativa de mensagem recebida na rede social transforma o
hábito em vício, estimulando a ficar cada vez mais online buscando recompensa,
aumentando a ansiedade que funciona como pendência para esta busca”.
Além disso, “a função da dopamina é fornecer um feedback positivo, uma
recompensa ao organismo, que se torna uma busca constante. Isso é
compensatório, já que a ansiedade por si só tende a buscar mais ou entra em uma
atmosfera ruim pedindo mais recompensa. Como um ciclo intermitente e
gradativo”, completa.
Fabiano
revela que há uma diferença em quem usa as redes sociais para trabalho:
"relatos de pessoas que usam a rede social para trabalho em seu cotidiano
foram positivos no apagão; disseram que se sentiram aliviados e largaram seus
aparelhos. Isso acontece pois nestes casos, a rede social é usada como uma
obrigação profissional; quando fazemos algo por obrigação, a recompensa é
quando fazemos algo fora desta obrigação. Diferente das pessoas que usam a rede
social para o lazer que torna-se uma necessidade. Isso não inclui influencers,
que justificam o vício da rede social como profissão, ou a produção de conteúdo
na rede social passou a ser uma profissão rentável, mesmo assim, desta forma,
faz parte do ciclo vicioso neste caso." finaliza o doutor.
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