5G: como evitar que alinhamento de antenas comprometa sua chegada ao Brasil?
Everton Souza*
Com altíssima velocidade, confiabilidade
e baixa latência, o 5G promete melhorar efetivamente a qualidade da conexão via
internet para todos os fins, desde a rede que é utilizada para conectar nossos
celulares até aquela necessária para a implementação de carros autônomos,
realização de cirurgias remotas e muitas outras inovações que só pareciam reais
em filmes de ficção. Contudo, enquanto ao menos 65 países já contam com redes
5G (The State of 5G,
VIAVI) em seus territórios, o Brasil ainda caminha devagar na implantação da
tecnologia.
Ao tempo em que nos países desenvolvidos
a implementação dessa rede começou há três anos, apenas recentemente a Anatel
publicou o edital de licitação do 5G no Brasil e confirmou o leilão para o
início de novembro deste ano. Apesar dos avanços, surgem muitas dúvidas em
relação aos desafios de implementação. Entre eles, está a necessidade de
instalação de mais antenas no território brasileiro, processo que pode demorar
longos períodos.
A infraestrutura do 5G não é igual à do
4G, amplamente utilizada no Brasil. A experiência de outros países mostra que
para ter a mesma cobertura do 4G, o 5G precisará de, no mínimo, três vezes mais
antenas espalhadas pelas cidades. A cidade de São Paulo, por exemplo, que tem
uma das coberturas mais avançadas do País, conta com 6.207 antenas e bases
habilitadas a transmitir sinal 4G.
Neste contexto, é preciso estar atento
ao tempo necessário para se instalar uma antena nova no País. A legislação
sobre o assunto é majoritariamente municipal e, não raramente, contém regras
divergentes entre bairros, fazendo com que o processo de se aprovar e instalar
uma nova antena demore meses ou anos. A instalação passa por etapas como
estudos de propagação; liberação da área onde vai ser instalada uma antena;
liberação e aprovação do backhaul
que irá atender cada antena; instalação da rede de fibra óptica que irá
alimentar a antena – que, por sua vez, precisa de uma estrutura aérea de postes
ou subterrânea. Após a preparação técnica e contratual, a construção de um site
pode demorar até seis meses.
O processo exige que as operadoras
invistam em estudos técnicos de propagação para decidir onde e como instalar
suas antenas. Inicia-se, então, o demorado processo de preparar infraestrutura,
submeter projetos à prefeitura e subprefeituras, para então preparar a tecnologia.
Dessa forma, nota-se que uma tarefa paralela e necessária à liberação do 5G é a
atualização da legislação de antenas. Só com a instalação de novos sites
adequados as operadoras terão como construir um ecossistema de infraestrutura
que permita a capilaridade da tecnologia.
Para além dos empecilhos burocráticos e
legislativos que podem comprometer a implantação do 5G no País, barreiras de
ordem técnica e tecnológica também existem, como por exemplo instalações fora
dos padrões definidos pelos estudos das operadoras. Como consequência, o sinal
fica fraco e inconsistente, e o potencial da tecnologia é mal aproveitado.
Ainda, as antenas comuns, como as do 4G,
têm apenas uma direção de sinal, com uma cobertura ampla, enquanto a rede 5G
conta com antenas com tecnologia beamforming,
isso é, aquela que permite direcionar, controlar, customizar os feixes de
sinal. Neste novo horizonte, mínimas alterações de direção ou inclinação nas
antenas podem deixar uma área inteira sem sinal de internet. Com ondas milimétricas,
como as do 5G, a alocação da antena à distância de um passo para a direção
errada já pode comprometer a cobertura.
Ou seja, a exatidão do alinhamento e
direcionamento de antenas sempre foi importante para a qualidade do sinal de
internet. E, com o 5G, essa questão torna-se ainda mais importante, pois as
ondas que formam essa rede são de alta frequência, menos penetrantes e de menor
alcance – o que significa que não são capazes de percorrer distâncias tão
longas, nem atravessar uma grande quantidade de obstáculos físicos.
Felizmente, para ajudar as operadoras a
utilizar a capacidade máxima do 5G, existem soluções de tecnologia que garantem
instalação e funcionamento perfeito de todas as antenas e sites ligados à rede.
Sistemas de alta eficiência auxiliam e facilitam a perfeita instalação, com a
exatidão necessária para o bom funcionamento da rede, ajustando a localização
das antenas pode meio de câmera e vídeo em realidade aumentada, que asseguram
seu perfeito posicionamento nos sites.
Além disso, por serem pequenas, essas
antenas poderão ter regras especiais de isenção de licenciamento urbano – o que
agilizaria o processo de cobertura da tecnologia. Assim, alinhada aos recursos
tecnológicos, a instalação com exatidão de antenas também pode diminuir drasticamente
a necessidade de revisões e visitas ao site, reduzindo o custo de reparos e
mão-de-obra, além de melhorar o sinal para o cliente final. É verdade que
existem diversas barreiras burocráticas para a massificação do 5G no Brasil,
mas a cada dia surgem novas tecnologias que ajudam a driblar esses e novos
empecilhos.
*Everton Souza é gerente de contas e especialista em pré-vendas wireless LATAM na VIAVI. Há mais de 8 anos, é responsável por investigações e levantamento de necessidades do mercado.
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