Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3/12)
Professores desenvolvem técnicas para garantir
a inclusão de alunos com deficiência no ensino superior
Com apenas o toque das mãos em um
material alto-relevo, Isadora Mafra, de 20 anos, passou a entender um gráfico
aplicado na aula do curso de Psicologia. A acadêmica,
que é deficiente visual, conta que mesmo com as descrições e os recursos
aplicados, o conteúdo parecia abstrato. “Só depois que a professora criou o
gráfico, eu consegui entender tudo”, explica. Produzido com cola relevo,
barbante e escritas em braile, o gráfico foi personalizado em sala de aula pela
professora auxiliar Jessica Bessa. “O que importa é darmos acesso aos
conteúdos. Quando entregamos materiais, literatura, entre outros recursos,
permitimos que os alunos tenham um aprendizado de qualidade, independentemente
se tiverem alguma deficiência”, conta a educadora. O material alto-relevo é
apenas uma das técnicas desenvolvidas pela equipe do Núcleo de Acessibilidade e
Inclusão (Naia) da UniAvan, que há seis anos
foca no apoio em formações continuadas, orientações, ações de experiência
prática para a comunidade acadêmica, palestras e eventos, como a 1º Semana de
Acessibilidade e Inclusão: diálogos sobre acessibilidade e inclusão, realizado
em agosto desse ano.
Especialista na área, o psicólogo e
coordenador do núcleo, Ezequiel Leopoldo da Silva, explica que, para garantir a
inclusão assertiva durante o processo de educação, é necessário que os
profissionais da área fiquem atentos às necessidades de cada aluno e
desenvolvam estratégias personalizadas, que podem ir desde uma simples
orientação e acompanhamento, até a elaboração de materiais adaptados, chamada
de acessibilidade metodológica. “É necessário demonstrar para as pessoas que
elas nem sempre precisamos utilizar ferramentas para promover a inclusão. Ações
educativas de conscientização e acessibilidade atitudinal sempre vêm em
primeiro lugar”.
Para apoiar as estratégias
personalizadas e criativas de inclusão no ensino superior,
os 14 alunos que integram o núcleo da UniAvan contam
com alguns recursos adicionais, como o sistema de leitor de tela na plataforma
de estudos Blackboard, ferramentas para conversão de textos em áudio, braile ou
Libras, impressão para ampliação de textos, teclados em braile, notebook para
suporte acadêmico, biblioteca virtual com áudio descrição, entre outros. “Os
docentes do curso sempre buscam materiais em formato PDF para disponibilização,
pois esse conteúdo é mais facilmente lido por sistemas de tecnologia de leitura
de tela”, acrescenta o coordenador do Naia.
Ao todo, o núcleo da UniAvan conta
com 12 profissionais, entre educadores, tradutores intérpretes da Língua
Brasileira de Sinais, equipe técnica e administrativa. Como forma de garantir
plena inclusão, o centro universitário conta com piso tátil, elevador, rampa,
placas de direção e identificação das salas em braile, oferta de cadeira de
rodas, áreas de fácil e livre locomoção com adaptações, entre outros. “Mais do
que oferecer educação inclusiva, é necessário que não existam as barreiras atitudinais,
estruturais, metodológicas ou programáticas e a garantia que todos tenham
acesso ao serviço”, explica o educador.
Para acadêmicos como Isadora, esse acolhimento se torna mais do que essencial para garantir a inclusão na educação de todas as formas. “O acesso às aulas faz com que ainda mais pessoas estejam inseridas nesse meio, e isso pode ser transformador não somente para outros alunos, mas para a comunidade em geral”, finaliza a estudante.
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