Santa Resistência, da estilista Mônica Sampaio, apresenta a coleção "Joias do Recôncavo" na 52ª edição da SPFW
Marca que tem em suas raízes a ancestralidade
da mulher preta prepara um desfile inspirado no Recôncavo Baiano, nas mulheres
que movem o mundo da fé, do axé, do samba de roda e da resistência
Mônica Sampaio na Casa PretaHub, no Recôncavo
Baiano
Para sua segunda coleção apresentada na São Paulo Fashion Week,
sendo a primeira em formato presencial, Mônica
Sampaio resgatou todas as referências que há seis anos
solidificaram o propósito de sua marca, a Santa Resistência. Um trabalho de pesquisa
que une a ancestralidade da mulher preta, a moda africana e a região do
Recôncavo Baiano, onde nasceu, na cidade de São Félix. A coleção “Joias do Recôncavo”
entra na passarela do evento no dia 19 de novembro, às 15h, como parte do
projeto Sankofa.
“Jóias do Recôncavo” traz a história e
as belezas da região
O Recôncavo Baiano é formado por um
conjunto de cidades antigas, da época da colonização, sendo uma delas São
Félix, onde nasceu Mônica. A cidade natal da estilista fica bem ao lado da
cidade de Cachoeira que, juntas, formam o epicentro dessa região.
Foi lá que nasceram o samba de roda e
grandes artistas da MPB como Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Também são de lá Maria Quitéria e Ana Nery e onde temos a origem dos primeiros
cultos afro, junção das nações Jeje e Nagô, trazidas com os escravizados ao
Brasil.
Uma região que ainda conta com quilombos
e saberes ancestrais, e guarda a Irmandade da Boa Morte, uma verdadeira joia
reconhecida pela UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade. Um matriarcado
de mulheres pretas que, por meio da fé, construíram um legado de arte, cultura,
empoderamento e empreendedorismo feminino desde o Brasil colônia até os dias de
hoje. Nascidas nas senzalas, elas lutaram por liberdade formando a 1ª confraria
feminista do Brasil, de mulheres pretas e de axé, como hoje são conhecidos os
cultos afro-brasileiros.
“Sabemos que todas as tribos africanas,
que nos forneceram escravos, tinham as suas religiões particulares, as quais
estavam longe de se constituírem em fator de integração. Assim, o tráfico de
escravos dispôs o campo para o intercâmbio linguístico, sexual e religioso
entre escravos e ex-escravos, resultando daí sincretismo religioso entre os
santos católicos e os orixás africanos. O foco de irradiação do culto Jeje-Nagô
foi a Bahia, com focos menores em Pernambuco e Maranhão. O novo culto viveu
precariamente, sujeito à repressão policial, até a independência do Brasil. A
partir de 1830, observa-se o início de uma nova fase do culto organizado de
origem africana. E a Bahia de todos os santos chamou-se, também, Bahia dos
Orixás”, trecho do texto de Florisvaldo Sampaio, físico nuclear e pai de Mônica
Sampaio, no qual ele relata em detalhes a história da região com a religião.
Um história contada na passarela
Menina de Oyá, Mônica Sampaio, retorna
ao lugar onde nasceu para falar de mulheres guerreiras que por dois séculos,
mantêm a fé e a força. Mulheres pretas, que amam, trabalham, resistem e
encantam.
“Nosso desfile faz uma homenagem a essas
mulheres além de um resgate de minhas próprias raízes. A ideia é narrar como
mulheres pretas com fé mantiveram os laços familiares, construíram sua história
e deixaram um legado cultural que hoje é patrimônio imaterial da humanidade”,
conta Mônica Sampaio.
“Joias do Recôncavo” da Santa
Resistência desfila no dia 19, exatamente um dia antes da data histórica do 20
de novembro, Dia da Consciência Negra (em homenagem a zumbi dos palmares), ao
som percussivo do grupo Afrodescentes, projeto social de São Félix, com casting
100% de mulheres pretas.
“Levaremos para a passarela a nossa arte
representando as mulheres pretas da região. Elas que são as verdadeiras joias
do recôncavo”, destaca a estilista que apresenta 17 looks divididos em três
blocos:
- Memórias de Oya
Mônica inicia sua história com a
paisagem do recôncavo. Looks em cores fortes, contrastantes e estampas, como um
degradê que reproduz o pôr-do-sol em São Félix e a flor do deserto contrastanto
com o verde típico da região. Esta última é quem abre o desfile colo de fuxicos
feito por artesãs de São Félix, uma técnica criada por mulheres pretas que
ganhou popularidade em todo o país.
- Mulheres do Recôncavo
Sua narrativa continua com o sol do
recôncavo encontrando o céu da Bahia em uma cartela de composições inusitadas
de azul royal e laranjas, além de imagens de São Félix e de Cachoeira nas
estampas em shapes longilíneos nos vestidos e um toque de alfaiataria preta.
Nos acessórios, biojoias da CerraD'Ouro, com técnica de embalsamamento de
flores, folhas e sementes naturais recolhidos quando caem ao chão, com perfume
das joias de crioula, uma das criações oriundas da Irmandade da Boa Morte.
- Transmutação de Iansã
A trilogia é concluída partindo do
brilho intenso do amarelo até o branco da fé das filhas de santo do recôncavo.
A coleção evolui para o total white, com Iansã, a orixá que se transmuta em
búfalo e borboletas, fechando o desfile com a energia da transformação
Tecidos e cartela de cores
Os tecidos são mesclas de tecidos
naturais de algodão e tecnológicos para estampas, malha 100% algodão e toque de
seda, renda Guipire, alfaiataria em sarja com tecido 100% sustentável em
polinesia laranja e forro em ágatha laranja (tecido sustentável) e laise de
bico 100% algodão.
Na cartela de cores encontramos o verde
floresta, o azul royal, o laranja, o amarelo queimado e o branco.
A cenografia terá objetos da artista
premiada internacionalmente Nádia Taquary, como esculturas e instalações que
revelam uma investigação artística de uma poética relativa à história do
Brasil, através de um olhar contemporâneo sobre a tradição, a herança africana,
ancestralidade diante da opressão e da esperança de liberdade e o poder gerador
feminino.
Sobre Mônica Sampaio e a Santa
Resistência
Vinda de uma família do Recôncavo Baiano
e filha de um físico nuclear, a carioca Mônica Sampaio faz parte da nova
geração de mulheres pretas no Brasil, tendo construído uma carreira
bem-sucedida ao longo de duas décadas. Foi uma das primeiras mulheres pretas
engenheiras eletricistas da Varig, passando por multinacionais e até pelo
Exército brasileiro. Aos 45 anos, decidiu seguir o sonho de ter a própria marca
de moda e recomeçou a carreira com a Santa Resistência.
A marca já nasceu enaltecendo a estética
afro-brasileira, no formato slow-fashion, produzindo peças atemporais,
desenhadas, recortadas e costuradas com calma, com alma e com uma cadeia de
produção justa e consciente.
A nova coleção dá continuidade a uma
pesquisa histórica de modelagens e matérias-primas que dão origem a looks
fluidos, peças em alfaiataria e estampas marcantes em cores vibrantes.
Parcerias que viabilizaram as Joias do
Recôncavo no SPFW
O desfile da Santa Resistência conta com
o patrocínio da Lunelli,
uma empresa de malhas, tecidos e estampas de qualidade ímpar e produzidos de
forma ecoeficiente. Produtos que estarão presentes nos looks do desfile. E
formando a dupla de patrocinadores, a marca também conta com a Prefeitura de São Félix (BA).
Seguindo a tendência de se unir a
parceiros de propósito, o desfile também conta com o marcas apoiadoras, como a EcoSimple, pioneira no
Brasil na produção de tecidos 100% sustentáveis, com matérias primas naturais e
recicladas; a G.Vallone,
que tem como propósito o apoio aos novos designers para incentivar e viabilizar
o uso de tecidos naturais para tornar o mundo da moda cada vez mais consciente;
a Teray Têxtil,
uma empresa catarinense que conta com a maior curadoria em tecidos naturais em
todo o Brasil; a Tecidos
Kite, fabricante e importadora têxtil com perfil inovador e a
frente do tempo, se destacando há 19 anos com suas ações no digital e engajada
com sustentabilidade – carrega em seu portfólio uma plataforma digital
inovadora para compras de artigos; e a linha Eco2Use, que é referência nacional por
produzir tecidos eco-friendly sem deixar de lado o apelo fashion nas cores e
texturas disponíveis.
Os estilistas do projeto Sankofa do
SPFW, do qual faz parte a Santa Resistência, contam com empresas apoiadoras,
como a do movimento Sou de
Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de
Algodão (Abrapa), que tem como propósito cultivar a moda responsável no Brasil
e busca aproximar as marcas do Projeto de suas tecelagens parceiras; e a Sprint Têxtil que faz
estampas exclusivas e tecidos com processos sustentáveis e materiais
responsáveis em sua linha Going Green.
As modelos desfilam com biojoias da CerraD’ouro e sapatos da
Design Floresta,
ambas marcas nascidas e buscam inspiração e matéria-prima no cerrado.
Santa Resistência na 52ª edição da São
Paulo Fashion Week
Dia 19 de novembro, às 15h
Coleção: Joias do Recôncavo
Site: www.santaresistencia.com.br
Instagram: @santaresistencia
Facebook: @srsantaresistencia
Ficha Técnica Santa Resistência na 52ª
SPFW
Direção Criativa: Mônica Sampaio
(@santaresistencia @monicabsm50)
Stylist: Anderson Vescah (@vescah)
Beauty: Liege Wisniewski
(@Liegewisniewski)
Assist. Beauty: Letícia Souza, Sol
Rocha, Cristiane Silva e Ana Carolina
Hair: Ivana Santos (@ivanajsantos)
Assist. Hair: Daniele Ramires, Karen
Karina, Talita Ramos e Pamela Franco
Produção executiva & backstage: Aldo
Clécius (@aldoclecius)
Camareira: Edna
Modelistas: Railda Costa (@railda.c),
Íris Azevedo (@iris.azevedo.925) e Maria do Carmo
Costureiras: Vânia Maria Gomes, Deolinda
dos Santos, Maria Gomes
Plissador: Célio Gorni
Cortador: Edyson José do Carmo
Apoio de corte Italo willian
(@italowillian)
Arte Design: APUAN (@apuandesign
@okevony @rafaelosants)
Direção de Casting: Anderson Vescah,
Mônica Sampaio e Aldo Clécius
Assessoria de Imprensa: Jhon
Helder (@jhonhelder_) e Antonio Montano (@antoniomontano)
Trilha Sonora: Banda Afro-descententes
(São Félix BA) (@afrodescententes2013)
Pesquisa conceitual: Mônica
Sampaio e Aldo Clécius
Pesquisa histórica: Prof Florisvaldo
Sampaio
Vídeo de abertura: produtora Sabotage
(@sabotage_filme)
Editor: Daniel Veloso
Gestão de Marca projeto Sankofa: Rafael
Silvério (@silveeerio)
Produção Executiva de Projeto Sankofa: Natasha Soares (@natashasoares__)
Nenhum comentário