Times 100% femininos encaram equipes masculinas em torneio infantil
Meninas do sub-13 e sub-14 do Vila Nova/Universo valorizam experiência em evento que reúne cerca de duas mil crianças (a maioria meninos), em Aparecida de Goiânia (GO).
Em meio à predominância masculina nas duas mil crianças que participam desde segunda-feira (15), em Aparecida de Goiânia (GO), de um campeonato de futebol infantil, estão 102 meninas. Quatorze delas defendem as equipes sub-13 e sub-14 do Vila Nova/Universo, as únicas totalmente femininas da competição, considerada a maior do mundo para jovens de 8 a 14 anos. Elas têm enfrentado times mistos ou 100% formado por meninos, da mesma faixa etária.
Não que dividir o campo com rapazes seja exatamente novidade. O início de praticamente todas elas no futebol foi justamente assim. A zagueira Duda Pazzinatto, de 14 anos, por exemplo, disputa a competição Go Cup pela quinta vez, sendo a primeira em um time só de meninas.
“Meu pai levava meu irmão para jogar e eu ia junto. Sempre gostei de futebol, então pedi para ele me colocar na escolinha, onde entrei com cinco anos. Sempre joguei com meninos. Só há quatro anos é que passei a jogar com outras meninas”, contou a defensora à Agência Brasil.
“Jogava bola em casa com meu irmão. Quando nosso pai o levou à escolinha, pedi para ir também. No começo ele não aceitou, mas depois foi deixando. Eu tinha cinco, seis anos”, recordou a atacante Vitória Freire, de também 14 anos.
A projeção midiática do futebol masculino, ainda muito superior à do feminino, faz com que as meninas tenham jogadores homens como as primeiras referências na modalidade, mas não mais as únicas. Marta, Cristiane, Formiga e Tamires, entre outras craques da seleção brasileira, já são parte natural do repertório de idolatria.
“Gosto bastante de acompanhar, ver o futebol feminino crescendo, porque a gente não tinha essa voz antigamente. O masculino a gente acompanha desde sempre, não tem como [deixar de ver]”, avalia a lateral Amanda Rezende, outra de 14 anos.
Essa ausência de voz se explica pelo futebol feminino ter sido proibido no Brasil por quatro décadas, por meio do Decreto-lei 3.199, de abril de 1941, que, no artigo 54, dizia que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. A regulamentação da modalidade ocorreu em 1983, enquanto o primeiro torneio nacional organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Copa do Brasil (hoje extinta), veio somente em 2007. O Campeonato Brasileiro surgiu apenas em 2013.
O cenário atual é mais promissor que antes. A partir do ano que vem, o campeonato nacional terá três divisões (denominadas Séries A1, A2 e A3). Além disso, o calendário prevê três competições de base: os Brasileiros sub-16 e sub-18 e a Liga de Desenvolvimento sub-14 e sub-16, da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Não à toa, as meninas do Vila Nova/Universo são unânimes quanto ao desejo de seguir uma carreira profissional.
“[O futebol feminino] está cada dia melhor. Ainda há pessoas que não apoiam por preconceito, falando que menina não sabe jogar, mas não é isso que vai nos colocar para baixo”, afirmou a lateral Laura Urcino, mais uma na casa dos 14 anos.
A primeira vitória do Vila Nova/Universo veio nesta quinta-feira (18), sobre a escolinha Santos Tubarão, de Goiás, por 2 a 1, no sub-13, onde a equipe já encerrou a participação. No sub-14, elas disputam, nesta sexta-feira (19), a última rodada da etapa classificatória, ainda com chances de decidir a Série Bronze (que reunirá o sétimo e o oitavo colocados) em caso de triunfo.
“É uma nova experiência, acho que para todo mundo. Para muita gente não é a primeira vez [no torneio], mas a primeira vez [jogando] com meninas. A diferença para os meninos é muito grande, mas a gente tenta dar raça e o melhor de nós em campo”, conclui Luísa Rosa, 14 anos, que atua como goleira e zagueira.
O evento é realizado em um complexo com 24 campos, em Aparecida de Goiânia. As principais decisões de cada categoria (sub-8 a sub-14) serão disputadas neste sábado (20), no estádio Annibal Batista de Toledo, que recebeu, semana passada, a final da Série D do Campeonato Brasileiro, entre Aparecidense-GO e Campinense-PB. A partida terminou empatada por 1 a 1 e o clube goiano ficou com o título nacional. A TV Brasil transmitiu o jogo ao vivo.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
Em meio à predominância masculina nas duas mil crianças que participam desde segunda-feira (15), em Aparecida de Goiânia (GO), de um campeonato de futebol infantil, estão 102 meninas. Quatorze delas defendem as equipes sub-13 e sub-14 do Vila Nova/Universo, as únicas totalmente femininas da competição, considerada a maior do mundo para jovens de 8 a 14 anos. Elas têm enfrentado times mistos ou 100% formado por meninos, da mesma faixa etária.
Não que dividir o campo com rapazes seja exatamente novidade. O início de praticamente todas elas no futebol foi justamente assim. A zagueira Duda Pazzinatto, de 14 anos, por exemplo, disputa a competição Go Cup pela quinta vez, sendo a primeira em um time só de meninas.
“Meu pai levava meu irmão para jogar e eu ia junto. Sempre gostei de futebol, então pedi para ele me colocar na escolinha, onde entrei com cinco anos. Sempre joguei com meninos. Só há quatro anos é que passei a jogar com outras meninas”, contou a defensora à Agência Brasil.
“Jogava bola em casa com meu irmão. Quando nosso pai o levou à escolinha, pedi para ir também. No começo ele não aceitou, mas depois foi deixando. Eu tinha cinco, seis anos”, recordou a atacante Vitória Freire, de também 14 anos.
A projeção midiática do futebol masculino, ainda muito superior à do feminino, faz com que as meninas tenham jogadores homens como as primeiras referências na modalidade, mas não mais as únicas. Marta, Cristiane, Formiga e Tamires, entre outras craques da seleção brasileira, já são parte natural do repertório de idolatria.
“Gosto bastante de acompanhar, ver o futebol feminino crescendo, porque a gente não tinha essa voz antigamente. O masculino a gente acompanha desde sempre, não tem como [deixar de ver]”, avalia a lateral Amanda Rezende, outra de 14 anos.
Essa ausência de voz se explica pelo futebol feminino ter sido proibido no Brasil por quatro décadas, por meio do Decreto-lei 3.199, de abril de 1941, que, no artigo 54, dizia que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. A regulamentação da modalidade ocorreu em 1983, enquanto o primeiro torneio nacional organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Copa do Brasil (hoje extinta), veio somente em 2007. O Campeonato Brasileiro surgiu apenas em 2013.
O cenário atual é mais promissor que antes. A partir do ano que vem, o campeonato nacional terá três divisões (denominadas Séries A1, A2 e A3). Além disso, o calendário prevê três competições de base: os Brasileiros sub-16 e sub-18 e a Liga de Desenvolvimento sub-14 e sub-16, da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Não à toa, as meninas do Vila Nova/Universo são unânimes quanto ao desejo de seguir uma carreira profissional.
“[O futebol feminino] está cada dia melhor. Ainda há pessoas que não apoiam por preconceito, falando que menina não sabe jogar, mas não é isso que vai nos colocar para baixo”, afirmou a lateral Laura Urcino, mais uma na casa dos 14 anos.
A primeira vitória do Vila Nova/Universo veio nesta quinta-feira (18), sobre a escolinha Santos Tubarão, de Goiás, por 2 a 1, no sub-13, onde a equipe já encerrou a participação. No sub-14, elas disputam, nesta sexta-feira (19), a última rodada da etapa classificatória, ainda com chances de decidir a Série Bronze (que reunirá o sétimo e o oitavo colocados) em caso de triunfo.
“É uma nova experiência, acho que para todo mundo. Para muita gente não é a primeira vez [no torneio], mas a primeira vez [jogando] com meninas. A diferença para os meninos é muito grande, mas a gente tenta dar raça e o melhor de nós em campo”, conclui Luísa Rosa, 14 anos, que atua como goleira e zagueira.
O evento é realizado em um complexo com 24 campos, em Aparecida de Goiânia. As principais decisões de cada categoria (sub-8 a sub-14) serão disputadas neste sábado (20), no estádio Annibal Batista de Toledo, que recebeu, semana passada, a final da Série D do Campeonato Brasileiro, entre Aparecidense-GO e Campinense-PB. A partida terminou empatada por 1 a 1 e o clube goiano ficou com o título nacional. A TV Brasil transmitiu o jogo ao vivo.
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