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Fala-me Neuro: evento tem debate sobre prejuízos cognitivos causados pelo mau uso da internet

O Dr. Fabiano de Abreu, neurocientista, defende que o excesso de uso das redes sociais está deixando a sociedade menos inteligente

Créditos de: Jennifer de Paula

O tema do Fala-me Neuro este ano era a Saúde Mental, intitulado “Rir para não chorar” e contou com a presença de Catarina Gomes, professora e investigadora na FMUC; João Moreira, guionista; Miguel Bajouco, médico psiquiatra no CHUC e Rita Leitão, humorista e animadora sociocultural. O evento é um projeto de comunicação de ciência em português, onde diversos especialistas são convidados a falar de neurociência para compartilhar o que tem sido feito nesta área em Portugal e no mundo. A Sociedade Portuguesa de Neurociências é parceira oficial deste projeto.

Em intervenção realizada para acadêmicos portugueses, o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Prof. Dr. luso-brasileiro Fabiano de Abreu explicou os riscos que o mau uso da internet, em especial da rede social, pode trazer ao cérebro. Além disso, ele detalhou como a inteligência das pessoas pode ser afetada por conta do mau uso. Também mencionou o seu estudo em que comprova que o Brasil está a viver um coletivo de transtorno de personalidade dramática que tem como origem a ansiedade por causa da violência, que se agravou com a cultura da rede social e com a pandemia.

O neurocientista vem explicando, em diversos eventos, que a inteligência, em especial a das crianças, que em poucos anos de vida, passam a usar tablets, smartphones e notebooks, tem sido reduzida. “Se não agirmos desde já, será passado geneticamente para a próxima geração e assim por diante”. Além disso, a internet proporciona um ambiente no qual o sistema de recompensa do cérebro é ativado constantemente. “Os mecanismos de aprovação das redes sociais, estão intimamente relacionados à exploração da sensação de bem-estar causada pela liberação de dopamina”, detalha. A dopamina é um neurotransmissor, liberado quando uma atividade agradável é realizada, quando há consumo de alimentos que se gosta ou ainda, quando há o uso das redes sociais.

O problema, é que, de acordo com ele, esse sistema de recompensa, por sua vez, pode ser ativado pela ansiedade. “A dopamina não é liberada só quando você tem a recompensa, mas também quando você imagina que a terá. Se você está ansioso por circunstâncias diversas, você mergulha em uma atmosfera negativa. Então, achar que você vai conquistar algo, já faz liberar dopamina”, explica. Vale lembrar que a intensidade do alívio gerado pela dopamina é cada vez menor quanto há situações semelhantes, logo, não alcançar o nível de intensidade esperado causa ainda mais ansiedade, gerando um ciclo vicioso.

Para uma plateia formada por pesquisadores portugueses, Fabiano lembrou que esse looping é prejudicial, pois propicia a liberação do hormônio cortisol, que está relacionado ao sistema imunológico. “Além disso, esse ciclo de ansiedade acaba afetando o sistema emocional e a região responsável pela tomada de decisões no cérebro. Existe uma cultura de não absorção de conhecimento por conta das redes sociais e isso causa a atrofia no córtex cerebral. Desse modo, a capacidade de dominação de emoções é reduzida e transtornos como a depressão podem surgir”.

Para mitigar as consequências deste cenário, Abreu acredita que a neuroplasticidade cerebral é essencial. “Ela vai desde a alimentação, o exercício físico e sono regular, até processos de ginásticas cerebrais para estimular a região responsável pela tomada de decisões e domínio das emoções a se desenvolver melhor”.

Link para vídeo:

https://www.instagram.com/p/CXES89NodVM/

Sobre o Dr. Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é PhD, neurocientista com formações também em neuropsicologia, biologia, história, antropologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International e membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências.

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