Expectativas para o mercado financeiro em 2022
Especialista aponta um cenário ainda de
bastante incerteza para este ano, mas de muitas oportunidades para os investidores,
que precisam estar atentos à inflação e juros, em que os retornos podem ser bem
atrativos
Nova onda de COVID-19, ano de eleição
presidencial, muitas incertezas. Todo esse cenário é um prato cheio para a
instabilidade econômica que assola o Brasil desde 2020. “Vivemos uma situação
muito desafiadora, para não dizer nefasta”, aponta o especialista em mercado
financeiro e sócio fundador da Valore Elbrus, Anderson Peres.
“Quem pensa que 2022 será um ano de
estabilidade econômica, engana-se. A ancoragem das metas da inflação só será
possível no país em 2023, com uma situação política mais clara e também com uma
perspectiva melhor do fim de pandemia”, explica.
Para este ano, na visão econômica, o
Brasil ainda sofrerá com a inflação, principalmente no setor de insumos
básicos. “Comida mais cara, produtos de bem de consumo primários com valor mais
elevado, principalmente pela falta de suprimentos que o mundo está sofrendo”,
conta Anderson.
Neste cenário de inflação mais
pressionada, ativos atrelados a ela podem ser boas proteções para as carteiras
dos investidores. “Tivemos, neste último período, uma abertura das taxas e com
isso boas oportunidades no mercado de títulos públicos que pagam taxa de juros
mais inflação. Além disso, o mercado de crédito privado tem se mostrado
resiliente neste cenário e temos observado várias emissões de boas empresas que
também remuneram o investidor pagando taxas muito atrativas acima da inflação.”
Com a inflação mais alta, o Banco
Central se viu obrigado a executar seguidos ajustes na taxa SELIC que passou de
2% para 9,25% atuais. Com a continuidade do ciclo de alta da taxa de juros, os
ativos pós-fixados também voltaram a ser atrativos para o investidor.
Porém, por um outro lado, a perspectiva
é que o setor de turismo tenha um crescimento acima da média. “Tudo isso
impulsiona e movimenta muito o setor de serviços, como hotelaria, restaurantes,
transporte aéreo e terrestre. Depois de dois anos de recessão, agora a
tendência é crescer e muito.” Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de
Turismo (BRAZTOA) o setor terá plena recuperação já no primeiro semestre de
2022, e a previsão é que o setor tenha um crescimento de 30% no próximo ano, em
relação à época pré-pandemia.
Os setores acima mencionados, foram os
que mais sofreram com a pandemia e este cenário de recuperação vai depender da
melhora das condições de saúde em geral, com o avanço da vacinação da COVID-19
e reabertura de algumas atividades econômicas. “Considerando a reabertura da
economia, esses podem vir a performar acima do esperado pelo mercado. Além
disso, a bolsa brasileira tem ficado descontada perante seus pares e com isso
começa a gerar boas oportunidades de investimentos”, aponta o especialista.
Se o cenário é ruim para a economia,
para o setor de investimentos é excelente. “Com taxa de juros mais alta, avanço
da vacinação e bolsa de valores norte-americana indo muito bem, é hora de
investir”, reforça. “A dica para os investidores é variar os investimentos e
estar atento a ações e moeda estrangeira, com os resultados positivos e
crescimento da bolsa americana”, afirma.
A diversificação em ativos descorrelacionados em momento de alta volatilidade é a grande estratégia para uma carteira de investimento ter rentabilidade de forma constante. “A mescla entre ativos nacionais com ativos internacionais traz equilíbrio para os investimentos e, com isso, faz um hedge natural na carteira dos investidores e traz maior tranquilidade nestes períodos turbulentos”, finaliza.
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