Pediatra e infectologista do Sistema Hapvida esclarece as principais dúvidas sobre a vacinação contra a Covid-19 em crianças
Em Minas Gerais, a imunização do público infantil já foi iniciada
Com
a segunda maior população infantil do Brasil, Minas Gerais iniciou a imunização
contra Covid-19 nas crianças entre 5 e 11 anos. O Estado recebeu do Ministério
da Saúde o primeiro lote com 110 mil doses da Pfizer/Comirnaty - Pediátrica. De
acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a expectativa é que o
primeiro lote permita a vacinação de pelo menos 6% das crianças mineiras.
Segundo projeções do IBGE de 2018 (últimas publicadas), a quantidade de
crianças de 5 a 11 anos seria de 1.846.030, em Minas. São crianças que podem se
livrar de fazer parte do triste número de mortes por Covid-19 no Estado. Nesta
faixa etária, foram seis vidas perdidas em 2020 e o dobro em 2021, de acordo
com dados do e-SUS Notifica, até 27 de dezembro do ano passado.
O número de casos no Estado é preocupante. Foram mais de 34 mil crianças
infectadas, em Minas Gerais, somente em 2021. Isso representa mais que todos os
estados da Região Norte juntos (27.058) e que a Região Centro-Oeste também
(33.511).
A médica pediatra e infectologista do Sistema Hapvida, Sílvia Fonseca, tira as
principais dúvidas dos pais com relação à vacinação e garante que a imunização
é realmente necessária para os pequenos. Confira:
1. A vacina é realmente necessária para crianças?
Sim. Apesar de que as crianças, em sua maioria, têm quadros mais leves da
infecção pelo SARS-CoV 2. Com o passar dos meses destes dois últimos anos
pudemos registrar um número expressivo de mortes em crianças também. Além
disso, há a síndrome inflamatória multissistêmica (SIM), uma condição grave que
necessita de hospitalização e, muitas vezes, Unidade de Terapia Intensiva.
Não sabemos quantas crianças desenvolveram Covid longa, que é a manutenção de
sintomas após quatro semanas da infecção aguda. Estes sintomas podem variar de
febre, cansaço, falta de concentração e falta de ar. E como a pandemia não dá
tréguas, principalmente com o surgimento periódico de novas variantes muito
transmissíveis, nossos pequenos estão em risco de terem Covid grave e Covid
longa.
Outros aspectos importantes é que as crianças, mesmo pouco sintomáticas ou
assintomáticas, podem transmitir a infecção para pessoas com fatores de risco
(por exemplo, avós e bisavós), perpetuando o sofrimento das famílias.
Além disso, a vacinação da faixa etária entre 5 e 11 anos vai proteger as
crianças menores que não podem receber a vacina e vai permitir que as crianças
não fiquem doentes e possam participar da escola e demais atividades tão
importantes para o desenvolvimento das crianças.
2. A vacina é realmente segura para crianças?
Sim. Antes das vacinas serem liberadas para crianças nos Estados Unidos, testes
rigorosos de segurança foram feitos com a vacina da Pfizer envolvendo milhares
de crianças. Até agora, estima-se que pelo menos oito milhões de doses foram
aplicadas em crianças desta faixa etária entre 5 e 11 anos, com efeitos
colaterais brandos e nenhuma morte atribuída à vacina. A vacina Coronavac,
ainda não liberada para crianças no Brasil, mas usada em muitos países, como a
China e Chile, teve um efeito excelente na prevenção da doença, sem eventos
adversos graves. Uma segunda análise do CDC tornada pública avaliou cerca de
700 hospitalizações por Covid-19 entre crianças e adolescentes nos EUA. A
principal conclusão foi que entre 77,9% das crianças e adolescentes internados
com Covid-19 aguda, apenas 0,4% dos pacientes em idade vacinável haviam
recebido o esquema vacinal completo.
3. A vacina das crianças vai ser diferente da dos adultos?
Ela é feita da mesma maneira, usando esta segura tecnologia de "RNA mensageiro",
que permite que a vacina nunca se transforme em vírus vivo. Porém, tem doses
menores, pois o sistema imune das crianças se mostrou muito eficiente para
produzir anticorpos (91% de eficácia), mesmo com uma dose muito menor (cerca de
1/3 menor). Para não ter confusão, o frasco é diferente, com tampa de outra
cor, e o Ministério da Saúde propõe locais diferentes para a vacinação das
crianças, com agulhas apropriadas para o público infantil.
4. A criança pode parar de usar máscara depois de tomar a vacina?
Não. Assim como com os adultos, a máscara deve ser usada por todos acima de 2
anos de idade, pois, mesmo vacinadas, as crianças ainda podem ter infecção
ainda que leve, mas transmissível. Importante ressaltar que as vacinas protegem
contra a doença que leva à hospitalização, necessidade de oxigênio, CTI e
morte, mas não impedem completamente as infecções leves. Enquanto o vírus
estiver circulando no mundo, temos que usar todas as barreiras possíveis:
vacina, máscara, distanciamento social e álcool em gel.
5. A Covid-19 vai acabar um dia?
Esperamos que sim. Mas, o mundo todo tem que ser vacinado. Infelizmente, temos
notícias de que os países mais pobres não conseguiram imunizar a maioria da sua
população e isso propicia uma grande replicação viral nos não vacinados e a
possibilidade de variantes cada vez piores. Quando todos estivermos vacinados,
a esperança é que sim, que a Covid-19 seja apresentada somente em aulas de
história.
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