Avanço na regulamentação de criptomoedas nos EUA pode impactar mercado brasileiro? Veja o que dizem especialistas
Assunto teve novos desdobramentos nos dois
países nas últimas semanas
São Paulo, março de 2022 - A Casa Branca anunciou na última
semana que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve assinar ainda essa
semana um plano nacional de regulação de criptomoedas no país. O assunto também
tem sido pautado no Brasil e ganhou novos desdobramentos nesta semana, quando o
texto que debate o Marco Regulatório do mercado de criptoativos foi aprovado na
última comissão do congresso e segue para plenário.
Segundo Safiri Felix, diretor de
Produtos e Parcerias da Transfero, empresa
internacional de soluções financeiras baseadas em tecnologia Blockchain, com a
popularização dos criptoativos, a tendência é que cada vez mais países busquem
essa regulamentação e a definição dos órgãos responsáveis e os estágios do
trâmite no Brasil e Estados Unidos são similares.
“O decreto assinado pelo Biden,
basicamente, foi estabelecendo que os órgãos responsáveis estudem o assunto e
criem, com regime de urgência, o modelo regulatório americano. Ainda não tem
definições efetivas de quais serão as regras, mas sim a formação dessa força
tarefa para construir o arcabouço regulatório dos EUA. Em linhas gerais, está
muito parecido com o estágio que estamos no Brasil hoje, a diferença é que eles
fizeram por via do ato executivo e não pela via do legislativo”, explica.
“É importante frisar que a aprovação da
regulação no Brasil traz alguns bônus e ônus. De um lado, empreendedores
enxergam uma grande oportunidade de expansão nos negócios, pois existe o
benefício da segurança jurídica para quem opera de fato neste mercado, além da
atração de investidores de maior porte e de executivos e profissionais que
querem desenvolver o setor no país. Do outro lado, há algumas amarras e
conflitos de percepções, afinal, muitos usuários acreditam que o avanço do
Marco Legal de Criptoativos pode tornar o mercado burocrático”, avalia Diego
Perez, Presidente da Associação Brasileira de Fintechs.
Para César Garcia, diretor executivo do Travelex Bank, primeiro banco
especializado em câmbio do País e que realiza o câmbio de remessas para
aquisição de criptomoedas realizadas por operadores de OTC e exchanges para o
mercado local, é possível que haja uma "tropicalização" para nossa
futura legislação de princípios e conceitos da regulamentação
estadunidense.
"Em tese, a decisão americana não
deverá causar nenhum impacto na aprovação do marco regulatório no Brasil, mas
devido à sensibilidade do assunto e ser comum a adoção de boas práticas vindas
de outros ordenamentos jurídicos, existe sim a possibilidade de que haja uma
comunicação entre as regulações, assim como foi com a LGPD (Lei de Proteção de
Dados) que incorpora vários conceitos semelhantes aos adotados pela GPDR (Lei
de proteção de dados inglesa)", destaca.
O diretor ainda pontua que o Marco Regulatório terá um impacto positivo no mercado de câmbio brasileiro, pois facilitará a identificação e prevenção de possíveis crimes e ilicitudes. "O Marco Regulatório possibilitará a criação de uma entidade de supervisão pública e centralizada, possibilitará à adoção de critérios mais rígidos para a constituição de tais exchanges, contribuirá para a adoção de melhor governança corporativa e implementação de processos de prevenção à lavagem de dinheiro e abordagem baseada em risco, já existentes no mercado financeiro nacional e que, por tal mercado estar à margem da supervisão, não são impositivos para o mercado de cripto."
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