Frigoríficos buscam atualização para uso consciente da água
Por Ivan Machiavelli*
A água é um recurso muito utilizado na
indústria frigorífica, um dos ramos empresariais mais significativos no Brasil.
Nada mais justo do que destacar sua importância na semana em que se comemora o
seu dia, em 22 de março.
Estima-se que o consumo de água total
para o processo produtivo de um frigorífico bovino em Ji-Paraná chega a
14.253,34 m3/mês, segundo dados da Universidade Federal de Rondônia de 2021.
Por outro lado, são notáveis, também, alguns esforços empreendidos pelo
segmento de carnes para reduzir os impactos ambientais e os melhoramentos para a
gestão racional e estratégica da água nas indústrias.
O desenvolvimento econômico depende da
água e da sua gestão, e a escassez hídrica é um dos principais problemas das
médias e grandes cidades, ao passo que o aumento populacional demanda maior
produção de alimentos e produtos de origem industrial. Nessa linha, a gestão da
água nos empreendimentos agroindustriais conta, atualmente, com programas de
manejo de efluentes, ou seja, dos resíduos gerados durante o processo
produtivo, que podem ser sólidos ou líquidos. Lembramos que, depois que a água
entra nesse sistema, ela deixa de ser potável.
É interessante notar o desempenho de
empresa, como de um frigorífico específico, em programas de restauração e
reflorestamento de áreas particulares que estavam degradadas, totalizando 22ha
nas margens do Rio São Pedrinho em Rolim de Moura, no estado de Rondônia.
Trata-se de um projeto de largo alcance social e ambiental que tem como
objetivo, justamente, incentivar a sociedade a fazer uma boa gestão das águas,
pensando nas futuras gerações.
Entre outras estratégias do uso da água,
há soluções para otimizar o seu uso, com ponderação de medidas para o
tratamento dos efluentes, que priorizam a sustentabilidade. As estações de
tratamento permitem um parâmetro factível com a legislação dos órgãos
ambientais para que o recurso possa voltar à natureza, ou seja, a um rio, por
exemplo. Destacamos que apenas após o tratamento dos efluentes gerados nos
processos produtivos eles podem ser descartados nos corpos hídricos, fazendo com
que as estações sejam de extrema importância em qualquer empresa. Há
indústrias, inclusive, que contam com mais de uma operadora no sistema de
tratamento de efluentes, em turnos diferenciados, para controlar o retorno da
água com a melhor qualidade. Entre os controles mais comuns estão o de PH e de
oxigênio, além de resíduos sólidos, com uma sistemática que garante a qualidade
do efluente no processo final.
A fim de alinhar esses procedimentos com
aspectos jurídicos, visando inclusive uma maior inserção dos frigoríficos nos
princípios ESG (meio ambiente, social e governança), urge uma maior
articulação, na contemporaneidade, com o Estatuto Jurídico das Águas, cujas
bases na Constituição Federal fazem jus à busca da maior promoção de uma
regulação jurídica das águas. Isso em vista de estudos como os relatórios da
Organização das Nações Unidas (ONU), que apontam que, até 2030, o planeta
enfrentará um déficit de água de 40% se não houver melhorias drásticas de
gestão do recurso.
Contudo, enfatizamos que o Estatuto
Jurídico das Águas carece ainda de uma maior aproximação à realidade, que traga
a sua aplicabilidade de forma articulada e simplificada no que tange à
regulação. Outro fator importante é a necessária atualização das normas
jurídicas para melhorar a gestão dos recursos hídricos do Brasil e a
necessidade de políticas públicas relevantes que abranjam os interesses e as
peculiaridades do setor industrial para a adaptação às contingências da água e
de seus tratamentos.
É por meio de questões concretas que pavimentaremos
um caminho real para a sustentabilidade, tornando as empresas mais responsivas
às mudanças ambientais, que abordam esse tema, de importância para a
sobrevivência de todos. Estejamos atualizados e alertas!
* Ivan
Francisco Machiavelli é advogado do MBT Advogados Associados, pós-graduado em
Direito Processual Civil
Sobre a MBT Advogados Associados – Fundado em 1985 por um dos advogados pioneiros em Rondônia, Ivan Machiavelli, o escritório é especialista em casos relacionados ao direito do agronegócio, direito cooperativo e recuperação judicial e falência. Os três sócios, Ivan Machiavelli, Deolamara Bonfá e Rodrigo Totino, têm o apoio de uma banca de 12 advogados e assistentes jurídicos que são referência de profissionalismo em Ji-Paraná e Porto Velho (RO).
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