Pesquisa da PwC mostra que mulheres levarão 33 anos para ter a mesma participação no mercado de trabalho que homens têm hoje
Pandemia causou mais atraso na corrida pela
equidade de gênero, uma vez que as mulheres foram mais afetadas, principalmente
as de grupos étnico minoritários
Quanto às projeções para equidade salarial, as
perspectivas são ainda piores. O Women In Work Index indica que serão
necessárias mais de seis décadas (63 anos) para que a remuneração delas seja
igual aos ganhos deles. O intervalo para que a taxa de desemprego feminino caia
para o patamar atual dos homens também não é animador: são estimados nove anos.
Ao comparar o desemprego com o crescimento das
ocupações previstas antes da pandemia, descobriu-se que havia 5,1 milhões a
mais de mulheres desempregadas e 5,2 milhões a menos de mulheres participando
do mercado de trabalho do que seria a realidade, caso a pandemia não existisse.
A discrepância de realidades se acentua de maneira
mais intensa quando colocamos sob perspectiva grupos étnicos minoritários. O
mesmo estudo mostra que no Reino Unido, por exemplo, no terceiro trimestre de
2021, mulheres desses grupos estavam, em média, mais de uma década atrás das
mulheres brancas em termos de desemprego e estão proporcionalmente piores do
que estavam em 2011.
“Depois de uma década de ganhos lentos, mas
consistentes, para as mulheres no mercado de trabalho em toda OCDE, vimos queda
pela primeira vez. Essa realidade constatada pelo estudo se reflete também no
cenário brasileiro. Por aqui, nossas mulheres foram mais atingidas pelos cortes
e pela necessidade de deixar o mercado de trabalho afetando objetivamente a representatividade
de gênero nas empresas. Há perspectivas de uma recuperação mais acelerada nos
próximos anos do que vimos na última década, dado que nosso estudo de capital
humano indica que as mulheres têm melhor formação - endereçando desafios como lacuna
de competências - e maior engajamento. Ainda assim, serão necessárias políticas
públicas e privadas para voltarmos a patamares pregressos de inclusão.”, afirma
Luciana Medeiros, sócia da PwC Brasil.
Essa é a décima edição do Women in Work Index, pesquisa
que avaliou resultados de empregabilidade feminina em 33 países da OCDE com
base em disparidade salarial, participação delas no mercado de trabalho, taxas
de desemprego e emprego em tempo integral.
Rotina doméstica e desemprego na pandemia
Cuidar dos filhos e da casa contribuiu de forma
significativa para que mulheres deixassem o mercado de trabalho. Um relatório
da OCDE objeto de pesquisa para o Women In Work Index, da PwC, mostra que as
mulheres assumiram mais responsabilidades não remuneradas durante a pandemia, o
que as levou a deixar o trabalho mais que os homens.
De acordo com o estudo, as mães eram três vezes
mais propensas do que os pais a assumir a maioria ou a totalidade do trabalho
doméstico por conta do fechamento de escolas e creches.
“O cenário nos provocou a refletir ainda mais sobre
a necessidade de mais flexibilidade no trabalho para equilibrar a rotina entre
homens e mulheres no que tange os cuidados domésticos e com filhos, inclusive
acerca de licenças de parentalidade iguais”, pontuou Luciana Medeiros.
Movimento Net-zero pode aumentar disparidade entre
gêneros
A transição para movimentos de neutralidade de
carbono, como o Net-zero, pode ampliar a distância entre homens e mulheres na
próxima década, segundo o mais recente Women In Work Index.
O estudo analisa que haverá mais empregos em 2030
em 15 dos 20 setores das economias da OCDE, principalmente, em serviços
públicos, construção e manufatura, onde 31% da força de trabalho empregada é
masculina, ante 11% de mulheres.
A PwC estima que a disparidade de empregos entre
homens e mulheres nas economias da OCDE aumentará em 1,7 pontos percentuais até
2030, passando de 20,8%, em 2020, para 22,5%.
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