Projeto inicia plantio de 30 mil mudas em manguezais amazônicos
Além do reflorestamento, que tem apoio de
pesquisadores e engajamento das comunidades, será lançado um guia inédito para
replicar novas ações na região
Projetos Mangues da Amazônia Pará - Fotos Plantio
San Marcelo - Projeto Mangues da Amazônia/Sapucaia Filmes
Recuperar áreas degradadas na maior
faixa contínua de manguezais do mundo, com apoio técnico-científico e
envolvimento das comunidades locais, é o objetivo do plantio de mudas iniciado
em fevereiro na zona costeira do Pará, mobilizando academia, poder público e
diversas parcerias para a importância da conservação. “Trata-se de um
ecossistema muito importante como fonte de renda e serviços ambientais, e esse
trabalho coroa a relação entre homem e natureza na região”, destaca o biólogo
Danilo Gardunho, coordenador de reflorestamento do Projeto Mangues da Amazônia.
Após o cultivo em dois viveiros de 300
metros quadrados, instalados em comunidades tradicionais e irrigados
naturalmente pelo fluxo das marés, a estratégia é neste período chuvoso plantar 30 mil mudas das três espécies
dominantes na região: Rhizophora
mangle (mangue-vermelho), Laguncularia
racemosa (mangue-branco) e Avicennia
germinans (mangue-preto), destinadas a recompor 12 hectares de
áreas impactadas em três reservas extrativistas marinhas nos municípios
paraenses de Bragança, Augusto Corrêa e Tracuateua.
“Ao contrário da costa do Nordeste, onde
ocorrem impactos severos da carcinicultura, nos manguezais amazônicos não há
grandes áreas devastadas e a principal questão é a retirada de madeira pelas
atividades comunitárias para construir casas, cercas e currais de pesca”,
explica o biólogo.
Além da estrutura de viveiros, mantida
com apoio dos moradores, o trabalho tem suporte do conhecimento tradicional de
pescadores e coletores de caranguejo no mapeamento das áreas prioritárias para
receber as mudas e na definição do método de plantio, juntamente às ações
socioambientais do Mangues da Amazônia reflorestamento – iniciativa realizada
pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, com patrocínio da Petrobras e
apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal
do Pará (UFPA).
O plantio de mudas começou pela Reserva
Extrativista Caeté-Taperaçu, em Bragança (PA), nos dias 26 e 27 de fevereiro,
estendendo-se de 11 a 13 de março para Tracuateua e 25 a 27 para Augusto
Corrêa. Com um diferencial: a dinâmica do reflorestamento é fio condutor de
todo um trabalho de sensibilizar as comunidades para a conservação,
especialmente por meio de atividades educativas com crianças e jovens das
diferentes faixas etárias. “Isso gera uma sensação de pertencimento, porque
quem planta também cuida e protege”, ressalta Gardunho.
Como marco do plantio que se inicia,
está previsto o lançamento de um guia inédito que ensina a planejar e plantar mudas
nos manguezais da região, cuja demanda normalmente parte das comunidades
locais. Com informações didáticas desde a manutenção dos viveiros até o
monitoramento das áreas plantadas, o material inclui dois produtos: um manual
simplificado de bolso para uso em campo na prática do reflorestamento, e uma
cartilha com conteúdo mais detalhado dos procedimentos, de cunho mais técnico e
destinado também ao público leigo, em geral.
A iniciativa tem o propósito de
contribuir para transmitir e replicar o conhecimento e as lições aprendidas,
dando continuidade e aumentando a escala de futuras ações de reflorestamento
nos mangues na região pelas comunidades locais. O guia será disponibilizado em
formato digital no site www.manguesdaamazonia.gov.br.
O atual plantio de mudas tem base na
prática e no conhecimento científico adquiridos nos últimos anos por
pesquisadores que integram o Projeto Mangues da Amazônia e – além da
recuperação ambiental – servirá de laboratório e fonte de novos dados para
estudos sobre manejo e uso sustentável do caranguejo-uçá e da madeira de
mangue. Além disso, o monitoramento das áreas em recuperação, principalmente
quanto à biomassa e carbono, fornecerá subsídios para melhor entendimento e
maior valorização desse ecossistema no contexto da mitigação da mudança
climática global.
“No âmbito do projeto, as atividades de
reflorestamento dos manguezais têm uma abordagem preventiva, mais do que
propriamente a recuperação de áreas que já foram degradadas, repondo o que foi
perdido”, ressalta o pesquisador Marcus Fernandes, coordenador do LAMA. Segundo
ele, na costa amazônica os manguezais têm sofrido poucos danos nos últimos 30
anos, com impactos que representam menos de 1% das áreas de manguezal perdidas
no País. “Nossas atividades de reflorestamento são usadas no contexto da
educação ambiental para sensibilizar sobre os riscos da degradação”, completa o
pesquisador.
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Sobre o Projeto Mangues da Amazônia
@manguesdaamazonia
O Mangues da Amazônia é um projeto
socioambiental com foco na recuperação e conservação de manguezais em Reservas
Extrativistas Marinhas do estado do Pará. É realizado pelo Instituto Peabiru e
pela Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal
(LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e conta com patrocínio da
Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental. Com início em 2021 e
duração de dois anos, o projeto atua na recuperação de espécies-chave dos
manguezais através da elaboração de estratégias de manejo da madeira e do
caranguejo-uçá com a participação das comunidades.
Sobre a Associação Sarambuí @sarambui_
A Associação Sarambuí é uma Organização
da Sociedade Civil (OSC) com sede em Bragança – Pará, constituída em 2015, cuja
missão é promover a geração de conhecimento de maneira participativa, em prol
da conservação e sustentabilidade dos recursos estuarino-costeiros. Nossas
ações são direcionadas ao ecossistema manguezal, ao longo da costa amazônica
brasileira, em particular no litoral do Estado do Pará. É uma das organizações
realizadoras do projeto Mangues da Amazônia.
Sobre o Instituto Peabiru
@institutopeabiru
O Instituto Peabiru é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) brasileira, fundada em 1998, que tem por missão facilitar processos de fortalecimento da organização social e da valorização da sociobiodiversidade. Com sede em Belém, atua nacionalmente, especialmente no bioma Amazônia, com ênfase no Marajó, Nordeste Paraense e na Região Metropolitana de Belém (PA). É uma das organizações realizadoras do projeto Mangues da Amazônia.
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