Estudo inédito revela que mães discordam de pais e liderança quando o assunto é satisfação no ambiente de trabalho
Dados da Filhos no Currículo indicam que 68% das mães consideram suas empresas um bom lugar para se trabalhar, enquanto para lideranças e pais a percepção é mais positiva, chegando a 90%.
Abril 2022 – A pesquisa inédita “Mapeando um ambiente pró-família nas
organizações” avaliou a experiência de mães/pais, liderança e
colegas de profissionais com filhos em suas empresas, a fim de investigar o
entendimento do conceito de um ambiente acolhedor para colaboradores com
filhos.
As mães são mais
criteriosas do que pais e líderes quando o assunto é satisfação no ambiente de
trabalho. Dados do levantamento indicam que 90% dos homens acreditam que a empresa
na qual trabalham é um bom lugar para
as mães trabalharem. Quando a mesma pergunta é feita para essas
mulheres, o índice cai para 68%.
A discrepância também acontece entre líderes (83%) e colegas de profissionais
com filhos (80%), ainda sobre o ambiente favorável para essas mães.
As mulheres também se
mostram mais criteriosas quando interrogadas se a empresa é um bom lugar para pais trabalharem, se
mostrando menos otimistas (77%)
em relação aos colaboradores homens (87%),
bem como aos líderes (83%).
Quando questionados
sobre o benefício essencial na criação de um ambiente pró-família, a maioria
das pessoas lideradas apontou a jornada
de trabalho flexível em primeiro lugar, superando a licença
maternidade e paternidade estendida, o auxílio-creche e o plano de saúde
estendido aos dependentes.
Os dados do
levantamento são da Filhos
no Currículo, consultoria focada em criar ambientes corporativos
cada vez mais acolhedores para pais e mães, e teve o apoio da Talenses Group e do Movimento Mulher 360.
O estudo também investiga o grau de segurança da gestão para lidar com os
desafios de seus liderados. Foram ouvidos 1.568 profissionais de empresas de
todas as regiões do país, entre novembro de 2021 e janeiro de 2022.
Expectativa x Realidade
com a liderança
Entre as iniciativas
socioemocionais apontadas como desejáveis num ambiente pró-família, liderança acolhedora e empática
foi requisito principal apontado pelos profissionais. Em seguida: recepção no
retorno da licença, preparação para a licença maternidade e mentorias de
carreira após a chegada dos filhos, apoio psicológico e, por fim, programas de
acompanhamento para gestantes e parceiros.
De primeira, 70% dos colaboradores se declararam
acolhidos pelo seu líder direto, mas, ao serem questionados se
sentiam alguma insegurança para comunicar suas necessidades com clareza para o
gestor, 45% responderam
ainda ficar inseguros,
e 35% dos
colaboradores, em geral, afirmaram ter nenhuma
ou pouca clareza
acerca das políticas de parentalidade da organização.
Com relação à
liderança, 98% afirmam
se sentir seguros em gerir
uma equipe de
profissionais com filhos, mas, ao serem perguntados sobre o
grau de segurança para esclarecer
dúvidas relacionadas as políticas de parentalidade, esse
percentual cai para 73%.
Medos Permanecem
Os resultados da
pesquisa levantam outro aspecto importante: 1 em cada 4 dos entrevistados
vivenciam ou vivenciaram uma parentalidade
com desafios, caracterizada pelo luto gestacional, a
parentalidade solo ou de filhos com necessidades específicas, adoção, gestação
de risco ou prematuridade, dentre outros casos. A maioria deles apresentou uma
visão ainda mais crítica com relação às práticas de parentalidade desenvolvidas
nas empresas. Eles também expõem mais falta
de segurança no retorno após o período de licença. A
diferença de insegurança desse grupo para àqueles que não têm uma parentalidade
desafiadora, chega a dez pontos percentuais.
Atenção especial no retorno ao trabalho: 25% dos pais e mães em geral
revelam insegurança nessa fase. Para os líderes, esse também é
o momento de menor percepção de segurança desde a saída para a licença. A importância de um olhar atento nesse
momento é tão crítica, que consta entre as top 5 iniciativas
almejadas para a criação de um ambiente de trabalho que respeite a
parentalidade (58%).
A pesquisa também
apurou as percepções na espera do bebê: 4 em cada 10 entrevistados disserem ter
apresentado algum grau de insegurança para dar a notícia da gestação e cuidar de suas
necessidades físicas e emocionais. Em relação à licença maternidade e retorno
ao trabalho, sustentar a
amamentação nesse retorno foi considerado preocupante para
metade das mães.
Mais isonomia na
criação de um ambiente pró-família
Para Michelle Terni, cofundadora
da consultoria Filhos no
Currículo e idealizadora da pesquisa, o levantamento indica
três principais caminhos. O primeiro deles é reforçar o trabalho de base
dentro das empresas - que passa pela implementação de benefícios (como jornadas
flexíveis, licenças parentais, auxílios financeiros e de saúde), até a mudança
no comportamento da liderança.
Outro ponto, segundo
ela, é tratar a causa das
disparidades encontradas no mercado em relação ao que é este
ambiente pró-família. “Não há
um olhar unificado sobre o significado. Percebam que a maioria se diz
satisfeita com as práticas das empresas, ou seguras para liderar colaboradores
com filhos. Ao mesmo tempo, sinalizam desconhecer o que é uma política parental
ou não ter preparo para orientar seus colaboradores sobre o assunto”,
destaca a consultora responsável pela implementação de trilhas de conteúdo,
vivências de sensibilização e estruturação de programas de parentalidade corporativos.
A respeito da visão
mais criteriosa das entrevistadas mães, Michelle enfatiza que o terceiro
caminho é trazer mais
isonomia para a conversa. “Essa
diferença nas percepções é reflexo de uma sobrecarga para essas mulheres no que
se refere aos cuidados parentais. A realidade começará a mudar quando as
empresas ampliarem a pauta, deixando de falar somente para e com a mulher, e
passarem a abrir diálogo e propor benefícios e políticas para a família, em
seus vários formatos possíveis”, frisa.
Ainda falando de
isonomia, a especialista acredita que o mesmo acontece com pais e mães que
apresentam situações
adversas de parentalidade. “Se
1 em cada 4 pais enfrentam desafios – como luto, filhos com necessidades
específicas, entre outras questões, as empresas precisam se movimentar com
políticas, processos, iniciativas e atitudes adequadas para acolher essa
diversidade”, completa.
Alguns depoimentos
anônimos colhidos na pesquisa:
- “(Uma empresa pró-família é) um
ambiente onde a chegada de um novo membro na família seja vista de maneira
tão natural pelos líderes e pares, que o responsável não sinta receio de
falar sobre o assunto e no impacto em seu desenvolvimento profissional”. Ambiente Pró-Família
- “Trabalhar com uma líder que
entende os desafios da maternidade faz toda diferença. Já desisti de
propostas de emprego aparentemente melhores em termos de posição e salário
justamente por perceber que não teria flexibilidade alguma e teria que
passar muito tempo longe dele, seja por deslocamentos infinitos, seja por
super demanda de viagens. Ser mãe não me limita. E não quero um emprego
que limite minha maternidade” Empatia da liderança
- “Quero que as empresas entendam
que não sou divisível nos meus papéis. Sou sempre mãe e naquele momento
ESTOU trabalhando. Meu filho existe, mesmo no horário comercial. E eu sou
mãe no horário comercial. E minhas escolhas e visão de mundo possuem esse
filtro também, de alguém que tem filhos, que enxerga o mundo por essa
ótica.” Ser mãe e
profissional
- “Sou homem, gestor e tenho uma
líder mulher que foi muito pouco compreensiva na hora de eu tirar os 20
dias de licença paternidade. A empresa tem alguns bons benefícios, mas a
prática da liderança passa longe disso. Dá a entender que os benefícios
são para “parecer legal” para o mercado e atrair talentos”. Paternidade não acolhida
- “O luto gestacional é muito
negligenciado pelas empresas e afeta muito a saúde mental das pessoas.
Tive duas perdas que necessitaram de internação hospitalar e em uma delas
não fiquei nem ao menos um dia afastada, trabalhei firme, mas com dores no
corpo e no coração e sei que isso cobrou seu preço na minha saúde mental.
As empresas e gestores precisam estar preparadas para lidar com estas
situações.” Adversidades
na parentalidade
- “Minha carreira alavancava ano
a ano antes de ser mãe, com promoções e aumentos. Atualmente, sinto minha
entrega ainda maior, mas não tenho aumento há mais de 5 anos. Como mãe,
acabo tendo que sair em horários diferentes, não faço horas extras. O que
parece é que não sou merecedora de promoção, como se estivesse em
"débito" pelas vezes que tive que deixar o time e ir atender meu
filho”. Desaceleração
da carreira.
Sobre a Filhos no
Currículo:
Uma consultoria de impacto que nasceu em 2018 para tornar as empresas o melhor lugar para mães e pais trabalharem e se desenvolverem. Criando projetos de employer & consumer experience, pesquisas e ações de sensibilização pautadas nos temas de inteligência emocional, equidade de gênero e parentalidade, a Filhos no Currículo tem como objetivo humanizar as relações, desconstruir vieses e criar ambientes empáticos que colaborem para o engajamento e a performance de profissionais com filhos. Dialogam com pais, mães, lideranças, gestores de RH e Diversidade sobre essas pautas, a partir dos pilares de sensibilização, consultoria eengajamento. Já realizaram ações em empresas como Pepsico, B3, Roche, Ambev, PwC, Gerdau, MM360, Ambev e Grupo Raia Drogasil.
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