Recursos humanos e finanças: antagonismo e completude
Grazi
Piva e Rodolfo Leandro de Faria Olivo **
Muitas organizações têm o desafio de
estabelecer uma boa relação de trabalho entre o departamento Financeiro e a
área Recursos Humanos. Conflitos em relação aos papéis e objetivos desses
departamentos são muito comuns, mesmo tendo uma correlação histórica. A
falta de sintonia começa a partir de seus objetivos e perspectivas apartadas,
diferença na mentalidade de negócios e, mesmo que muitas vezes estejam em lados
diferentes da equação de negócios, há muitas sobreposições.
Com base em um pensamento
ultrapassado, a área de RH foca somente no capital humano e o considera o ativo
mais importante. O departamento financeiro, por outro lado, se concentra
somente no lucro e vê o departamento de RH como uma unidade de gastos
intermináveis, esquecendo que essa parceria pode ser fundamental para uma organização
saudável, mantendo o equilíbrio entre custos e receitas.
Sabe-se que as atuais funções de RH
associadas à administração de mão de obra, folha de pagamento e salários eram
tradicionalmente tarefas dos executivos financeiros. A expressão “recursos
humanos” foi criada, na verdade, por um economista no final dos anos
1800. Mas, com o passar do tempo, os pontos focais do RH foram
substancialmente modificados. As projeções financeiras tradicionalmente
usadas, tiveram que abrir espaço para programas de treinamento personalizados,
benefícios e programas de saúde mental, por exemplo.
A linguagem das finanças é baseada
principalmente em números, o que significa que a maioria dos departamentos
financeiros prefere uma visão geral de como uma despesa trará um retorno válido
sobre o investimento (ROI - Return On Investment), mas também seria muito
interessante se a área RH pudesse implementar políticas que impactassem também
a lucratividade, criar uma espécie de “Self-ROI”, equilibrando uma visão de
presente com planejamento futuro, buscando uma boa compreensão do negócio, e
como funciona a sustentabilidade financeiramente do mesmo.
A tecnologia atual e unificada
de gerenciamento de força de trabalho permite que RH e finanças coletem dados
cruciais e os usem para melhorar os resultados de uma empresa. Não basta
somente estimar o impacto de aumentos salariais, bônus e outros programas
motivacionais; é preciso considerar também o impacto que a rotatividade de
funcionários tem no resultado final, pois treinar e demitir também custa caro
(para o caixa e para cultura).
O RH precisa de ferramentas analíticas
específicas (mas integrativas), que permita o gerenciamento total do ciclo de
vida dos funcionários e que, ao mesmo tempo, seja de fácil acessibilidade,
passando assim, de um relacionamento de antagonismo para um relacionamento de
parceria com a área financeira, podendo gerar muitas vantagens, ajudando na
tomada na decisões que passarão a ser baseadas em dados e não de forma
intrínseca e intuitiva, melhorando também as previsões orçamentárias. Como
resultado, decisões mais precisas serão tomadas, as despesas trabalhistas
diminuem e a taxa de retenção de funcionários aumenta.
O cenário pandêmico delineou como essa
junção seria benéfica e o quanto custou (de capital e de energia), a falta
desse entrosamento. Seria muito interessante termos mais profissionais de RH
com entendimento nas linhas do DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) e
mais profissionais de finanças falando sobre aspectos humanos.
No final, tudo se resume a pessoas e
processos. Quando há a compreensão sobre as possibilidades de conexões com
a visão estratégica geral da empresa, entendimento sobre o propósito de cada um
e, adicionalmente, uma avaliação crítica de seu valor compartilhado no apoio a
essa visão, a colaboração coexiste e pode ser realmente eficaz, trazendo
benefícios em longo prazo, aumentando o retorno e reduzindo o risco, criando um
grande valor para a organização.
** PhD em
administração pela FEA-USP e professor da FIA
**
Executiva de RH, especializada em desenvolvimento humano e mestranda pela FIA.
SOBRE
A EDC GROUP
A EDC Group é uma consultoria de RH e
outsourcing de serviços especializados. Com mais de 10 anos de atuação no
mercado, a empresa oferece serviços de Hunting, Temporários, Outsourcing, BPO e
Projetos especiais, para as áreas de Engenharia, Manufatura, Logística,
Agroindustrial, Telecomunicações, Serviços e Saúde, visando fornecer o
profissional adequado a necessidade da empresa, proporcionando a cada
colaborador a oportunidade de crescimento e desenvolvimento.
Com sede em São Paulo (SP) e filiais em Indaiatuba (SP) e Troy Michigan (EUA), a EDC conta com mais de 200 colaboradores para atender clientes como Siemens, Mercedes-Benz, John Deere, AGCO, ZF, entre outros. Saiba mais: www.edcgroup.com.br
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