Apenas 24% das empresas familiares planejam a sucessão
No agronegócio, 54% dos empresários acreditam
que essa é a maior necessidade da companhia
As empresas de
perfil familiar são responsáveis por mais da metade do PIB brasileiro e
empregam 75% da mão de obra no país. Os dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) deixam clara a importância do setor para a
economia. Apesar dos números expressivos, apenas 24% dessas empresas se
preparam para a sucessão, uma etapa fundamental para garantir a longevidade e
manter a competitividade. A conclusão é da 10ª Pesquisa Global sobre Empresas
Familiares – 2021.
“A
sucessão familiar passa por toda a questão de governança, de perpetuidade dos
negócios. Fazer um planejamento sucessório adequado permite não só economizar
com tributos, mas organizar toda a passagem do patrimônio para os sucessores e
herdeiros de forma simples e desburocratizada”, resume Marco César Favarin, advogado
especializado em Direito Societário e em Gestão Estratégica de Empresas e
Negócios, sócio da Consulcamp.
Essa
preocupação é grande entre as empresas familiares do agronegócio, setor
responsável por 27,4% do PIB brasileiro em 2021. A pesquisa Governança no
Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais
Brasileiros, da KPMG no Brasil e do Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), mostrou que, para 54% dos entrevistados, a sucessão é a
maior necessidade da empresa.
O especialista
conta que uma sucessão planejada com antecedência é mais barata, rápida e deixa
pouca margem para contestações judiciais. “A perda do patriarca ou matriarca da família já é, por si
só, um momento delicado. Fazer um plano de sucessão garante que a transição
seja tranquila, sem burocracia e até mais barata, pois é possível economizar
muito em tributos” explica.
Ao desenhar a
sucessão em vida, os empresários evitam o inventário judicial e uma briga na
Justiça que pode durar anos. “Você
evita, por exemplo, o bloqueio de bens até que se faça a efetiva partilha.
Essas longas disputas podem dificultar investimentos e até paralisar essas
empresas. Quando tudo é planejado em vida, é possível definir cláusulas
específicas para cada situação. Por isso é importante buscar especialistas que
entendam de cada setor, para definir a solução adequada a cada necessidade”,
completa.
Sucessão planejada com antecedência é mais barata e rápida
(Foto: Freepik)
Entraves
Seja por
desconhecimento e falta de informação, ou por resistência do patriarca, que tem
a falsa sensação de abrir mão do controle dos negócios, deixar de planejar a
sucessão é um erro grave. “O
grande problema nas empresas familiares é a questão da governança corporativa.
O patriarca, muitas vezes, concentra todo o controle e decisões na sua mão, e
‘esquece’ que um dia vai morrer. Ele deixa de preparar seus filhos ou um
profissional para gerenciar seus negócios e isso pode comprometer a
sobrevivência das empresas”, comenta Marco Favarin.
Personalizado
Não há uma
fórmula única para o planejamento sucessório. “Cada empresa, cada família tem uma
estrutura, uma necessidade. As soluções mudam se há menores de idade, pessoas
com deficiências, filhos fora do casamento. Então é preciso fazer um estudo de
cada estrutura familiar, da estrutura empresarial e patrimonial e, claro,
atender às vontades do patriarca. O objetivo é otimizar tanto a questão
burocrática, quanto a sucessória”, completa o especialista.
Marco César Favarin é advogado especializado em
Direito
Societário e Gestão
Estratégica de Empresas
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