De volta ao campo, Rally da Safra avalia impactos do clima nas lavouras de milho segunda safra
Seis equipes técnicas percorrerão os principais
Estados produtores até 11 de junho
18/05/2022 - O Rally da Safra volta à estrada, a
partir desta semana, para dimensionar o potencial produtivo da segunda safra de
milho que registra o plantio mais adiantado da história e altos investimentos
em tecnologia. Será também o momento para constatar o tamanho da frustração
causada pelo clima adverso nas lavouras de milho segunda safra. Os desafios do
trabalho em campo começaram na última segunda-feira, dia 16 de maio, e seguem
até 11 de junho, num período crítico das lavouras de milho consolidando o mais
importante levantamento da safra brasileira.
“Os dois principais estados produtores
de milho segunda safra tiveram um início de safra fantástico, com plantio
antecipado e condições climáticas favoráveis na implantação. No Mato Grosso,
80% das áreas foram implantadas dentro do calendário ideal ou de baixo risco,
que corresponde ao período até a terceira semana de fevereiro. No Oeste do
Paraná, 63% das lavouras foram implantadas nessa mesma condição”, explica André
Debastiani, coordenador do Rally da Safra.
A situação mais crítica fica por conta
dos estados de Goiás e Minas Gerais, onde o calendário de risco climático é
mais crítico em relação à safra passada em função do excesso de chuvas na
colheita da soja, que estendeu o plantio do milho. Nesses estados, apenas 42% e
14% das lavouras, respectivamente, foram implantadas dentro do calendário ideal
ou de baixo risco.
“Se considerarmos a data de corte do dia
28 de fevereiro podemos dizer que o plantio do milho no Brasil adiantou em
média 15 dias, quando comparado com a safra passada. Há alguns destaques
positivos, como é o caso do Paraná, que antecipou em 23 dias o plantio e o
negativo, com Minas Gerais que apresenta um atraso de pelo menos 7 dias”, diz
Debastiani.
Apesar do bom início de safra, a
estiagem em abril trouxe dificuldades para o desenvolvimento das lavouras na
maior parte do Centro Oeste. “Observamos um comportamento climático favorável à
safra no início de março, com bom volume de chuvas no Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, mas no caso de Minas Gerais, a seca continuava. No final do mês, a
irregularidade de chuvas atingiu também o estado de Goiás. Abril chegou com
pouco ou quase nada de chuva. Algumas regiões ficaram sem chuvas entre 30 e 40
dias”, afirma.
Segundo o coordenador do Rally, é
importante observar as condições climáticas que causam perdas de produtividade
e cruzá-las com os dados do plantio. “Quanto maior a antecipação na implantação
das lavouras, maior foi a parcela das lavouras que pendoaram em condições
climáticas favoráveis. Apesar do clima seco em abril no Mato Grosso, podemos
afirmar que 73% das lavouras pendoaram com boas condições de chuvas e não devem
ser severamente afetadas pela seca. Ao olharmos para Goiás e Minas Gerais, a
situação é bem distinta. Em Goiás, 24% das lavouras pendoaram com condições de
chuvas regulares e, em Minas Gerais, apenas 6%. Certamente o peso da estiagem
de abril - e que perdura em maio em algumas regiões - é maior nesses últimos
dois estados”, relata.
Ainda que a irregularidade climática
traga dificuldades aos produtores e quebras em algumas regiões, as perspectivas
de produtividade são boas em comparação com a safra passada. O Mato Grosso
poderá chegar a 101 sacos por hectare na safra 21/22, contra 95 na temporada
passada. A estimativa para o Mato Grosso do Sul é de 93 sacas por hectare (43
na safra 20/21). Já Goiás poderá alcançar 84 sacas por hectare (68 na safra
20/21). A projeção para o Paraná é de 98 sacas por hectare (22 em 20/21) e
mesmo Minas Gerais apresenta uma estimativa de 68 sacas por hectare (46 na
safra passada).
Já em relação às estimativas de janeiro
último, há queda de 7% na produtividade no Mato Grosso, 24% em Goiás e 28% em
Minas Gerais. Os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul apresentam ligeiro
crescimento (3%).
Diante desses dados, a Agroconsult,
organizadora do Rally, projeta uma safra de 87,6 milhões de toneladas – redução
de 4,6 milhões de toneladas sobre a perspectiva de janeiro - para uma área de
15,8 milhões de hectares. Trata-se de uma safra recorde – em 20/21, o Brasil
colheu 60,9 milhões de toneladas de milho segunda safra, em 14,5 milhões de
hectares. A safra total de milho é estimada em 113 milhões de toneladas, com
crescimento de 29,6% sobre a anterior.
“Trata-se de um momento importante para
conhecermos os efeitos da estiagem no campo, a partir da leitura do peso dos
grãos e a população de plantas. Temos também alta infestação de cigarrinhas em
todas as regiões produtoras, o que poderá reduzir a produtividade, mas isso só
ficará mais claro durante a colheita, se houver tombamento das lavouras. São
variáveis que vamos acompanhar em campo juntamente com a situação climática. Há
previsão de geadas frequentes que poderão prejudicar as lavouras nesse
período”, esclarece Debastiani.
Na última segunda-feira, dia 16, o Rally
da Safra voltou a campo e seis equipes irão coletar amostras no Oeste,
Médio-Norte e Sudeste do Mato Grosso e no Sudoeste de Goiás. No início de
junho, os técnicos visitarão lavouras no Norte do Mato Grosso do Sul e Oeste do
Paraná, finalizando os trabalhos de avaliação do milho segunda safra no dia 11
de junho.
Mais de 80 mil quilômetros deverão ser
percorridos em 11 estados durante a 19ª edição do Rally da Safra, principal
expedição técnica do agronegócio brasileiro. A expectativa é coletar 1500
amostras em campo. Organizada pela Agroconsult, a expedição técnica tem o
patrocínio do Banco Santander, FMC, OCP Fertilizantes e Serasa Experian e apoio
nacional da Hidrovias do Brasil e Unidas Agro.
O trabalho das equipes e o roteiro completo da expedição poderão ser acompanhados pelo http://bit.ly/RallyRedesSociais
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