Especialistas internacionais debatem investimentos em ESG no Brasil
Conduzido pelo LIDE UK, em parceria com a
Cadwalader, encontro falou sobre transição verde no contexto brasileiro
Duncan Grieve, Fabrizio Palmucci, Jason Halper,
Graham Stock e Breno Silva
divulgação / Central Press
Nos últimos anos, o termo ESG recebeu
muita visibilidade no Brasil. A sigla, que significa Environmental, Social and
Governance (ambiental, social e governança), é designada às empresas que
realizam ações e são norteadas por boas práticas ambientais, sociais e de
governança, a fim de causar um impacto positivo em todas essas frentes.
O Brasil conta com uma vasta gama de
energias renováveis e é dono de uma das energias mais limpas do mundo, com
quase 50% das suas fontes de energia sendo desse tipo, um número extremamente
alto se comparado com a média mundial (14%). Porém, depender dessas fontes
ainda demanda um custo muito alto para as empresas do país, que necessitam de
investidores para que possam se adequar a essas exigências.
Para realizar práticas ESG bem
sucedidas, as companhias devem se atentar aos principais fatores
socioambientais envolvidos em seus serviços, como redução de emissão de carbono
e, consequentemente, diminuição na poluição e geração de resíduos. Uma das
notáveis formas de investimento nessa área são os fundos ESG, direcionados de
acordo com o nível de sustentabilidade que a empresa apresenta. As companhias
que desejam receber os fundos necessitam cumprir algumas demandas, como, por
exemplo, detalhar as práticas corporativas, transparência financeira, ser
inclusiva e representativa, realizar iniciativas sociais, ser ambientalmente
consciente no uso de seus recursos e possuir princípios de governança.
Essa é a grande questão: como as companhias
brasileiras, que ainda não realizam práticas de acordo com o ESG, podem receber
incentivos para tornar-se ambientalmente responsáveis? Na última semana, um
evento promovido pelo LIDE UK em Londres reuniu vários especialistas
internacionais para discutir o assunto. Para o presidente do LIDE UK, Breno
Silva, falar no Reino Unido sobre os investimentos em ESG no Brasil é uma forma
de inserir o país no mercado internacional. “O Reino Unido é um dos principais
centros econômicos do mundo e é importante mostrar a todos os desafios e
oportunidades presentes no Brasil. Temos vários desafios pela frente e devemos
encontrar um equilíbrio entre ações urgentes e um planejamento sustentável de
longo prazo”, aponta.
Para o consultor sênior da Climate Bonds
Initiative, Fabrizio Palmucci, CFA, o Brasil ainda é um mercado pequeno na
área, mas tem um grande potencial. “Já estamos trabalhando em conjunto com as
autoridades brasileiras para que essa área de investimentos cresça bastante no
país, pois é um lugar repleto de oportunidades em iniciativas verdes”, explica.
O advogado especialista da Cadwalader, Duncan Grieve, ressalta que, para ele, o
tópico mais importante do evento foi o de como gerar um consenso global sobre
os padrões de iniciativas verdes. “Para que haja mudanças realmente efetivas,
devemos ter uma cooperação internacional mais forte e engajada na perspectiva
do ESG”, destaca Grieve.
É importantíssimo falar desse tema no
Brasil para fazer com que o governo e as empresas do país controlem, ao máximo,
o risco reputacional que podem enfrentar, principalmente em mercados
emergentes, conforme aponta o estrategista sênior de mercados emergentes da
BlueBay Asset Management, Graham Stock. “Já estamos, há alguns anos, em
conversas com o governo brasileiro para entender o que pode ser feito para
evitar ações como os incêndios florestais e crimes contra a natureza,
principalmente na Floresta Amazônica”, explica.
Por ser visto como um mercado de maior
risco em relação aos países europeus, o copresidente e membro do comitê de
gestão da Cadwalader, Jason Halper, acredita que as empresas brasileiras
precisam mostrar estabilidade para atrair investimentos internacionais em ESG.
“O básico que as companhias brasileiras podem fazer para isso é deixar claro
que suas empresas têm uma boa administração, são estáveis financeiramente,
fazem uma boa gestão dos riscos climáticos e se importam com as iniciativas
verdes”, alerta o especialista.
Segundo Breno, com tudo que foi
discutido no evento, foi concluído que são necessárias regras e políticas mais
claras e harmonizadas para incentivar e dar escala aos investimentos
sustentáveis – e isso precisa ser feito com um trabalho mais integrado,
trazendo as frentes públicas e privadas para a conversa. Além disso, Breno
lembra que, para alcançarmos uma transição justa e sustentável, deve-se olhar
também para o impacto econômico-social, não somente para o clima. “Ao realizar
essa transição verde, é importante pensar em todas as partes envolvidas. Por
exemplo, não adianta preservar a Amazônia se as pessoas que vivem lá não
tiverem as condições ideais para sobreviver e se desenvolver”, finaliza.
O Brazil ESG Investment Agenda 2022 foi
o primeiro de uma série de eventos do LIDE UK, em que são abordadas
perspectivas políticas e econômicas das empresas no Brasil e Reino Unido, a fim
de melhorar o ambiente de negócios entre as empresas e investidores dos países.
ABOUT LIDE UK
LIDE – Business Leaders Group is an organization that brings together executives from various sectors in order to strengthen free initiative for economic and social development, as well as the defense of ethical principles of governance in the public and private spheres. Established in five continents and with over two dozen fronts of action, the group has regional and international units with the purpose of strengthening the action of the business community in the creation of an ethical, developed and globally competitive society. LIDE is present in 15 countries, with a network of more than 1,700 companies and over 3,400 leaders. LIDE provides a solid platform for business leaders, supporting discussions on how to enhance bilateral cooperation around global business priorities, such as digital transformation, climate action, sustainable development and economic recovery. It’s efforts contribute to the dissemination of corporate best practices and the identification of concrete opportunities for bilateral trade in areas such as renewable energy, sanitation, health, sciences and agribusiness. LIDE UK was founded in 2019 in London and is chaired by Breno Silva.
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