Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica comemora 16 anos com evento gratuito em Ilha Comprida
Expoente do movimento negro e da musicalidade
africana, Mestre Lumumba é um dos destaques da programação, que acontece entre
os dias 20 e 22 de maio
Mestre Lumumba
Acervo Ponto de Cultura
Promover os saberes ancestrais de
comunidades tradicionais caiçaras, quilombolas, ribeirinhas e indígenas: essa é
a missão da organização social Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica, que
completa 16 anos de atuação no fomento à memória, à inovação cidadã e à
sustentabilidade na região do Vale do Ribeira. Nos próximos dias 20, 21 e 22 de
maio, a iniciativa vai comemorar seu aniversário com uma extensa programação
cultural gratuita em Boqueirão Sul - Ilha Comprida, litoral sul de São Paulo.
As atividades incluem música ao vivo com os DJ Rica e Evelyn Cristina, fandango
caiçara, apresentação do coral indígena Guarani M'Bya, da aldeia Takuari-Ty, e
uma oficina com o multiartista Mestre Lumumba. Toda a programação acontece na
pousada Namastê Portal Eco Cultural Lagamar.
Oficina de cantos étnicos e tambores
afro-ameríndios
Um dos destaques da comemoração de
aniversário do Ponto de Cultura Povos da Mata Atântica é a participação do
mestre Lumumba, conselheiro da organização e um expoente do movimento negro no
Brasil. No sábado (21), das 15h às 18h, e no domingo (22), das 9h às 18h, ele
vai ministrar a oficina “Cantos
étnicos + Construção e toques de tambores afro-ameríndios”. Pessoas
interessadas em participar da oficina podem fazer inscrição gratuita pelo
e-mail contato@povosdamataatlantica.org.br.
É preciso informar nome completo, telefone, cidade, se pertence a comunidades
indígenas ou tradicionais e se atua com projetos relacionados a conhecimentos
afro-ameríndios. As vagas são limitadas.
Homenageado pelo Movimento Negro
Unificado (MNU) devido a sua trajetória de luta contra o racismo, Benedito Luiz
Amauro (Mestre Lumumba) é um dos detentores e mantenedores dos saberes
tradicionais e ancestrais afro-ameríndios. Poeta, instrumentista, compositor e
pesquisador, ele uniu sua bagagem ao ofício de fazedor de tambores e realiza
oficinas para difundir, por meio de um processo educativo, os saberes
envolvidos na construção e toque de instrumentos percussivos e da vivência dos
ritmos e cantos conectados ao universo da cultura afro-ameríndia.
Mais atrações
Na sexta-feira, às 20h, a Namastê recebe
o DJ Rica Almeida. No sábado, às 14h, será a vez da apresentação do coral
M’Borai Nhembojera, da etnia Guarani M’Bya – Tekoa Takuari-Ty. Às 18h, entra em
cena o fandango caiçara. Mais tarde, às 22h, também na pousada Namastê, o
aniversário terá música ao vivo com a DJ Evelyn Cristina.
Efervescência cultural
O Ponto de Cultura Povos da Mata
Atlântica possui programas de fortalecimento do turismo sustentável, difusão de
memória e saberes tradicionais e laboratório de inovação cidadã. Fundador da
organização, o educador Fernando Oliveira explica que o objetivo é, por meio da
convivência com as comunidades, identificar suas demandas e buscar soluções
criativas e inovadoras com base em tecnologias sociais e digitais.
Ao desenvolver e apoiar projetos em
Cananeia, o Ponto de Cultura colaborou para uma mudança de patamar da cidade,
que passou a ser uma referência cultural no Brasil e em outros países. “Já
participamos de eventos internacionais, recebendo pessoas em Cananeia e
enviando pessoas para outros países. Um deles foi o Mestre Zé Pereira, um dos
mestres do fandango caiçara, que participou de um evento ibero-americano em
Cuba. Já viajamos pelo Brasil para participar de eventos na área cultural e
colaboramos para o fortalecimento de festas comunitárias. Cananeia passou a ser
reconhecida como um pólo cultural”, relata Oliveira.
Impacto social e preservação da memória
A liderança quilombola Nei Mandira
participa há alguns anos do Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica. “O ponto
de Cultura sempre insere a comunidade nos eventos organizados, a intervenção na
comunidade do Mandira é relacionada à participação em eventos, à realização de
oficinas e parcerias na divulgação cultural”, afirma. Para ele, a organização é
um símbolo de resistência cultural: “Hoje, o país está em uma situação em que
as comunidades tradicionais ou pequenos grupos que manifestam algum tipo de
cultura dos nossos antepassados possuem muita dificuldade para mantê-la e
perder isso é muito rápido. Acho que é necessário ter uma organização que
brigue por isso e busque meios de manter a cultura viva”.
Cleuza da Silva é parteira, mestra
fandangueira e responsável pelo Grupo de Fandango Vida Feliz. Nascida em
Cananeia, ela conheceu o fandango caiçara - considerado patrimônio cultural
brasileiro - na infância e hoje é uma líder respeitada da cultura popular da
região. Para ela, a parceria com o Ponto de Cultura funciona como um grande
vetor na divulgação do fandango caiçara de Cananeia. “A parceria com o Ponto de
Cultura é muito importante para nós porque a gente se realiza através da
cultura”, ressalta. Abílio Wera, liderança indígena da etnia Guarani M'bay concorda:
“O Ponto de Cultura trouxe muito apoio e divulgação do nosso conhecimento
cultural para a sociedade compreender o valor da sabedoria dos povos
tradicionais”.
A organização também se preocupa em
inserir jovens nos projetos para proporcionar a eles outras oportunidades e
conhecimentos. “Quando conseguimos incluir jovens nos projetos, é nítido como
eles alçam um voo e atingem outro patamar. Colaboramos para uma transformação
social na vida dessas pessoas, que passam a se compreender dentro de processos autônomos
de empoderamento e começam a desenvolver seus próprios caminhos. Muitos foram
para a universidade e para a área cultural”, conclui Fernando Oliveira.
Serviço:
Aniversário 16 anos do Ponto de Cultura
Povos da Mata Atlântica
Dias 20, 21 e 22 de maio, na pousada
Namastê Portal Eco Cultural Lagamar
Boqueirão do Sul - Ilha Comprida
Programação
20 de maio - 20h: DJ Rica Almeida
21 de maio - 14h: Coral M’Borai Nhembojera
21 de maio - 18h: Fandango Caiçara
21 de maio - 22h: DJ Evelyn Cristina
21 e 22 de maio - Oficina “Cantos
étnicos + Construção e toques de tambores afro-ameríndios”, com
Mestre Lumumba
Sobre o Ponto de Cultura Povos da Mata
Atlântica
Organização social que tem por
finalidade social promover a educação e a cultura, a partir da valorização da
pluralidade cultural e da sociobiodiversidade como bases em processos de
inovação cidadã capazes de gerar tecnologias sociais e soluções sustentáveis em
conexão com os saberes ancestrais dos Povos da Mata Atlântica, tendo todas as
faixas etárias, dessa população, como público alvo.
Cria e realiza ações em toda a cadeia produtiva sustentável para a elaboração, captação de recursos, execução e prestação de contas de projetos e programas, tendo como foco principal as seguintes áreas: educação, meio ambiente, cultura, turismo, agricultura e segurança alimentar, saúde humana e bem-estar; experimentação de novas tecnologias sociais e de modelos de negócios sociais.
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