Renda familiar: Não é preciso ganhar mais para utilizar melhor
Por Charys Oliveira *
Receber um belo aumento de salário é o objetivo da maioria dos
profissionais brasileiros. Afinal, quem não gosta de ter um dinheiro a mais e
obter um desafogo financeiro, não é mesmo? Entretanto, ainda que uma renda
maior ajude a colocar as contas em dia, ela não pode ser o único fator que
equilibra o orçamento familiar. Na verdade, ter uma remuneração melhor nem
sempre representa tranquilidade nas finanças. É com o conhecimento, que pode
ser adquirido a partir da educação financeira, que se torna possível
estabelecer uma relação saudável com o dinheiro, sem que ela esteja
condicionada a um possível aumento salarial.
A instabilidade econômica vivida pelo Brasil faz com que as
pessoas tenham mais dificuldades em relação a seus rendimentos. Entre 2020 e
2022, por exemplo, o governo federal editou medidas e programas que permitiam
às empresas reduzirem a remuneração de seus colaboradores em troca da
manutenção dos empregos durante o pico da pandemia de covid-19. A estratégia,
evidentemente, reduziu a renda dos brasileiros. Praticamente três em cada dez
pessoas no país viviam com apenas 25% do salário mínimo, de acordo com o quarto
boletim Desigualdade nas Metrópoles divulgado em julho do ano passado.
Há um senso comum entre profissionais de diferentes perfis e
visões de que os problemas financeiros entre os brasileiros são decorrentes do
salário, ou melhor, da baixa remuneração. Por isso, muitos acreditam que, se o
rendimento aumentar, é possível superar as adversidades e colocar as contas em
dia. Infelizmente, já está claro para as organizações que essa não é uma
relação direta.
Ter mais dinheiro em mãos não necessariamente significa a redução
das dívidas Assim, a despesa adicional da empresa para proporcionar um aumento
de salário, que deveria contribuir para a tranquilidade (e produtividade) dos
profissionais, não alcança o efeito esperado. Querer uma maior remuneração é
uma alternativa mais simples – e segura – para o colaborador do que encarar os
reais problemas que atormentam seu planejamento financeiro. As pessoas tendem a
achar que trabalham sempre mais do que realmente ganham (em alguns casos isso
até acontece), mas o fato é que cada empresa tem sua política de valorização e
gratificação. Em outras palavras: aumento salarial é uma ferramenta de
reconhecimento utilizada pelos gestores e o RH para premiar profissionais que
se destacam no ambiente de trabalho, e não para socorrer financeiramente cada
um.
Isso, evidentemente, não significa que a organização simplesmente
deva virar as costas a seus colaboradores. Pelo contrário, ela pode – e deve –
oferecer condições para que cada indivíduo possa sanar suas dívidas e
reequilibrar as contas. Isso até pode ocorrer com maior remuneração, mas
certamente é potencializado com um programa de saúde financeira voltado à
realidade dos profissionais. É preciso oferecer conteúdo que os ensinam a
administrar melhor a renda familiar, reduzir gastos e potencializar receitas.
Além disso, para os casos mais complicados, é possível até criar programas de
concessão de crédito com taxas mais vantajosas para que os colaboradores possam
pagar suas dívidas emergenciais sem comprometer ainda mais os rendimentos.
Assim, o melhor é ter o conhecimento de como utilizá-lo no futuro.
O conceito de saúde financeira está diretamente ligado à relação que temos com
o dinheiro e como ela pode ser mais sustentável. Se as pessoas não conseguem
controlar seus gastos e/ou fazem compras por impulso, dar uma quantia maior a
elas só irá servir de “munição” para gastarem ainda mais. Em contrapartida, com
a orientação adequada e programas que estimulem o consumo consciente, o
profissional reduz os custos supérfluos de seu orçamento e percebe que os
sonhos independem da sua remuneração. Basta ter inteligência na hora de gastar
e traçar as melhores estratégias para atingir os objetivos.
* Charys Oliveira é Head de Saúde Financeira da Ahfin, fintech RH com foco em saúde financeira – e-mail: ahfin@nbpress.com
Sobre a Ahfin
Fundada em 2020, a Ahfin é uma fintech RH, incubada pela Ahgora Sistemas, com foco em saúde financeira. A empresa é um fruto de anos de observação de operações que não deram os lucros esperados e de como as preocupações financeiras individuais podem afetar o trabalho de toda uma equipe. Por isso, o conceito é de que, por meio do RH das empresas, o colaborador possa solicitar créditos financeiros de forma simples e livre de burocracias, ao mesmo tempo que a empresa zela pelo fim de suas preocupações – consequentemente fazendo com ele possa ter suas atenções novamente voltadas para o trabalho. Vale salientar que os benefícios oferecidos pela Ahfin não apresentam nenhum custo para a empresa – ahfin@nbpress.com
Nenhum comentário