Como não ser a próxima vítima: dicas para evitar golpes pelo WhatsApp
Juliana Callado Gonçales*
O WhatsApp é
considerado um dos principais meios de comunicação. Com mais de 120 milhões de
contas, o Brasil é o segundo país em número de downloads do aplicativo, ficando
atrás apenas da Índia.
Se de um lado esse
aplicativo facilita a nossa comunicação, por outro ele vem sendo cada vez mais
utilizado para a prática de crimes de estelionato e extorsão. O objetivo deste
texto é explicar como esses golpes funcionam e passar algumas dicas para tentar
evitá-los. Também serão mencionadas as condutas que a vítima deve tomar.
1- Sequestro do
WhatsApp por clonagem do chip ou técnicas de engenharia social
Como o golpe funciona:
Com um chip novo e os dados pessoais da vítima, o criminoso entre em contato
com a operadora de telefonia e solicita a ativação do número da vítima no novo
chip.
A partir daí do
criminoso “assume a identidade da vítima” e passa a pedir dinheiro para os
contatos, principalmente familiares, alegando emergências e a impossibilidade
de acessar a sua conta bancária.
Quando o chip é clonado
a vítima perde o acesso ao seu celular e aplicativos.
Outra forma de assumir
a identidade da vítima através do WhatsApp é através de técnicas de engenharia
social para convencer o usuário a passar o código de instalação do aplicativo.
Nesse caso, a vítima não perde o acesso do seu telefone, mas apenas do seu
WhatsApp.
A engenharia social
consiste em técnicas empregadas por criminosos para induzir a vítima a enviar
dados confidenciais. Essas técnicas exploram principalmente a confiança e a
falta de conhecimento da vítima. As principais formas de engenharia social são:
oferecimento de brindes através de acessos em links fraudados, sites de vendas
falsos, descontos em produtos e serviços falsos, contato de falsos funcionário
pedindo a atualização de cadastro.
Como tentar evitar este
golpe: Não habilitar a verificação em duas etapas via SMS, prefira aplicativos
de tokens de acesso, como Google Authenticator e Authy.
Ative a verificação em
duas etapas no WhatsApp. Ative também os códigos PIN e PUK do seu chip SIM.
Por fim, tome cuidado
com e-mails promocionais e ligações solicitando códigos e senhas. Não é conduta
comum das empresas solicitar tais dados. Recebendo qualquer contato nesse
sentido não repasse informações e se dirija diretamente até o estabelecimento
para verificar o ocorrido.
Os engenheiros sociais
são ardilosos, criam uma situação muito próxima da realidade, até com sons de
pessoas falando ao fundo para parecer uma empresa e gravações de músicas e
áudios iguais ao de bancos e lojas quando transferem ligações entre
departamentos.
Como agir no caso de
ter sido vítima: avise os seus contatos, principalmente familiares. Envie um
e-mail para o endereço support@whasapp.com informando a clonagem da sua conta e
solicitando a desativação.
É importante registrar
um boletim de ocorrência e em alguns caso pode ser necessário o ajuizamento de
ação judicial.
2- Criação de perfil
fake para solicitar depósito para contatos da vítima
Como o golpe funciona:
o criminoso acessa bancos de dados e obtém informações sobre a vítima e seus
familiares. Em seguida cria uma conta no WhatsApp com a foto da vítima,
facilmente obtida em redes sociais. Com esta conta, entra em contato com os
familiares da vítima alegando problemas no celular e na conta bancária. Afirma que
teve que trocar de celular e solicita depósitos de valores em contas de
terceiros.
Nesse caso o celular e
o WhatsApp da vítima não são afetados e continuam funcionando normalmente.
Como tentar evitar esse
golpe: aumente as configurações de privacidade das suas redes sociais e evite
deixar o seu perfil sem limitações de acesso. Tome cuidado ao disponibilizar os
seus dados pessoais, suas informações são a extensão da sua personalidade e
podem ser utilizadas para aplicar golpes nos seus familiares. É importante
entender que nós temos um papel importante para garantir a nossa segurança.
A Lei Geral de Proteção
de Dados (LGPD), tem como principal propósito proteger as nossas informações
pessoais para evitar as situações narradas acima. É importante que você
compartilhe os seus dados apenas com empresas que cumpram esta lei. É seu
direito exigir das empresas, comércio, órgãos públicos informações sobre as
medidas adotadas para a proteção dos seus dados. Lembre-se, não é um favor, é
uma obrigação legal de todo aquele que recebe dados pessoais utilizá-los de
forma segura.
Como agir no caso de
ter sido vítima: Comunique imediatamente os seus contatos, principalmente seus
familiares. Instrua os seus parentes a não realizarem depósitos em contas de
terceiros por mais convincente que pareça a situação. Avise que no caso de
mudança de número você irá ligar para comunicar e não enviará mensagens.
Denuncie a conta pelo próprio aplicativo e através do e-mail support@whatsapp.com.
*Juliana Callado Gonçales é sócia do Silveira Advogados e especialista em proteção de dados pessoais (www.silveiralaw.com.br)
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