Coworkings têm se tornado uma opção para os cirurgiões-dentistas
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Seguindo uma tendência mundial, o
mercado de coworking popularizou-se no Brasil em diversas áreas. Na Odontologia
tem se firmado cada vez mais como uma opção para os cirurgiões-dentistas que
buscam vantagens econômicas e menos burocráticas. Mas, será que a modalidade de
compartilhar consultórios dentários realmente é vantajosa para os
profissionais?
De acordo com o Censo Coworking Brasil,
houve aumento de 25% de escritórios compartilhados conhecidos no mercado em
2019, se comparado ao ano anterior, quando houve um salto de 1.194 para 1.497
estabelecimentos registrados. Número que representa 650% de crescimento em
quatro anos, em comparação a 2015, ano de início do levantamento, quando
existiam apenas 238. Já os dados do primeiro Censo ANCEV (Associação Nacional
dos Coworkings e Escritórios Virtuais), realizado pela Painel Pesquisas e
Consultoria em 2021, apontam que existem no Brasil 1.647 coworkings localizados
nas 100 maiores cidades do País.
Para a cirurgiã-dentista e consultora da
área da saúde, especialista em Planejamento Estratégico de Negócios, doutora em
Odontologia e MBA em Serviços da Saúde, Dra. Elaine Escobar, os coworkings para
a área da saúde vieram para ficar. “A tendência é o aumento significativo dos
espaços destinados a coworking para a saúde nos próximos anos, incluindo a
Odontologia. Atualmente, a prática se restringe a algumas capitais brasileiras,
mas deve crescer também nos municípios do interior, do litoral e chegar a
outras regiões”.
Diferenciais
A especialista explica que existem tipos
de coworkings diferentes para a Odontologia. São diferenciais que impactam na
experiência vivenciada pelos pacientes, como preços repassados a eles, custo da
hora de atendimento do cirurgião-dentista, disponibilidade de equipes
preparadas e possibilidade de haver no mesmo local um centro de exames sem que
o paciente precise se deslocar para outros espaços. Dentre os atrativos, estão
o acesso a equipamentos com tecnologia de ponta, custo zero de investimento, o
fato de não precisar administrar o próprio consultório e as burocracias
advindas dele.
“Muitos espaços de coworking garantem
que os clientes realizem, no próprio local, exames, como tomografias e
escaneamento intraoral, sem necessidade de deslocamentos. Isso pode representar
uma vantagem no sentido de melhor administração do tempo”. A especialista
completa que: “O cirurgião-dentista fica responsável pelo cálculo do valor da
sua hora profissional, definindo seus honorários; pela organização da própria
agenda; pela administração de seu tempo; pelo material de consumo; pelo
relacionamento com os clientes e pelo tratamento odontológico”.
Além disso, Elaine Escobar desmistifica
a ideia de que coworking ocasiona uma impessoalidade no ambiente profissional,
já que o cirurgião-dentista tem a possibilidade de escolher o espaço que mais
condiz com seu público. “O atendimento somente será impessoal se esse for o
critério adotado pelo profissional. É possível que o cirurgião-dentista tenha o
próprio auxiliar de saúde bucal, secretária e estagiário. Cada profissional
formata seu atendimento como melhor julga para seus clientes”.
Menos gastos
O cirurgião-dentista mestre em
Implantodontia, Histologia e Estética Dental, Dr. Maurício Querido, que é
empreendedor de clínica coworking, fala sobre os pontos positivos em usar a
modalidade de compartilhamentos de consultórios. “Acho que os benefícios são
muito maiores e mais evidentes que os malefícios. Vai desde a diminuição de
despesas por quem utiliza o local até o aumento de ganhos para quem
rentabilizou a ociosidade de seu espaço e transformou-o em um ambiente de
coworking. Como usuário, você não se preocupa com gastos de infraestrutura,
investimentos em novos equipamentos e sua manutenção. Também otimiza seu tempo
para atender suas necessidades e não depender de outras empresas e organizações
para exercer sua profissão”.
Porém, ao mesmo tempo, Maurício faz,
também, uma observação às desvantagens. “Talvez uma desvantagem seja que muitos
espaços de coworking não possuem uma agenda tão flexível. E, percebemos que
algumas clínicas não buscam adequar seu espaço para receber os profissionais
com seus pacientes. Um mínimo de cuidado deve ser observado, sem ter a
necessidade de maiores investimentos”. Mesmo assim, o cirurgião-dentista
salienta que há uma grande variedade de clínicas nesta modalidade nos últimos
anos, e elas estão crescendo expressivamente no Brasil.
Média de preço para usar os consultórios
em formato de coworking
Em média, em São Paulo e no Rio de
Janeiro, os profissionais podem desembolsar entre R$ 80,00 e R$ 150,00 para
usar as clínicas odontológicas na modalidade coworking. Mas, os valores podem
se modificar conforme a infraestrutura instalada nos espaços e as suas
localizações.
Querido destaca que é possível encontrar
clínicas com valores menores e maiores do que os citados. “Tem clínicas para
todos os gostos e valores. A plataforma DocWorking permite que as buscas por
clínicas em todo Brasil possam ser realizadas, pensando-se em infraestrutura,
especialidades, serviços e equipamentos que elas oferecem, e até mesmo buscar
por diferentes valores”.
De acordo com dados da pesquisa Tomaz
Consultoria 2020, o Brasil tem média de 39% de ociosidade em consultórios
odontológicos, o que representa, aproximadamente, mais de 1/3 de horários ociosos,
ou seja, “dinheiro jogado fora”, como diz o cirurgião-dentista Maurício
Querido, que completa, ainda, que a modalidade é uma boa opção para os
dentistas recém-formados.
“Não só é uma boa, é uma excelente
opção. Aliás, muitos deveriam começar trabalhando desta forma até criar sua
clientela e ter condições de investir no próprio espaço, se assim for sua
vontade no futuro. Muitos dentistas recém-formados não possuem local para atuar
logo após terem concluído seus cursos de ensino, o que torna o coworking uma
ótima alternativa”.
Ele finaliza com uma dica aos
profissionais: “Sugiro que façam um “test-drive”. Com certeza, seus pacientes
tratarão tudo de forma natural. Eles estarão no espaço que seu dentista
escolheu, e isto não será um impeditivo”.
Atenção às regras da Vigilância
Sanitária antes de optar pelo coworking
Para os cirurgiões-dentistas que estão
dispostos a optar pelo compartilhamento de consultórios por meio do sistema de
coworking, é importante saber que a Vigilância Sanitária dispõe de regras que
disciplinam esse tipo de negócio.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da
Secretaria Municipal da Saúde (SMS), esclarece que o licenciamento sanitário
das atividades de interesse à saúde na modalidade coworking deve seguir o
estabelecido na Portaria CVS 1, de 22 de julho de 2020, que disciplina, no
âmbito do Sistema Estadual de Vigilância Sanitária, o licenciamento destes
estabelecimentos.
Conforme a portaria, nas unidades em que
há multiprofissionais de saúde, sem vínculo entre si, exercendo atividades distintas
ou não, em salas não compartilhadas, a licença sanitária deve ser emitida para
cada um dos espaços, conforme a atividade desenvolvida.
A Secretaria Municipal das
Subprefeituras informa que todo estabelecimento onde será exercida uma
atividade não residencial na cidade de São Paulo necessita obter o Auto de
Licença de Funcionamento (ALF) junto à subprefeitura local, conforme determina
o Artigo 136 da Lei Nº 16.402/2016:
“Art. 136. Nenhuma atividade não
residencial – nR poderá ser instalada sem prévia emissão, pela Prefeitura, da
licença correspondente, sem a qual será considerada em situação irregular.”
Para o caso descrito, o local deve
apresentar Auto de Licença de Funcionamento (ALF) para toda a área em que a
atividade for exercida, seja um ALF para cada uma das salas ou um ALF que
englobe o todo.
Confira alguns cuidados ao optar pelo
coworking e sempre esteja atento a:
- Equipamentos:
veja se o local possui o mínimo de equipamentos que são imprescindíveis
para realizar o atendimento;
- Contrato:
ao assinar o contrato de coworking, certifique-se de ser responsável
técnico e ético apenas pelos seus próprios atendimentos;
- Serviços de telefonia:
procure saber de que forma esse sistema é oferecido e verifique se há um
atendente;
- Internet e impressão:
certifique-se de como é o sinal da internet e não tenha receio de
perguntar qual é a velocidade do serviço contratado;
- Limpeza e organização:
Um detalhe fundamental, pois é necessário que o ambiente seja agradável;
- Localização:
o espaço de coworking deve estar situado em uma região estratégica;
- Orçamento:
é imprescindível avaliar se o valor gasto com a locação do espaço está de
acordo;
- Exigências:
verificar a questão legislativa e as exigências da Vigilância Sanitária e
dos órgãos da classe é imprescindível;
- Publicidade:
não realize publicidade indevida;
- Informações:
assegure o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Sobre o CROSP
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)
é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito
público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética
profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar
pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom
conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com
mais de 140 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas,
o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício
profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos
em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.
Confira mais notícias através do site oficial: www.crosp.org.br
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