Fora da curva: Por que estrangeiros estão apostando no mercado brasileiro?
Na contramão da crise global causada pela alta
dos juros, empresas e empreendedores de fora contam os motivos de continuarem
investindo no país
São Paulo, julho de 2022 - Enquanto o mercado de inovação
sente a alta dos juros que vem gerando milhares de demissões em consequência
dos conflitos na Europa, resquícios econômicos da pandemia, entre outras
razões, algumas empresas internacionais e até mesmo empresários estrangeiros
estão enxergando oportunidades para continuar se sobressaindo em diversos
segmentos no Brasil. Quais estratégias estão abordando para conter essa
desaceleração que muitas startups estão sofrendo? Quais os motivos que tornam o
país atrativo para esses empreendedores manterem seus negócios aquecidos?
Apesar dos desafios atuais no mercado,
além de um conjunto de regulamentações rigorosas, Brad Liebmann, empreendedor
americano e CEO do alt.bank, fintech brasileira focada em
levar justiça financeira por meio de práticas justas, está confiante entrando
na concorrência dos bancos digitais brasileiros. “Apesar do mercado ter mudado,
mantemos um ritmo de contratação. O segredo é um bom planejamento, por isso,
temos dinheiro e não vamos sair da concorrência, muito menos dar um passo maior
do que podemos. Nos últimos seis trimestres nossa média de contratações tem
sido de duas pessoas por mês. Atualmente contamos com 113 colaboradores”,
comenta o empreendedor.
“Apostamos em oferecer aos usuários mais
controle das operações de crédito e débito. Chegamos em 2019, e este mês
lançamos o cartão de crédito no Brasil. A lista de espera para o cartão de
crédito era de cerca de 200 mil usuários até semana passada, crescendo cerca de
1.400 por dia, segundo a empresa”, complementa.
Ao mudar de segmento, também é notado um
movimento. A liberação da telemedicina - impulsionada pela pandemia - e o
potencial do mercado de beleza brasileiro, o quarto maior do mundo, perdendo
apenas para os Estados Unidos, China e Japão, motivou a vinda da alemã FORMEL Skin ao Brasil.
Já um sucesso na Alemanha e Suíça, a health tech decidiu aterrissar no Brasil
após receber o investimento de 30 milhões de euros na maior série A da Europa.
“Os brasileiros são muito focados em saúde e beleza, e lançar a nossa marca
aqui é estratégico, não apenas do ponto de vista dos negócios, como também no
que diz respeito à saúde de modo geral”, explica a médica Sarah Bechstein,
dermatologista e co-fundadora da FORMEL Skin.
A marca oferece planos que incluem
consultas dermatológicas via telemedicina com envio de produtos personalizados,
além de acompanhamento virtual, a partir de R$147 por mês com cobertura em todo
o país. Em processo de expansão, a FORMEL SKIN também oferece oportunidades de
emprego para formar a equipe no Brasil.
Ainda há aqueles que estão inovando as
vendas em moda e trazendo para o Brasil tendências que são sucesso no exterior,
Samuel Negrão, cidadão americano nascido no Brasil, após passar três anos
trabalhando na Rakuten Japão, uma das maiores plataformas de e-commerce do
mundo, tinha interesse em voltar para ao país natal para abrir algo no setor
usando o conhecimento adquirido na Ásia. Com interesses em comum com Amanda
Martins, que fez parte do time que lançou a Uber, Hai Habot, ex-executivo
de tecnologia do Walmart, Ebay e mentor do Google Global Startup Accelerator e
Oksana Semenov eBay e AOL, fundaram a Livela.
“O Brasil é o segundo no ranking de
países que passam mais tempo nas redes sociais. Além disso, de acordo com o
Video Marketing Statistics 2022, 60% dos consumidores são mais propensos a
comprar, se assistem um video demonstrativo do produto”, comenta Samuel Negrão,
co-fundador da Livela.
O time chamou a atenção da Sukhinder Singh Cassidy,
renomada alta executiva do Vale do Silício, que aposta no sucesso do
negócio e realizou o investimento anjo na empresa. A plataforma propõe
digitalizar a chamada "compra por descoberta" no Brasil, por meio de
conteúdos relevantes e curadoria de produtos minuciosa feita por especialistas.
Esse modelo de negócio - que já é sucesso nos Estados Unidos e China - vem
impactando milhões de clientes ao redor do mundo, gerando bilhões de dólares
por ano e criando alguns novos unicórnios.
Apesar de ter menos de seis meses, a empresa vem apresentando crescimento acelerado, de acordo com empresário. “Quando lançamos o produto fazíamos uma live por semana. Após dois meses, já contamos com cinco lives por semana, algo inédito nesse segmento. Continuamos trabalhando para duplicar essa frequência. A nossa expectativa é tornar a Livela a maior plataforma digital focada em conteúdo e compras por descoberta no Brasil”, finaliza.
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