Nota Oficial FENIVE sobre acidente com GNV
Federação Nacional da Inspeção Veicular emite
nota sobre explosão de GNV no Rio de Janeiro na terça-feira
Pesquisa de campo mostrou que cerca de 39% dos veículos
estavam com a inspeção veicular periódica vencida
Divulgação FENIVE
A Federação Nacional da Inspeção
Veicular (FENIVE) lamenta profundamente a morte do senhor Mário Magalhães da
Penha, 67 anos, vítima de uma fatalidade ocorrida na terça-feira (26) em um
posto de combustíveis no Rio de Janeiro. O cilindro de gás natural veicular
estourou durante o abastecimento do veículo. Magalhães chegou a ser encaminhado
ao hospital, mas veio a falecer na madrugada desta quarta-feira (27), menos de
24 horas depois do episódio.
A FENIVE se solidariza com os amigos e
familiares da vítima e está colaborando com as autoridades para que as causas
deste sinistro sejam esclarecidas, para que, definitivamente, isto não mais
aconteça. O sistema GNV é seguro. Mas há procedimentos a serem adotados na
instalação e manutenção do sistema.
O levantamento preliminar realizado por
especialistas em inspeção veicular que foram até o local do acidente mostrou
que o cilindro presente no carro envolvido no acidente não é o mesmo que havia
sido inspecionado no veículo em 2021. A inspeção veicular periódica é uma das
exigências legais para que o carro que passou pela conversão possa circular
regularmente.
Conforme apontaram as análises
preliminares, o cilindro que estourou teria sido retirado de um veículo que
havia sido roubado em 2016. Como pode ser observado na foto anexa, é provável
que o cilindro tenha passado por incêndio e, depois de ter sido repintado e
adulterado, foi instalado no veículo. Não é possível afirmar se o proprietário
do veículo tinha ciência disto. Outras afirmações só serão possíveis depois do
resultado final da perícia.
A cidade do Rio de Janeiro conta com uma
lei municipal que prevê verificação do selo GNV para que o veículo seja
abastecido (Lei 7.024/2021). Tudo indica que esta legislação não foi cumprida
pelo estabelecimento, apesar de estar em vigor.
Dados de junho de 2022 da Secretaria
Nacional de Trânsito (Senatran) mostram que existem mais de 2,6 milhões de
veículos com GNV (Gás Natural Veicular) instalados no Brasil.
O Rio de Janeiro é o estado com o maior
número de veículos com GNV, provavelmente pela cultura criada, com grande rede
de abastecimento de combustível e desconto no IPVA. São mais de 1,6 milhão de
veículos registrados com o combustível gasoso.
GNV é combustível limpo, que pode
representar até 40% de economia de dinheiro em relação aos combustíveis
líquidos, dependendo do motor, uso e preço dos combustíveis. Os sistemas
modernos proporcionam bom desempenho do motor, com economia e segurança. O
sistema de GNV é seguro. Os componentes são certificados pelo Inmetro e passam
por rigorosos testes de confiabilidade. Cilindros de GNV, por exemplo, podem
ser alvejados por projéteis de fuzil, sem estourar, e suportam pressões muito
maiores que aquelas do abastecimento.
Em geral, o GNV é instalado nos veículos
usados, através de um processo simples de modificação veicular: cidadão
solicita autorização prévia ao Detran, realiza a instalação do kit em oficina
homologada pelo Inmetro, para então realizar a inspeção veicular em empresas
acreditadas pelo Inmetro e licenciadas pela Senatran (ITL – Instituição Técnica
Licenciada).
Após a inspeção, o veículo é
regularizado no Detran, que inclui o combustível no documento. Todos os anos os
veículos com GNV devem passar por inspeção periódica para verificação do
sistema GNV e demais sistemas de segurança do veículo. Quando aprovado, o
proprietário do veículo recebe o selo GNV, de porte obrigatório. A cada cinco
anos o cilindro deve passar por um processo de requalificação para garantir
suas características mecânicas.
Entretanto, a frota de veículos com
instalação irregular de GNV é elevada, colocando todos em risco. A Fenive tem
feito pesquisas de campo de veículos abastecendo com GNV em diversas cidades,
com foco no Rio de Janeiro. Ficou constatado que mais de 40% dos veículos que
foram abastecidos tinham alguma irregularidade.
Cerca de 39% dos veículos pesquisados
estavam com a inspeção veicular periódica vencida. Além disso, outros 15% não
tinham nenhuma inspeção registrada. 95% dos veículos pesquisados foram no
Estado do RJ. A pesquisa foi realizada com recurso das associações que fazem
parte da FENIVE, utilizando o banco de dados dos organismos de inspeção através
do aplicativo GNV Legal, desenvolvido pelo grupo Otimiza, que fornece sistemas
para as empresas (planilha anexa). Em outros estados, o índice de veículos
irregulares passa de 40%, como em Minas Gerais e Paraná, por exemplo.
Há Estados que possuem leis para tentar
coibir abastecimento de veículos irregulares, exigindo a apresentação do selo
GNV, mas a FENIVE entende que somente com sistemas informatizados será possível
controlar estes abastecimentos. Em Santa Catarina há uma lei estadual que prevê
a leitura de selo GNV com chip para desbloquear o abastecimento na bomba. Mas a
lei ainda está sendo implementada.
Não há estatísticas oficiais de
sinistros envolvendo veículos com GNV instalado, mas só no Rio de Janeiro
ocorreram pelo menos oito acidentes entre 2016 e 2019. Houve outro acidente em
Maceió, em 2020 e outros três esse ano, sendo dois no Rio de Janeiro e um em
Fortaleza. Os acidentes, já investigados, ocorreram com veículos irregulares,
com cilindros sem condições de uso.
A FENIVE tem procurado o Inmetro desde 2018 para que sejam desenvolvidas ferramentas sistêmicas integradas para melhorar o controle dos sistemas GNV instalados, mas sem sucesso. O Inmetro tem ciência dos dados apurados com o aplicativo GNV Legal.
Nenhum comentário