Qual é a importância do diagnóstico precoce da endometriose?
A dificuldade na investigação pode causar uma
piora no quadro, já que uma mulher leva, em média, de sete a oito anos para
descobrir a doença
São Paulo, julho de 2022 - Anitta compartilhou em suas redes
sociais seu recente diagnóstico de endometriose. Após sofrer por anos com dores
angustiantes e sem saber ao certo o que tinha, a cantora realizou uma
ressonância magnética o qual constatou que suas dores eram provenientes de
endometriose. Ao compartilhar sua trajetória nas redes sociais, sua
visibilidade colocou a doença em pauta e chocou a população com um fato
curioso: a demora para se diagnosticar a doença.
Segundo o ginecologista e diretor de
comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), Dr. Marcos
Tcherniakovsky, a doença desperta o interesse para pesquisas, mas ela ainda não
é compreendida pela população.
“Apesar de ser considerada uma doença da
mulher moderna, muitas mulheres desenvolvem poucos sintomas que chamem a
atenção, sendo interpretada muitas vezes como frescura, dor psicológica ou até
mesmo uma dor que a mulher deveria suportar. Hoje, sabemos o quanto é
importante se atentar aos sintomas, mesmo que estes sejam de forma leve",
explica o Dr. Marcos.
Dados sobre a doença
Segundo a Sociedade Brasileira de
Endometriose, a doença acomete em média de 10 a 15% das brasileiras em idade
fértil, ou seja, são mais de 7 milhões de mulheres em todo o país. Seu
diagnóstico costuma ser feito entre os 25 e 35 anos, no entanto, muitas
mulheres apresentam os sintomas cada vez mais cedo, mas acabam sendo
confundidas com fortes cólicas ou problemas intestinais, o que pode fazer com
que leve anos até ser descoberta. Outro fator significativo é que muitas
mulheres que têm a doença ainda não iniciaram sua vida sexual, portanto, não
apresentam os sintomas mais comentados como dor durante as relações sexuais
(principal sintoma relatado por Anitta) e dificuldade para engravidar. Soma-se
a isso que muitas das mulheres usam anticoncepcionais hormonais desde sua
adolescência sem acompanhamento médico de rotina e este fato pode confundir e
mascarar a presença da endometriose.
“É importante sinalizar que quanto mais
cedo a endometriose é descoberta, maiores são as chances de controlar a sua
evolução. O ideal no tratamento é iniciar o bloqueio dos estímulos dos hormônios
ovarianos sobre os focos da doença, recorrendo aos tratamentos adequados para
cada caso, que tem como objetivo controlar a doença, garantir a qualidade de
vida das mulheres e preservar a sua fertilidade. Mesmo não tendo cura, vale
sempre lembrar que a doença tem tratamento e controle”, finaliza
Tcherniakovsky.
Embora a doença tenha as suas
particularidades, quanto mais cedo houver a desconfiança, quanto mais for
falado sobre este assunto, maiores são as chances de dar uma qualidade de vida
e de preservarmos a fertilidade da mulher, por isso um diagnóstico precoce pode
fazer a diferença na saúde e bem-estar da paciente.
SOBRE O MÉDICO
Dr. Marcos Tcherniakovsky –
Ginecologista e Obstetra – Alto conhecimento em Endometriose e Vídeo-endoscopia
Ginecológica (Histeroscopia e Laparoscopia). É Diretor de Comunicação da
Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE). Médico Responsável pelo Setor de
Vídeo-endoscopia Ginecológica e Endometriose da Faculdade de Medicina da
Fundação do ABC. Membro da comissão de especialidades na área de Endometriose
pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Médico
Responsável da Clínica Ginelife.
Instagram: @dr.marcostcher
Nenhum comentário