ÚLTIMA SEMANA: DAN Contemporânea apresenta a exposição Petrafagia, de Denise Milan
Mostra tem curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro e participação do fotógrafo Sérgio Coimbra
Fotos: Sergio Coimbra
“Em muitas culturas do mundo, as pedras
e os cristais representam uma conexão com uma forma mais antiga e
profunda de conhecimento. Acredita-se que sejam possuidoras de energias
específicas, sabedoria e poder de cura. Na obra de Denise Milan, muitas
vezes vemos cenas dramáticas nas quais as forças geológicas – envolvidas
em conflitos, suspensões e resoluções – servem como metáforas, ou, antes,
metonímias, das forças que moldam a nossa consciência”, analisa Gabriel Pérez-Barreiro, curador
da exposição Petrafagia,
individual de Denise que tem participação especial do fotógrafo Sérgio Coimbra, em
cartaz na DAN
Contemporânea até o dia 06 de agosto. Além disso, Marcello
Dantas, curador da 13ª Bienal de Artes do Mercosul, selecionou a artista
para participar da próxima edição do evento, que acontece em setembro deste
ano, em Porto Alegre (RS).
“Vamos sobreviver ou desaparecer? Têm
guerras, mudanças climáticas, Covid, crises... Vamos sobreviver? As pedras trazem
esperança. Conseguem superar os obstáculos e encontrar maneiras de
permanecer no planeta”, explica Denise, que traça um paralelo entre essa força
da natureza e questões humanas e convida o público para “degustá-las
visualmente e digeri-las metafisicamente''.
Em tom otimista e de celebração, a
artista desloca pedras e cristais da posição de objetos e os valoriza em
um protagonismo conceitual. Na mostra Petrafagia,
Milan apresenta o terceiro capítulo dessa série, denominado Banquete Magmático. Criada
durante a pandemia, a obra única e provocante consiste em uma mesa sobre
a qual são dispostos múltiplos objetos. Assim como na gastronomia,
trata-se de um banquete repleto de diferentes texturas, cores, brilhos e
transparências, porém de pedras. A mesa,
que convida o visitante a “degustar” o que é exposto, tem geodos de
ametista (chamadas por ela de entidades
vulcânicas e testemunhas de criação da Terra), que conferem
escala humana e dramaticidade à cena.
As fotografias de Sergio Coimbra
preenchem o segundo espaço da galeria. Inspirado pelo banquete, o
fotógrafo gastronômico fez uma série de imagens que percorrem os
universos individuais da artista. Adaptando sua técnica para o tema de Petrafagia, Coimbra captou o
diálogo único entre o mundo dos cristais e a sua imaginação humana.
“Assim como na gastronomia, observei um
mundo rico e infindável de formas e texturas, percebi uma relação única
de beleza em cada ‘prato escultura’, onde poderia explorar toda aquela magia
proporcionada pela natureza”, declara o fotógrafo.
A terceira parte da exposição é composta
por 12 obras em menor escala, objetos e intervenções denominados Tesouros pela artista. Esses
trabalhos mais intimistas, criados por Denise também durante a pandemia,
despertam o olhar para a riqueza mineral de uma forma que o espectador
possa vivenciar o diálogo entre o mundo natural dos cristais e as questões
humanas, proposto pela escultora e artista multidisciplinar contemporânea
brasileira. Denise Milan, pesquisadora em cristalografia e geologia há
mais de 40 anos, mergulhou nesse assunto que revela a poética da sua
criação.
”Identifico na obra da Denise um
potencial de transformação enorme, que quebra um paradigma da arte
contemporânea. Com 50 anos de história, faztodo sentido a DAN Contemporânea
trabalhar com Denise, porque a obra dela faz uma ponte entre concretismo e o
neoconcretismo, e a arte contemporânea, revelando uma geometria oculta na
estrutura mineral” reflete Flávio Cohn, diretor da DAN
Contemporânea.
No campo visual, é imprescindível
destacar a geometria das obras de Milan, que se apropria de linhas
naturais e revela uma verdade das formas geométricas por meio das suas
criações. “Quando trabalhamos juntos no livro Cadumbra, Haroldo de Campos fez uma relação
entre o meu trabalho e o concretismo e disse: ‘nós, poetas concretos,
trabalhamos com a geometria das estruturas minerais, e você também’. Ou
seja, há uma questão estrutural na minha produção”, declara a artista.
Sobre Denise Milan
Denise Milan nasceu em São Paulo, em
1954. Escultora e artista contemporânea, interage com especialistas em
ciência e tecnologia, antropologia, filosofia, literatura e música. Suas obras
estão expostas em várias instituições e espaços nacionais e internacionais.
Utiliza a pedra como eixo criativo em esculturas, performances urbanas,
poesias, projetos multimídia, óperas e assemblages.
Pioneira e ativista do movimento da Arte
Pública no Brasil e exterior, algumas de suas obras públicas incluem
performances: U Ura Muta Uê em
Belém (PA), Redenção do
Pelourinho em Salvador (BA), Sectiones Mundi no Museu de Arte Moderna (SP), Entes SESC (SP), no
Améfrica, em Brasília, no CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil.
Esculturas públicas em São Paulo: Drusa
no Anhangabaú; Ventre
da Vida no metrô Clínicas; Um
Furo no Espaço no Museu de Arte Contemporânea; Palas Atenas no Campus da
USP; Tempos de Cura no
Hospital Albert Einstein, Planitude
no Instituto Fleury, e Pedra
Brasilis na Natura.
No exterior, Americas’ Courtyard no Adler Planetarium, em
Chicago, Genetic Blue Stone no
Kennedy Center, em Washington, D.C.; In
the Realm of Love and Forgiveness em Assis, Itália; COP22, DO-FEST no Emerson
Collective, tríptico: Oceanic,
Cosmic and Earth Womb em Marrakech, no Marrocos; na
Glasstress, durante a 58ª Bienal de Artes de Veneza, e recentemente Unbreakable Women in Glass,
ambas na Fundação Berengo, Itália.
Em São Paulo, participou da 20ª, 21ª e
33ª, Bienal Internacional de Arte de São Paulo; exposições no Museu de
Arte Moderna de São Paulo – MAM SP; Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand – MASP; Museu de Arte Contemporânea; Galeria São Paulo; Galeria
Nara Roesler; Galeria Virgílio; Galeria Lume; SESC; CCBB - Centro Cultural do
Banco do Brasil, Rio de Janeiro; SP ARTE e ArtRio. No exterior, suas exposições
principais foram: Barbican
Centre, em Londres; MoMA PS1 em Nova York; EXPO 2000 em
Hannover; Hakone e Museu Open-Air em Osaka; Museu de Arte Contemporânea,
Art Institute e Sectiones Mundi no Museu de Arte Moderna; Chicago Cultural
Center em Chicago; Palazzo del Monte Frumentario em Assis: Wilson Center em
Washington D.C.; Galeria D’Architecture em Paris; Georgetown University,
Washington D.C.; University of Utah em Salt Lake City e Brighan Young
University em Provo; COP22 – DO-FEST, Emerson Collective em Marrakech e
na Glasstress, Fundação Berengo, Veneza.
Sobre a galeria
A Dan Contemporânea surgiu como um
departamento de Arte Contemporânea da Dan Galeria. Em 1985, Flávio Cohn,
filho do casal fundador, juntou-se à Dan criando o Departamento de Arte
Contemporânea, que ele dirige desde então. Assim, foi aberto espaço para muitos
artistas contemporâneos tanto brasileiros, como internacionais,
fortemente representativos de suas respectivas escolas. Posteriormente,
Ulisses Cohn também se associa à galeria completando o quadro de direção
da mesma.
Nos últimos vinte anos, a galeria
exibiu: Macaparana, Sérgio Fingermann, Amélia Toledo, Ascânio MMM, Laura
Miranda e artistas internacionais: Sol Lewitt, Antoni Tapies, Jesus Soto, César
Paternosto, José Manuel Ballester, Adolfo Estrada, Juan Asensio, Knopp Ferro e
Ian Davenport. Mestres de concreto internacionais também fizeram parte da
história da Dan, tais como: Max Bill, Joseph Albers e os britânicos
Norman Dilworth, Anthony Hill, Kenneth Martin e Mary Martin.
Dan Galeria incluiu mais recentemente em
sua seleção, importantes artistas concretos: Francisco Sobrino, François
Morellet e Getúlio Alviani, bem como os artistas geométricos abstratos
históricos: Sandu Darié, Salvador Corratgé, Wilfredo Arcay e Dolores
Soldevilla, só para mencionar alguns dos cubanos do grupo Los Once (The
Eleven). Nestes últimos dois anos, os fotógrafos brasileiros Christian
Cravo e Cristiano Mascaro; os artistas José Spaniol e Teodoro Dias (Brasil); os
internacionais, Tony Cragg (G. Bretanha), Lab [AU] (Bélgica) e Jong Oh
(Coréia), se juntaram ao departamento de Arte Contemporânea da galeria. A
Dan Galeria sempre teve por propósito destacar artistas e movimentos
brasileiros desde o início da década de 1920 até hoje. Ao mesmo tempo,
mantém uma relação próxima com artistas internacionais, uma vez que os
movimentos artísticos historicamente se entrelaçam e dialogam entre si
sem fronteiras.
Serviço
Petrafagia, de Denise Milan
Quando: até dia 06 de agosto.
Horário de visitação: de segunda a
sexta-feira, das 10h às 19h; e sábado, das 10h às 13h Local: DAN
Contemporânea
Endereço: Rua Amauri, 73 - São Paulo,
SP
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida
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