De forma inédita, os povos e as comunidades quilombolas serão incluídos no Censo Demográfico
Entre agosto e novembro, os recenseadores do
IBGE vão visitar os locais previamente mapeados para produzir um retrato dessa
parcela da população
Os quilombolas integram o grupo dos 28
Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil (Foto: Marcello Casal Jr / Agência
Brasil)
Pela primeira vez na história, os povos
quilombolas serão incluídos no Censo Demográfico. Um levantamento prévio
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou
5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos quilombolas – aqueles em que
há 15 ou mais pessoas residindo em um ou mais domicílios próximos e nos quais
as pessoas estabelecem laços de parentescos ou comunitários.
Entre agosto e novembro, os recenseadores
vão visitar os locais previamente mapeados para produzir um retrato inédito da
realidade dos quilombolas e de suas comunidades. De acordo com o IBGE, a
pesquisa mostrará como vive essa parcela da população, suas diferentes formas
de organização social e a enorme riqueza cultural que eles preservam.
Para o titular da Secretaria Nacional de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos (SNPIR/MMFDH), Paulo Roberto, “o mapeamento vai possibilitar
a realização de políticas públicas de qualidade e específicas, uma vez que por
meio do Censo conseguiremos saber quem são, onde vivem e suas realidades”.
A quilombola Arlene Cruz, da comunidade
do Machadinho, localizada em Paracatu (MG), considera que a inclusão significa
o reconhecimento das comunidades pelo Brasil. “Esse mapeamento vai permitir que
o país conheça onde, de fato, nossas comunidades estão. Com essa visibilidade,
a gente acredita que as políticas públicas cheguem até nós com mais rapidez, melhorando
nosso acesso à saúde, à educação e ao saneamento básico, por exemplo. Isso vai
contribuir para a melhoria da qualidade de vida de nossos povos”,
apontou.
Questionário
Entre as preocupações do IBGE em relação
à pesquisa estava fazer com que o público-alvo estivesse à vontade para
respondê-la. “Houve um trabalho de sensibilização das lideranças quilombolas e,
na fase de coleta dos dados, haverá reuniões de abordagem sempre que o
recenseador chegar a uma comunidade'', disse a coordenadora do Censo de Povos e
Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes. “No caso de ser necessário, as
lideranças podem indicar o acompanhamento de um guia comunitário, quando o
recenseador não é quilombola ou a área é de grande extensão”, completou.
Em respeito à Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho e de forma coerente às boas práticas de
produção estatística, o IBGE considera quilombola toda pessoa que se
autoidentifica como quilombola, assim como sobre as pessoas ausentes no
domicílio no momento do recenseamento. O recenseador perguntará “Você se
considera quilombola?”. Em caso afirmativo, é feita uma segunda pergunta: “Qual
é o nome da sua comunidade?”.
(Com informações da Agência IBGE Notícias)
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