Inchaço nos pés e nas pernas pode ser alerta para Doença do Coração Fraco
Cirurgião cardiovascular explica quando sintoma
deve ser motivo para uma consulta médica
São Paulo, setembro de 2022 - É claro que nem todo inchaço dos
membros inferiores indica uma doença do coração. Mas, quando o assunto é
insuficiência cardíaca congestiva ou doença do coração fraco, como popularmente
é conhecida, o edema nos pés e nas pernas é um sintoma evidente. Segundo
números do DataSUS: 200 mil pessoas foram internadas e mais de 22 mil morreram
por insuficiência cardíaca, apenas em 2018 no Brasil.
Para o cirurgião cardiovascular e membro
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Dr. Elcio Pires Junior, a
doença do coração fraco nem sempre é diagnosticada no início porque os
pacientes demoram a relacionar os primeiros sintomas à problemas no coração, o
que causa o agravamento da doença.
“A insuficiência cardíaca acontece
quando o coração não consegue bombear sangue o suficiente para todo o corpo.
Sendo assim, nem todos os tecidos são irrigados corretamente e como
consequência passam a acumular fluido, principalmente nas pernas e nos pulmões.
Contudo, antes desse sintoma aparecer, é comum que o paciente sinta apenas
cansaço e falta de ar. Sinais que podem ser facilmente confundidos com desgaste
natural da idade, quando na verdade é o coração dando indícios de que algo não
está funcionando bem”, explicou.
Nos casos de doença do coração fraco, os
pés e as pernas incham porque o sangue que flui do coração chega aos membros
inferiores, mas não em quantidade o suficiente para retornar. Sendo assim, é
comum que a pessoa perceba um edema frequente e prolongado, podendo ou não ser
acompanhado de outros sintomas, como: dificuldade de dormir devido à falta de
ar, sensação de cansaço ou falta de energia, abdômen inchado ou mole, tosse com
catarro, falta de apetite, confusão mental e memória afetada. Tudo isso porque
a irrigação do cérebro e do sistema respiratório são as mais prejudicadas.
As causas mais comuns para a
insuficiência cardíaca congestiva estão correlacionadas a outras doenças
cardíacas preexistentes, como uma sequela pós infarto do miocárdio, por exemplo.
Podendo ser também consequência de doenças tais como: cardiomiopatia,
miocardite, valvulopatias, endocardite, doença arterial coronariana e doença
cardíaca congênita. Além de ser uma complicação de condições crônicas que são
consideradas fatores de risco como diabetes e pressão alta.
“Eu sempre oriento que todo inchaço
prolongado e recorrente nas pernas precisa ser investigado. Até mesmo aqueles
que são habituais em mulheres grávidas, por exemplo. Isso porque o edema nos
membros inferiores geralmente pode esconder uma condição de problemas
vasculares ou cardiovasculares, como é o caso da insuficiência cardíaca
congestiva. A minha recomendação é que o paciente observe quando e com que
frequência esses inchaços aparecem e sempre passe em consulta médica. Somente
um exame clínico poderá confirmar ou descartar alguma doença”.
Na consulta, o médico fará os exames
físicos e se for necessário encaminhará o paciente para outros especialistas ou
para exames complementares, como: ecocardiograma, eletrocardiograma, teste de
esforço e radiografia. Caso a doença seja confirmada, o tratamento adotado irá
depender do tipo de insuficiência diagnosticada. Quando a doença está
relacionada à pressão alta o caminho para um coração mais forte e saudável é a
união entre os medicamentos e as mudanças nos hábitos de vida. Reduzir a
ingestão de sódio, deixar de fumar e ingerir bebidas alcoólicas, emagrecer e
diminuir o nível de estresse fazem parte do plano de tratamento.
Já quando a origem do problema está na
falta de sincronia das câmaras do coração, que não conseguem bater ao mesmo
tempo, a solução pode ser o implante de um marca-passo: dispositivo que envia
impulsos elétricos ao coração para ajudar no sincronismo e facilitar o
bombeamento do sangue, o que consequentemente contribui para a uma melhor
oxigenação de todo o organismo. Quando a insuficiência é causada por uma
válvula, a opção pode ser a substituição da mesma por meio de cirurgia. Em
último caso, quando a doença é grave e irreversível, o transplante é uma
conduta a ser considerada.
“O que vale ressaltar quando falamos de
insuficiência cardíaca congestiva é que, apesar de ser uma doença grave, é
perfeitamente possível reabilitar esse coração de maneira que ele trabalhe bem
novamente com um tratamento adequado e precoce. Na maioria dos casos, o
paciente tem uma melhora considerável em sua qualidade de vida. O importante,
sempre e para todas as pessoas, é cuidar da saúde do coração mantendo hábitos
saudáveis e fazendo check-ups periodicamente. Assim é possível detectar qualquer
anormalidade antes que se agrave”, concluiu o especialista.
Sobre o especialista: Dr. Elcio Pires Junior é coordenador da
cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or -
Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de
Guarulhos. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos
EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo. E atualmente é cirurgião cardiovascular pela equipe
do Dr. André Franchini no Hospital Madre Theodora de Campinas.
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