Manifesto pelo fim da impunidade do Presidente da República, por um Brasil democrático, de Justiça, Solidariedade e Paz
11
de outubro de 2022
Nós, cidadãs brasileiras e cidadãos brasileiros que assinam este
manifesto, ouvimos estarrecidos o anúncio da intenção do Presidente da
República de antecipar, para antes do 2º turno das eleições, a distribuição dos
recursos públicos do Auxílio Brasil e conceder imediatamente crédito consignado
aos beneficiários do Auxílio, assim como abrir possibilidades novas de
negociação de dívidas junto à Caixa Econômica Federal. Estamos diante de uma
evidente tentativa desavergonhada de comprar os votos dos que mais sofrem as
consequências das políticas desse mesmo Presidente, desastrosas para o país.
Tais medidas desrespeitam claramente uma legislação que visa
manter a igualdade de condições de todos os candidatos na disputa eleitoral. E
o Presidente da República, ao usar, para se reeleger, o poder de que só ele
dispõe, comete um crime que exigiria a cassação da sua candidatura pelo
Tribunal Superior Eleitoral.
Por isso nos levantamos, indignados contra o aproveitamento do
sofrimento de tantos, sob o manto de lhes dar alívio, numa crueldade que já é
característica dos atos e declarações desse Presidente, especialmente em sua
relação com as vítimas da Covid, os pobres e as mulheres.
Temos que reagir à tendência a nos acostumarmos ao inaceitável,
como se fosse natural. O Presidente não foi punido pelo enorme número de mortes
evitáveis que suas ações e omissões frente à pandemia provocaram; dormem em
gavetas 150 pedidos de impeachment por crimes de responsabilidade apresentados
à Câmara dos Deputados, já a partir do primeiro ano de seu mandato; e nelas
dormem também cinco representações elencando seus crimes comuns, encaminhadas
ao Procurador Geral da República pela sociedade civil e pela Comissão
Parlamentar de Inquérito da Pandemia no Senado.
É fundamental, para salvar nosso Estado Democrático de Direito,
que seja dado um basta a essa impunidade, com a qual ele se manteve em seu
cargo durante todo o seu mandato. Esperamos que nossas instituições
republicanas, em especial o Supremo Tribunal Federal, não permitam a
concretização de mais estes anunciados crimes eleitorais, e determinem que os
Auxílios para os quais existam recursos orçamentários sejam distribuídos
normalmente e rapidamente, como o exige a situação dos mais necessitados, mas
sem antecipações eleitoreiras.
Quanto a nós, usaremos no dia 30 de outubro o poder de nosso voto,
como cidadãs e cidadãos, para que o Brasil retome o caminho do diálogo e da
ajuda mútua, do respeito à dignidade de cada um e de cada uma em nossa
diversidade, do respeito à natureza, da esperança de igualdade social, da
confiança em nosso futuro como país no concerto pacífico de todas as nações.
E conclamamos todos que leiam este manifesto a que não deixem de
votar no dia 30, e a que conversem com todas as pessoas a que tenham acesso
para que igualmente o façam, e assim evitemos que o número de abstenções
encubra perigosamente os reais anseios da maioria do povo brasileiro.
Este manifesto é uma iniciativa do Coletivo 660 (reunindo os co-fundadores, em 2001, do Forum Social Mundial) e do Candeeiro (plataforma digital do Núcleo Todos pelo Bem Comum)
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