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Brasil poderá ter a maior frota de ônibus elétricos da América Latina até 2024 alcançando 3 mil unidades

Somente a cidade de São Paulo já contará 2.600 unidades em 2024; Minas Gerais tem caráter estratégico numa potencial produção de células para baterias dos veículos, de acordo com Edgar Barassa, um dos maiores especialistas do setor no país  

 O Brasil potencialmente chegará em 2024 com a maior frota de ônibus elétricos do continente. Algumas leis que já foram implementadas em cidades brasileiras direcionando o uso desses veículos fazem acreditar que o Brasil viverá uma grande alavancagem nos próximos dois anos, podendo chegar a aproximadamente 3 mil unidades e se tornando um dos protagonistas regionais na diminuição das emissões de gás carbônico no transporte público. A previsão é de Edgar Barassa, especialista e pesquisador nas áreas de eletromobilidade, energias renováveis e tecnologias emergentes de baixo carbono, que abordará o tema num dos painéis da segunda edição do “Ampère – Ecossistema de Mobilidade Elétrica no Brasil”, um dos maiores eventos de mobilidade elétrica e de energias renováveis do país, que será realizado de 22 a 25 de novembro, no Mineirão, em Belo Horizonte.

Atualmente o país conta com apenas 68 ônibus elétricos a bateria em uso no transporte público, muito aquém da Colômbia, que já tem 1.589 ônibus elétricos, e do Chile que soma 849, com base na plataforma e-bus Radar[1]. “Tendo em vista que somos um país de dimensão continental, esses números nos mostram que estamos alguns passos atrás, mas temos uma perspectiva de que vamos superar esses números latino-americanos devido ao volume de frota total que o Brasil tem hoje no transporte público e pelos compromissos já estabelecidos”, salienta Barassa. Somente a cidade de São Paulo, ressalta, já contará 2.600 unidades em 2024. A capital paulista criou a Lei de Mudanças Climáticas (Lei nº 16.802), que tornou obrigatória a transição energética dos transportes via decarbonização para todo ônibus novo que entrar em circulação. Barassa aponta que a proibição de novos ônibus a diesel poderá evitar emissões acumuladas da ordem de 1.924.662 toneladas de CO2 entre 2022 e 2028, tendo em vista à introdução de 2.602 ônibus de emissão zero até o final de 2024 e 6.602 em 2028, de acordo com estudo publicado pelo ICCT (2022)[2].

Minas Gerais como potencial protagonista na produção de células para bateria

A previsão é que a aceleração desse processo de eletrificação deve impulsionar a economia mineira, gerando uma demanda significativa na produção de baterias para abastecer esses veículos elétricos. “As matérias-primas que compõem as baterias, como lítio e seus derivados, são encontradas em abundância em solos mineiros, fazendo com que o estado tenha uma participação estratégica no crescimento e abastecimento desse mercado”, observa. Contudo, o especialista ressalta que para se tornar um player nesse segmento, abastecendo esse cluster produtivo, Minas precisa desenvolver competências em Pesquisa e Desenvolvimento e Manufatura em seu setor produtivo em prol das baterias de alta tensão e investir em especialização de sua mão-de-obra local. “Temos profissionais especializados no mercado para montar os módulos e pacotes de baterias; fazer a programação e o sistema de gestão da bateria, mas para o principal ativo, que são as células, ainda estamos carentes de competências direcionadas. Lá fora o mundo já está se capacitando, mas no Brasil ainda não existem essas competências adequadamente formadas”.

Eletrificação do transporte público vai gerar renda, empregos e melhoria da saúde pública

Barassa destaca que o Brasil é um dos maiores produtores de ônibus urbanos do mundo, atrás apenas de China e Índia . Mas ressalta que é preciso, antes de qualquer coisa, fazer um trabalho de transição para que o país tenha vantagens econômicas com a eletrificação do transporte público. “Se trouxermos o ônibus elétrico importado, perdemos o efeito multiplicador de criação de renda interna, abrindo mão de capturar valor e de gerar emprego e conhecimento”, registra. De acordo com estudo feito para a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que teve Barassa como um dos autores, a cada R$ 1 milhão em vendas relacionadas a ônibus elétricos, promove-se a geração de 15 empregos na economia. Em termos de impactos para o PIB, o cenário ideal apresenta um incremento na ordem de 0,04% (cerca de R$ 3, 1 bilhões) por ano. Em termos de geração de impostos, a arrecadação acumulada poderia chegar a R$ 44,3 bilhões em 2050.[3]

Para além do aspecto econômico, com a eletrificação do setor haverá uma grande melhoria da saúde pública. Uma das principais causas de morte no mundo está relacionada a problemas pulmonares provocados pela poluição atmosférica. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 7 milhões de mortes prematuras são provocadas todos os anos pela poluição do ar, sobretudo nos países de baixo e de médio rendimentos. E o setor de transportes terrestres pesados responde por grande parte dessas emissões. De acordo com os dados do Instituto Saúde e Sustentabilidade, 33.751 (27%) das mortes e 19.638 (28%) das internações públicas as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre e Curitiba se devem exclusivamente às emissões de diesel dos ônibus do transporte público destas regiões. O custo estimado para o SUS é de R$13,6 bilhões e R$37,2 milhões, para o período de 2018 a 2025.

Maior evento sobre mobilidade elétrica e energias renováveis do país

Ampère: Ecossistema de Mobilidade Elétrica do Brasil terá a segunda edição entre os dias 22 e 25 de novembro, no Mineirão, em Belo Horizonte e apresentará soluções de mobilidade elétrica e energia limpa para o grave problema de emissão de CO2 no país e no mundo, além de promover uma imersão no Congresso Internacional Ampère (AIC), com palestras e seminários, test drive de veículos elétricos; inauguração da rota turística e sustentável na Estrada Real com pontos de carregamento para veículos elétricos entre Aeroporto Internacional de Belo Horizonte e Conceição do Mato dentro; e a premiação nacional para projetos em mobilidade elétrica. O evento é uma iniciativa da Sama Produções e Eventos, Evbras Mobility e conta com o patrocínio, dentre outros, da Prefeitura de Belo Horizonte, Belotur, Aeroporto Internacional de Belo Horizonte e apoio Institucional da Fundep. PNME, Rádio e TV 98, Band Minas e a curadoria do congresso realizada pela Barassa & Cruz Consulting.

 

2ª Edição do maior evento sobre o Ecossistema de Mobilidade Elétrica do Brasil!

Ampère: Ecossistema de Mobilidade Elétrica do Brasil

22 a 25 de novembro de 2022, no Mineirão

Inscrições gratuitas para primeiro lote de ingressos: www.eventoampere.com.br

Acompanhe a programação completa no link: https://eventoampere.com.br/wp-content/uploads/2022/10/cronograma_ampere.pdf

 

 

[1] A esse respeito, https://www.ebusradar.org/

[2] Ver https://theicct.org/wp-content/uploads/2022/11/Beneficios-ZEBRA-A4-v3.pdf

[3] https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/47833-oferta-onibus-eletrico-brasil-cenario-recuperacao-economica-baixo-carbono

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