Herança digital: Bens virtuais podem ser considerados patrimônio após a morte? Especialista explica
De acordo com o advogado e consultor jurídico, Sérgio Vieira, a legislação ainda é escassa nesse sentido, mas existem mecanismos que podem ser utilizados por pessoas públicas
A inteligência artificial
tem levantado uma série de debates recentes sobre o seu uso, principalmente
após o Conar - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - abrir
uma representação ética contra a campanha da Volkswagen que utilizou IA para
recriar a cantora Elis Regina, morta em 1982, ato que mesmo com a autorização
da família gerou polêmica sobre o uso da imagem de pessoas falecidas para
propagandas.
Vários cantores já se
manifestaram contra o uso da tecnologia, como a cantora Madonna que alterou seu
testamento para proibir o uso de hologramas com sua imagem após a morte, o
mesmo que a atriz Whoopi Goldberg também deixou registrado.
Mas afinal, pessoas públicas
têm direito à sua imagem mesmo após a morte?
Bens digitais constam
legalmente como patrimônio?
De acordo com o advogado e
Sócio Diretor da Nelson Wilians Advogados, Sérgio
Vieira, a legislação acerca do assunto ainda é bastante escassa, no
entanto, existem mecanismos legais que podem ser usados para bens digitais.
“A Constituição brasileira
garante o direito à herança como fundamental da pessoa humana, mas com as
recentes mudanças tecnológicas atribuiu-se valor a bens virtuais, tornando-os,
naturalmente, patrimônio do indivíduo”.
“De acordo com o
enunciado 687 publicado pelo Conselho da Justiça Federal após a IX Jornada de
Direito Civil realizada em 2022, o patrimônio digital integra o espólio de bens
na sucessão legítima do titular falecido, mas como não há definição específica
há abertura para que o testamento ou codicilo para especificar o que será feito
com esse tipo de bem após a morte” Explica Sérgio Vieira.
Sobre Sérgio Vieira
Sergio Rodrigo Russo Vieira tem 38 anos (São Paulo em junho de 1983). Formado em Direito em 2006 na Universidade Salvador, assumiu o cargo de Sócio Diretor do escritório Nelson Wilians Advogados em Manaus, que é atualmente é o maior escritório do país e conta com filiais em todos os Estados da Federação, empregando cerca de 2.000 colaboradores e com 450.000 processos ativos em sua base.
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