Seminário para gestores públicos mostra saídas para combater a evasão do Ensino Médio
Projeto Firjan SESI em
parceria com o PNUD reuniu gestores de todo o país que conheceram casos de
sucesso de reversão da fuga de estudantes. No Brasil, meio milhão abandonam a
escola por ano
Brasília, 5 de outubro de 2023
Apoio às aprendizagens através de
acompanhamento psicológico de alunos em situação de vulnerabilidade é uma das
estratégias o combate à evasão
escolar no Ensino Médio. Em Chicago, o programa Becoming a Man reduziu de 11,2%
para 6% o abandono da sala de aula. Esse foi um dos exemplos apresentados no “Seminário Internacional Combate à Evasão Escolar no Ensino
Médio – Desafios e Oportunidades”, realizado em Brasília nesta quarta-feira
(4/10) e promovido pela Firjan SESI em parceria com o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), para secretários e gestores públicos de
todo o país. Todo ano, meio milhão de estudantes brasileiros abandonam o Ensino
Médio. Especialistas apresentaram dados de novos estudos que mostram que é
possível alterar a trajetória dos estudantes, incentivando-os a permanecer na
escola.
“Esse trabalho mostra uma mazela que eu
considero um escândalo. É um aprofundamento da divisão social do Brasil”,
ressaltou Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan. “Essa agenda que garante a permanência e conclusão
no Ensino Médio na idade adequada é urgente para o Brasil”, completou
Alexsandro Santos, diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral
Básica da Secretaria de Educação Básica, que destacou a importância do sistema
S na construção de políticas de educação no país.
Os educadores foram apresentados à pesquisa da
Firjan SESI/PNUD (www.firjan.com.br/evasaoescolar) que mostrou que o problema da evasão é mais grave
quanto mais vulnerável for a população: só 46% dos alunos mais pobres concluem
o Ensino Básico. “Seis a cada 10 brasileiros concluem o Ensino Médio até os 24
anos”, mostrou a professora Andrea Marinho, assessora e coordenadora técnica do
estudo pela Firjan SESI. Vitor Pereira, pesquisador do PNUD, mostrou um estudo
de Harvard que calculou o retorno dos recursos públicos investido em uma série
de projetos educacionais e sociais. Em programas voltados à juventude é
possível ter retorno tão alto que o que se investe se paga com impostos que são
gerados.
Assista ao vídeo do evento: https://bit.ly/3rysMyI.
Só 10% dos diretores têm formação em gestão escolar
Pesquisadores brasileiros ressaltaram a importância da escolha do tipo de
escola para engajar o aluno no Ensino Médio e o tipo de ensino desejado, se
regular, técnico, integral ou integral com técnico. E ressaltaram que quanto
mais vulnerável é a família menor acesso a esse tipo de informação. Outro ponto
abordado foi a qualidade da escola. “Não são os alunos que desistem, são as
circunstâncias de vida dele e da escola que o forçam a sair”, afirmou o
pesquisador João Filocre.
Monitorar a frequência dos alunos e
oferecer a eles grupos pequenos de tutoria intensiva (reforço escolar) fazem
parte desse esforço por oferecer uma escola acolhedora. Desenvolvimento de softskills
e a importância de programas que estimulem um primeiro emprego de qualidade
foram outros pontos ressaltados.
Enfoque na gestão escolar e na valorização do
docente também foram apontados. “Quanto mais vulnerável for a escola, mais
efeito a gestão tem sobre ela”, afirmou a pesquisadora Lara Simielli, que
revelou que só 10% dos diretores têm formação em gestão e que só 60% dos 2,2
milhões de professores brasileiros lecionam disciplina compatível com sua
formação. Os demais pesquisadores foram Leonardo Rosa, Luiz Guilherme Scorzafave e Tiago Bartholo. O grupo
desenvolveu cinco cadernos que aprofundaram questões relacionadas a
aprendizagem, inovação escolar, transição para o mundo no trabalho, gestão
escolar, valorização docente, e apoio ao aluno.
Anthony Watson mostrou a experiência do ‘Becoming a
Man’ e sua versão para meninas: um programa de “alfabetização emocional” a
jovens em situação de muita vulnerabilidade e risco e com problemas
comportamentais. “Houve uma redução incrível em atos violentos”, contou o
diretor nacional do programa. Nas escolas públicas de Chicago (EUA) que contam
com a iniciativa, a taxa de conclusão do Ensino Médio e de aprovação para a
série seguinte saltou para 98% entre as meninas. Adam Lavecchia, da McMaster University, e Cristiano
Silva, que atuou na Escola Ponte em Portugal e hoje dirige uma escola em São
Caetano do Sul completaram o painel internacional.
Acesse http://evasaonoensinomedio.educacao.ws/ para ver o banco de experiências de sucesso e os
cadernos para os educadores.
“Olhar para o Ensino Médio é olhar para o futuro. A
evasão escolar impede que jovens alcancem plenamente seu potencial. Temos o
dever de transformar essas estatísticas alarmantes através de apoio a gestores
públicos e garantindo que todos os jovens tenham acesso à educação de
qualidade”, concluiu Carlos Arboleda,
representante-residente adjunto do PNUD.
Também participaram do evento a representante do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) Maria do Socorro Batista, secretária de Educação do Rio Grande do Norte; e o deputado Rafael Gomes Brito, vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
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