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Brand Dx 2025: Itaú Segue Líder Absoluto em Ano de Estagnação das Marcas Brasileiras; Bradesco Assume Vice-Liderança

Análise completa do ranking Brand Dx 2025. Entenda por que o Itaú se mantém como a marca mais valiosa do Brasil, mesmo com queda. Veja a subida do Bradesco, a forte queda do Banco do Brasil e o cenário de retração de 1,6% no valor total das 120 maiores marcas.


Introdução: O Retrato de um Mercado Maduro e Desafiador

O ano de 2025 provou ser um teste de resistência para as marcas mais valiosas do Brasil. O aguardado ranking Brand Dx, elaborado pela consultoria homônima (um spin-off da renomada Brand Finance em parceria com a RedRoute International), revelou um cenário de sobriedade e ajuste. Em um ano marcado pela estagnação, o valor total das 120 maiores marcas analisadas sofreu uma retração de 1,6%, atingindo um patamar consolidado de R$ 581 bilhões.

Embora o número possa parecer um freio, é crucial colocá-lo em perspectiva: desde 2020, o indicador acumula uma impressionante expansão de 57%. O que vemos agora não é uma crise, mas um novo patamar de maturidade, como avaliou Gilson Nunes, CEO da Brand DX.

Neste campo de batalha onde "preservar valor e relevância" tornou-se o novo mantra, um gigante manteve sua coroa. O Itaú, mais uma vez, se consagra como a marca mais valiosa do Brasil, avaliada em R$ 43,6 bilhões.

No entanto, o pódio foi reconfigurado. Em um movimento estratégico notável, o Bradesco (R$ 29,8 bilhões) registrou um crescimento sólido de 8% e ultrapassou o Banco do Brasil (R$ 27,7 bilhões), que enfrentou uma queda abrupta de 26%, caindo da segunda para a terceira posição.

Este artigo é uma análise profunda do ranking Brand Dx 2025. Vamos explorar os fatores macroeconômicos que levaram à estagnação, mergulhar na performance dos titãs bancários, analisar os setores que mais cresceram e caíram, e entender a metodologia que define o valor de uma marca no mercado brasileiro.


O Cenário Macroeconômico: Por que o Valor das Marcas Recuou 1,6%?

A leve queda de 1,6% no valor agregado das 120 marcas mais valiosas não é um evento isolado. Ela é o reflexo direto de um ambiente de negócios desafiador que o Brasil atravessou em 2024 e 2025. O estudo da Brand Dx aponta claramente os principais vilões dessa história:

  1. Aumento da Taxa de Juros: A manutenção da taxa Selic em patamares elevados para controlar a inflação tem um efeito direto e duplo. Primeiro, encarece o custo de capital (WACC), um dos pilares da metodologia de valuation, "descontando" o valor presente das empresas. Segundo, esfria a economia real.

  2. Queda do Poder Aquisitivo: Com a inflação corroendo a renda, especialmente das classes mais baixas, e o alto nível de endividamento das famílias, o consumo discricionário foi o primeiro a ser cortado. Marcas de varejo, bens de consumo e até serviços sentiram o impacto.

  3. Dificuldade de Crédito: Juros altos significam crédito mais caro e escasso, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Isso freia investimentos, expansões e grandes compras (como carros e imóveis), afetando diretamente a receita (ROL) projetada para muitas empresas do ranking.

A Visão do Especialista

Gilson Nunes, CEO da Brand DX, capturou perfeitamente o espírito do momento:

“O mercado atingiu um novo patamar de maturidade. Hoje, o desafio não é crescer em volume, mas preservar valor e relevância diante de transformações tecnológicas e mudanças de comportamento do consumidor.”

Essa declaração é fundamental. O crescimento exponencial visto de 2020 a 2024, impulsionado pela digitalização acelerada da pandemia e por juros baixos, acabou. Agora, as empresas que se destacam são aquelas que construíram uma "fortaleza" de marca: confiança, consistência, inovação e um propósito claro. O ranking de 2025 é o primeiro grande retrato dessa nova era.


A Batalha dos Titãs: Análise Profunda do Pódio Bancário

Não é surpresa que o setor financeiro domine o topo do ranking. Em um país com um sistema bancário tão concentrado e robusto, o valor dessas marcas é imenso. No entanto, a dinâmica entre os três primeiros colocados conta a história do ano.

1º Lugar: Itaú (R$ 43,6 Bilhões | Queda de 7%)

O Itaú é um caso clássico de resiliência e dominância. Mesmo em um ano difícil, onde seu próprio valor de marca encolheu 7%, sua liderança permanece inabalável. O "banco laranja" vale R$ 13,8 bilhões a mais que o segundo colocado, uma diferença que por si só seria suficiente para colocar essa "diferença" no Top 10 do ranking.

Por que o Itaú caiu, mas segue líder?

  • A Queda (-7%): A retração de 7% está alinhada com o cenário macroeconômico. Como uma instituição intrinsecamente ligada ao crédito e ao investimento, o Itaú sente diretamente os efeitos dos juros altos e da desaceleração econômica.
  • A Liderança (Força da Marca): O valor do Itaú não reside apenas em seus ativos financeiros, mas na percepção pública. Décadas de consistência, investimentos massivos em tecnologia (seu app é frequentemente citado como o melhor entre os bancões), e uma comunicação de marca afinada (especialmente com o Personnalité e o íon) criam um "fosso" competitivo. A marca Itaú é sinônimo de segurança, confiança e modernidade, um equilíbrio que concorrentes acham difícil de bater. Em tempos de incerteza, os consumidores tendem a gravitar em torno de marcas que representam estabilidade.

2º Lugar: Bradesco (R$ 29,8 Bilhões | Crescimento de 8%)

O Bradesco é, sem dúvida, o grande vencedor do pódio em 2025. Em um ano de retração geral, conseguir um crescimento de 8% e, de quebra, tomar a vice-liderança do seu rival histórico, o Banco do Brasil, é um feito notável.

As chaves do crescimento do Bradesco:

  • Agressividade Comercial e Digital: O Bradesco parece ter "virado a chave" em sua estratégia digital. Se antes era visto como o mais tradicional dos três, agora mostra um esforço renovado para competir, seja através do banco digital Next, seja na melhoria de seus canais principais.
  • Foco no Cliente: Investimentos em atendimento e personalização podem estar começando a dar frutos. O crescimento de 8% sugere que o Bradesco conseguiu reter e expandir sua base de clientes de forma rentável, mesmo com a concorrência acirrada das fintechs.
  • Comparação Relativa: Parte do seu sucesso em "subir" no ranking se deve à queda vertiginosa do concorrente direto, o BB. O Bradesco não apenas cresceu, mas o fez enquanto seu rival encolhia.

3º Lugar: Banco do Brasil (R$ 27,7 Bilhões | Queda de 26%)

A queda do Banco do Brasil é um dos pontos mais alarmantes do ranking. Uma redução de 26% no valor de marca é drástica e sinaliza desafios profundos. De R$ 37,4 bilhões (valor inferido de 2024) para R$ 27,7 bilhões, o BB perdeu quase R$ 10 bilhões em valor de marca em apenas doze meses.

O que pode explicar a queda do BB?

  • Incerteza e Percepção: Sendo um banco de economia mista, o BB está mais exposto a percepções de instabilidade política e mudanças de diretriz governamental. Essa incerteza pode ter pesado na avaliação da força da marca e nas projeções de receita futura.
  • Competição Dupla: O BB sofre pressão de dois lados: dos bancões privados (Itaú e Bradesco) no segmento de alta renda e empresas, e das fintechs (como o Nubank) na captação de clientes de varejo e baixa renda.
  • Desafios de Inovação: Embora tenha feito avanços digitais, a percepção de agilidade do BB pode estar aquém de seus concorrentes, um fator crucial na pesquisa com consumidores que a Brand Dx realiza.


O Domínio Financeiro: Um Setor que Ocupa 11 Posições no Top 50

A história do Brand Dx 2025 é, em grande parte, a história do setor financeiro. Além do pódio 100% bancário, o segmento emplacou outras oito marcas no Top 50, mostrando sua centralidade na economia brasileira.

A Batalha dos "Outros Bancos"

  • Caixa Econômica Federal (5º lugar | R$ 14,8 Bilhões | Queda de 29%): A Caixa teve a pior queda percentual entre todas as 50 marcas do ranking. Uma retração de 29% é devastadora. Assim como o BB, a Caixa é altamente exposta ao cenário político e à execução de políticas públicas. A dificuldade de crédito e a queda no poder aquisitivo da população (seu público-alvo principal) podem ter impactado severamente suas projeções.
  • Santander (20º lugar | R$ 9,3 Bilhões | Crescimento de 6%): O Santander mostrou resiliência, crescendo 6% e se mantendo firme no Top 20. Sua estratégia de focar em segmentos específicos (agronegócio, alta renda) e uma operação digital robusta parecem estar funcionando.

A Ascensão das Fintechs e Bancos de Investimento

  • Nubank (7º lugar | R$ 13,1 Bilhões | Crescimento de 2%): O "roxinho" se consolida no Top 10. Um crescimento de 2% pode parecer pequeno para uma fintech, mas é um sinal de maturidade. O Nubank não é mais uma startup em hipercrescimento; é um gigante estabelecido. Manter seu valor em um ano de retração, enquanto monetiza sua enorme base de clientes, é uma vitória.
  • BTG Pactual (23º lugar | R$ 8,8 Bilhões | Crescimento de 15%): O BTG foi um dos destaques do setor, com um crescimento impressionante de 15%. Isso reflete o aquecimento do mercado de capitais (apesar dos juros) e a consolidação do BTG como o principal banco de investimentos do país, com forte atuação digital no varejo de alta renda.
  • XP (25º lugar | R$ 8,6 Bilhões | Queda de 4%): A XP sentiu o ano difícil para o mercado de investimentos, com uma leve queda de 4%. A "guerra das plataformas" e a dificuldade de captar novos investidores com a Selic alta podem explicar o resultado.
  • PagBank (41º lugar | R$ 4,5 Bilhões | Crescimento de 13%): Outro grande destaque. O crescimento de 13% do PagBank (antigo PagSeguro) mostra a força de seu ecossistema, que une maquininhas de pagamento para PMEs com um banco digital completo.
  • Sicredi (47º lugar | R$ 4,1 Bilhões | Crescimento de 11%): A presença de uma cooperativa de crédito no Top 50, com crescimento de dois dígitos, é um sinal dos tempos. O modelo cooperativista, focado na comunidade e em taxas mais justas, vem ganhando enorme relevância e força de marca.


Além dos Bancos: Análise do Restante do Top 10

Embora os bancos dominem, o Top 10 é diversificado e traz insights valiosos sobre outros setores da economia.

  • 4º lugar: Toyota (R$ 14,8 Bilhões | Crescimento de 8%): A Toyota subiu da 7ª para a 4ª posição, provando que consistência é rei. Em um setor automotivo volátil, a marca japonesa é sinônimo de confiabilidade, baixo custo de manutenção e bom valor de revenda. O sucesso estrondoso de modelos híbridos como o Corolla e o Corolla Cross, alinhados a uma demanda por sustentabilidade, impulsionou a marca.
  • 6º lugar: Mercado Livre (R$ 13,5 Bilhões | Queda de 11%): O gigante do e-commerce teve uma queda, caindo da 4ª para a 6ª posição (inferido). Isso reflete a desaceleração do varejo online após o boom da pandemia e a concorrência acirrada (Amazon, Shopee). No entanto, seu valor de marca permanece colossal, sustentado por seu ecossistema logístico (Mercado Envios) e financeiro (Mercado Pago).
  • 8º lugar: Vivo (R$ 12,8 Bilhões | Crescimento de 16%): A Vivo foi um dos grandes destaques positivos, subindo da 10ª para a 8ª posição. O crescimento de 16% é robusto e pode ser atribuído a dois fatores principais: a liderança na implementação do 5G e a consolidação de seu portfólio de serviços (Vivo Fibra, TV, e serviços digitais), aumentando o "valor da vida" (LTV) de seus clientes.
  • 9º lugar: Natura (R$ 12,3 Bilhões | Crescimento de 14%): A Natura teve uma recuperação fantástica, crescendo 14% e subindo da 11ª para a 9ª posição. A marca é uma potência em ESG e "branding de propósito". Após um período de digestão da compra da Avon, a Natura parece ter encontrado seu ritmo, fortalecendo sua imagem de sustentabilidade, inovação em produtos e forte canal de vendas diretas.
  • 10º lugar: Coca-Cola (R$ 11,8 Bilhões | Crescimento de 26%): A maior surpresa do Top 10. A Coca-Cola saltou da 17ª para a 10ª posição com um crescimento explosivo de 26%. Isso prova que mesmo uma marca centenária pode inovar. Investimentos em marketing, novas embalagens, sabores (Coca-Cola Creations) e uma presença cultural onipresente reafirmam sua relevância absoluta, mesmo em um mercado focado em saúde.


Destaques do Ano: Os Maiores Crescimentos e Quedas do Ranking

O ranking Brand Dx 2025 é uma história de dois extremos. Enquanto 21 das 50 maiores marcas viram seu valor cair, 29 conseguiram ampliar seu valor. Os destaques, tanto positivos quanto negativos, revelam tendências setoriais e estratégias vencedoras (ou perdedoras).

Os "Foguetes" de 2025: As Maiores Altas

O estudo destacou cinco marcas de cinco setores diferentes que brilharam por sua inovação, consistência e propósito, registrando resultados superiores à média em percepção e confiança do consumidor.

  1. Coca-Cola (+26%): Como visto, saltou para o 10º lugar.

  2. Gerdau (+26%): (Nota: Não listada no Top 50 fornecido, mas citada no texto como destaque). Um crescimento de 26% para uma empresa B2B de indústria de base (aço) é fenomenal. Isso sugere um forte desempenho em infraestrutura, construção civil e uma estratégia de marca B2B eficaz, possivelmente ligada à sustentabilidade na produção de aço.

  3. Porto Seguro (29º lugar | +25%): Um crescimento espetacular de 25%. Em um mundo incerto, a "segurança" se torna um ativo valioso. A Porto Seguro capitalizou isso com uma marca que transmite confiança e cuidado. Além dos seguros (auto, residencial), sua expansão para serviços (Porto Faz) e produtos financeiros (Porto Bank) criou um ecossistema robusto que fideliza o cliente.

  4. WEG (45º lugar | +22%): A "joia" da indústria brasileira. Com um crescimento de 22%, a WEG se consolida como uma potência tecnológica global. Focada em motores elétricos, automação industrial e energias renováveis, a marca é sinônimo de inovação, qualidade de exportação e visão de futuro.

  5. Rede Globo (13º lugar | +21%): A Globo mostrou um poder de recuperação impressionante, crescendo 21%. Após anos de desafios com a migração do público para o streaming, a empresa se reinventou. A força do Globoplay, a relevância contínua do Jornal Nacional, o sucesso de suas novelas e a potência do Big Brother Brasil mostram que a Globo soube integrar suas plataformas e continua sendo a maior "fábrica" de cultura e informação do país.

Os Sinais de Alerta: As Maiores Quedas

As quedas mais acentuadas também contam uma história importante sobre os desafios do mercado.

  1. Caixa Econômica Federal (5º lugar | -29%): A maior queda do Top 50. Como analisado, uma combinação de fatores macroeconômicos (foco em baixa renda, crédito) e percepção de instabilidade institucional pesaram sobre a marca.

  2. Banco do Brasil (3º lugar | -26%): A segunda maior queda, que lhe custou o pódio. Os desafios de ser um banco público em um mercado hipercompetitivo se mostraram claros em 2025.

  3. Skol (12º lugar | -26%): A cerveja da Ambev, que já foi a líder absoluta do mercado, sofreu uma queda drástica de 26%, caindo da 5ª para a 12ª posição. Este é talvez o sinal mais claro de mudança no comportamento do consumidor. O público brasileiro migrou fortemente para cervejas "premium" (como a concorrente Heineken) e cervejas puro malte de entrada. A marca "Skol", associada por muito tempo a festas e eventos de massa, pode estar sofrendo para se reconectar com um consumidor que busca mais sabor e sofisticação. Sua "irmã" Brahma (31º) também caiu 8%.

  4. Correios (48º lugar | -25%): A estatal de logística sofreu uma queda de 25%. A concorrência feroz de players privados (Mercado Livre, Amazon, Magalu, Shopee com suas próprias redes logísticas) e a percepção pública de lentidão e greves minaram o valor da marca.

  5. O Boticário (24º lugar | -16%): Uma queda de 16% é significativa, especialmente quando sua principal concorrente, a Natura (9º), cresceu 14%. Isso aponta para uma batalha direta no setor de cosméticos onde a Natura parece estar levando a melhor em 2025, possivelmente pela força do seu pilar de sustentabilidade e pela integração bem-sucedida da Avon.


Análise Setorial: O Desempenho dos Principais Mercados no Ranking Brand Dx 2025

Agrupar as 50 maiores marcas por setor nos dá uma visão panorâmica da economia brasileira.

Setor Automotivo: Um Mercado Dividido

O setor automotivo teve um desempenho misto, refletindo a dificuldade de crédito e a mudança de preferência.

  • Vencedores: Toyota (4º, +8%), Honda (15º, +13%), Volkswagen (16º, +6%), Chevrolet (17º, +8%), Fiat (27º, +4%) e a locadora Localiza (34º, +7%). Marcas de volume e confiabilidade se deram bem.
  • Perdedores: Mercedes-Benz (33º, -11%), Hyundai (35º, -2%), Volvo (43º, -2%) e Renault (49º, +2% modesto). Marcas de nicho ou com portfólio menos adaptado ao momento sofreram.

Varejo e E-commerce: O "Atacarejo" Resiste

O varejo foi um dos setores que mais sofreu com a queda no poder aquisitivo.

  • O "Atacarejo" brilha: Assaí (22º, -7%) e Atacadão (30º, +13%). Mesmo com a queda do Assaí, o modelo de "atacarejo" (atacado + varejo) se mostrou o mais resiliente, pois atrai o consumidor que busca economizar.
  • Varejistas tradicionais: Lojas Renner (18º, -4%) e Magazine Luiza (28º, +7%). A Magalu conseguiu um crescimento modesto, mostrando recuperação, enquanto a Renner, focada em moda (um item discricionário), sentiu o aperto.
  • Supermercados: Carrefour (39º, -15%) teve uma queda forte, possivelmente pela complexidade na integração com o Grupo BIG.
  • Alimentação (Fast Food e Apps): McDonald’s (38º, -8%) e iFood (46º, -2%) tiveram quedas leves, mostrando uma saturação do mercado pós-pandemia.

Indústria e B2B: Os Gigantes Ocultos

O Brasil mostrou a força de sua indústria de base e tecnologia.

  • Destaques: WEG (45º, +22%) e Embraer (36º, +19%). Duas potências exportadoras de alta tecnologia.
  • Química e Energia: Basf (32º, -2%) e Petrobras (21º, -9%). A Petrobras, apesar da queda, se mantém como uma marca valiosíssima, embora volátil às cotações do petróleo e à política de preços.
  • Alimentos (Indústria): Nestlé (11º, -8%) teve uma leve queda, enquanto a Minerva Foods (50º, +8%), focada em exportação de carne, entrou no Top 50 com crescimento.

Tecnologia e Serviços Digitais

  • Telecom: Vivo (8º, +16%) foi a estrela.
  • Apps de Mobilidade: Uber (40º, +16%) mostrou uma recuperação fantástica, com as pessoas voltando às ruas e ao trabalho presencial.
  • Eletrônicos: Samsung (19º, +4%) manteve um crescimento sólido, dominando o mercado de smartphones e eletrônicos de consumo.


A Metodologia Brand Dx: Como se Calcula o Valor de uma Marca?

Para entender a profundidade deste ranking, é essencial conhecer sua metodologia. A Brand Dx não se baseia em "achismo"; ela utiliza um processo técnico e financeiro rigoroso, auditável, que segue padrões internacionais (ISO 10668) e é dividido em cinco etapas principais.

  1. Projeção da Receita Operacional Líquida (ROL):

    A consultoria começa analisando dados públicos e projeções de mercado para estimar a receita futura de cada empresa que está diretamente ligada àquela marca específica.

  2. Cálculo do "Royalty Rate" (Taxa de Royalties):

    Esta é uma etapa crucial. A Brand Dx determina qual seria a taxa de royalty (em porcentagem) que uma empresa teria que pagar para "licenciar" a marca se não fosse dona dela. Isso é feito com base em contratos reais de licenciamento de empresas comparáveis (usando bancos de dados como Royalty Stat e Royalty Source), margens operacionais e os "drivers de valor" da marca.

  3. Medição da "Força da Marca" (Brand Strength):

    Aqui entra o fator humano. O "royalty rate" é ajustado pela força da marca. A Brand Dx realizou uma pesquisa robusta com 24 mil pessoas em 11 estados brasileiros (entre 1º de agosto e 20 de setembro). Esse levantamento avaliou 4.000 marcas de 50 setores, usando 20 indicadores-chave de performance (KPIs) para medir a percepção, confiança e relevância de cada uma. Uma marca mais forte (como o Itaú) justifica uma taxa de royalty maior.

  4. Determinação do Custo de Capital Ajustado (WACC):

    A consultoria calcula a taxa de desconto financeiro (WACC - Weighted Average Cost of Capital) apropriada para cada marca, considerando o risco do país, do setor e da própria empresa. Juros altos (como os atuais) aumentam o WACC e, por consequência, diminuem o valor presente da marca.

  5. Cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) dos Royalties:

    Finalmente, a Brand Dx aplica a taxa de royalty (definida na Etapa 2 e ajustada pela Etapa 3) sobre a receita projetada (Etapa 1) e traz esses fluxos de caixa futuros a valor presente usando a taxa de desconto (Etapa 4). O resultado é o Valor Presente Líquido (VPL) dos royalties estimados, que é o valor final da marca.


Ranking Completo: As 50 Marcas Mais Valiosas do Brasil em 2025

Abaixo, o ranking detalhado das 50 marcas que definiram o cenário corporativo brasileiro em 2025, segundo o estudo Brand Dx.

20242025MarcaValor da marca 2025 (em R$ bilhões)Variação 2025/2024
11Itaú43,6-7%
32Bradesco29,88%
23Banco do Brasil27,7-26%
74Toyota14,88%
45Caixa14,8-29%
66Mercado Livre13,5-11%
87Nubank13,12%
108Vivo12,816%
119Natura12,314%
1710Coca-Cola11,826%
911Nestlé11,7-8%
512Skol11,2-26%
1913Rede Globo11,121%
1814Rede D’Or São Luiz11,018%
1515Honda10,813%
1416Volkswagen10,46%
2017Chevrolet9,98%
3418Lojas Renner9,4-4%
2119Samsung9,44%
2320Santander9,36%
1321Petrobras9,1-9%
1622Assaí8,9-7%
2423BTG Pactual8,815%
1224O Boticário8,7-16%
2225XP8,6-4%
2726BrasilPrev8,39%
2527Fiat8,04%
2828Magazine Luiza7,97%
3229Porto Seguro7,725%
3130Atacadão7,613%
2631Brahma7,1-8%
3032Basf7,0-2%
2933Mercedes-Benz6,4-11%
3534Localiza6,27%
3335Hyundai6,0-2%
3936Embraer5,519%
4237Latam5,220%
3638McDonald’s5,2-8%
3839Carrefour4,6-15%
4740Uber4,516%
4441PagBank4,513%
4042Drogasil4,4-2%
4143Volvo4,4-2%
4644Electrolux4,27%
5145WEG4,222%
4346iFood4,2-2%
4847Sicredi4,111%
3748Correios4,1-25%
4549Renault4,02%
5250Minerva Foods3,68%

Conclusão: Maturidade, Relevância e os Desafios para 2026

O ranking Brand Dx 2025 é mais do que uma lista; é um diagnóstico preciso de um mercado que encerrou um ciclo de euforia e agora enfrenta a realidade de um crescimento mais lento e difícil. A estagnação de 1,6% não é um fracasso, mas um ajuste a um novo normal econômico, pautado por juros mais altos e um consumidor mais cauteloso.

A liderança do Itaú (R$ 43,6 bi) é a prova de que décadas de construção de marca focada em confiança e inovação criam uma fortaleza capaz de resistir às piores tempestades macroeconômicas. Sua queda de 7% foi amortecida por uma força de marca que seus concorrentes ainda almejam.

A ascensão do Bradesco (R$ 29,8 bi) ao segundo lugar, com um crescimento sólido de 8%, mostra que mesmo os gigantes tradicionais podem se reinventar e encontrar caminhos para crescer na adversidade. Em contrapartida, as quedas abruptas do Banco do Brasil (-26%) e da Caixa (-29%) servem como um alerta severo sobre os riscos da percepção de instabilidade e os desafios de competir em um mercado tão dinâmico.

O ano também foi marcado por mudanças de comportamento: a queda da Skol (-26%) e a ascensão da Natura (+14%) contra a queda do O Boticário (-16%) são reflexos claros de um consumidor que busca novos valores, seja no sabor de uma cerveja ou no propósito de um cosmético.

Por fim, os grandes destaques positivos – Coca-Cola (+26%), Porto Seguro (+25%), WEG (+22%) e Rede Globo (+21%) – provam a tese do CEO da Brand DX. Em um ano onde "crescer em volume" foi difícil, essas marcas cresceram em relevância, propósito e confiança. Elas entenderam as mudanças tecnológicas e de comportamento e se adaptaram mais rápido.

Para 2026, o desafio está claro: não basta ser grande; é preciso ser relevante. A batalha pelo valor da marca será vencida por quem melhor souber preservar sua essência enquanto inova em sua entrega.

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