Cia. Sansacroma dança a loucura em “Sociedade dos Improdutivos”
Espetáculo, em temporada de 1 a 10 de dezembro (quinta a sábado) na Casa de Cultura M´Boi Mirim, é fruto de dois anos de pesquisa sobre a loucura e contrapõe o corpo que é socialmente invalidado ao corpo que é socialmente produtivo
Sociedade dos Improdutivos - Divulgação |
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A pesquisa
O trabalho de pesquisa teórica da companhia foi um consistente estudo sobre a história da loucura no ocidente. De Hieronymus Bosch, Pieter Bruegel, Erasmo de Roterdã, passando pela Nau dos Insensatos, de Sebastian Brant, até o conceito de Biopoder de Michel Foucault, pelo pensamento junguiano que inspira o trabalho da psiquiatra Nise da Silveira e pelos paradigmas que norteiam a Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial no Brasil.
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Essencialmente implicada com as questões políticas e minoritárias, a companhia observou a maioria de corpos negros e periféricos presentes tanto nos manicômios do passado, quanto nas atuais unidades dos Caps.
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O recorte coreográfico da etnomedicina Dogon desconstrói o olhar eurocêntrico da loucura e redimensiona o espetáculo. Um novo panorama se abre aos saberes ancestrais. Tradições que interferem diretamente nos procedimentos terapêuticos, criando uma tessitura complexa, onde a figura dos adivinhos, ou marabus, são elementos principais no processo de cura, na reapropriação do si, da saúde, da autonomia e da liberdade.
Do encontro com estes pensamentos e experiências, Gal Martins expõe um dos argumentos que compõem o espetáculo:
“É conveniente manter a sombra oculta e invisível aos olhos de uma sociedade sujeitada a valores de consumo, que legitima enunciados científicos em torno de uma idealização de saúde. Essa perspectiva ocidental, forjada histórica e linguisticamente, extrai a singularidade expressiva e a potência de produção do ‘louco’. O inscreve na vulnerabilidade, no abandono, na miséria e na subjetividade-lixo, que impõem sua dependência aos tratamentos de contenção, ao consumo de medicamentos, substituindo o confinamento do passado, pelos controles farmacológicos e institucionais do presente”.
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Estrutura cênica
O espetáculo tem uma estrutura cênica alternativa e sensorial. A música ao vivo e a ocupação numa instalação coreográfica deslocam o público para uma lógica dos sentidos e o retira da lógica do consumo que organiza a vida contemporânea. As sensações e reações motoras dos que assistem, vão compor a dramaturgia do espetáculo.
As estações coreográficas do espetáculo delineiam e revelam o quanto pode ser poderoso o ato de narrar e expressar um sofrimento. Narrativa gestual que se torna um ato de resistência política, afecção sensível e transformação de realidade social.
Sobre a Cia. Sansacroma – Criada em 2002 pela atriz, dançarina e coreógrafa Gal Martins, a Cia. Sansacroma tem se dedicado a desenvolver trabalhos baseados no hibridismo característico às criações coreográficas na contemporaneidade. Sua produção artística focaliza temas pertinentes à sociedade atual, no modo em que chegam e afetam a todos diretamente, seja no cotidiano das ruas, nas relações sociais e interpessoais, na mídia ou na própria arte. A Dança da Indignação, conceito criado pela artista, norteia a pesquisa de linguagem estética da companhia, que pretende reverberar no ato dançante as indignações coletivas, numa abordagem política-poética que aponta para as intersecções entre arte e vida. Tendo feito uma escolha singular ao atuar diretamente na periferia sul de São Paulo, este território influencia diretamente o seu processo artístico. O ponto de partida das criações são as poéticas do corpo negro, que circulam na população dessa região, a qual a companhia chama de indigenordestinafricana.
SERVIÇO:
Espetáculo Sociedade dos Improdutivos
Cia. Sansacroma
Direção: Gal Martins
Espetáculos dias 1, 2, 8,9 e 10 de dezembro de 2016;
Quinta a sábado; 02/12 (sexta-feira), 08/12 (quinta-feira) e 09/12 (sexta-feira), às 21h. E no sábado, 10/12, às 20h.Na Casa de Cultura M´Boi Mirim, à Avenida Inácio Dias da Silva, s/n, Piraporinha, São Paulo - SP.
Telefone: (11) 5514-3408
Entrada franca (retirada dos ingressos na bilheteria meia hora antes do espetáculo)
Duração: 50 minutos
Classificação etária: 14 anos
Capacidade: 40 lugares
FICHA TÉCNICA
Direção e Concepção: Gal Martins
Intérpretes Criadores: Djalma Moura, Verônica Santos, Ciça Coutinho, Flip Couto,
Érico Santos e Aysha Nascimento
Orientador de Pesquisa e Provocação Cênica: Rodrigo Reis
Orientador de Pesquisa de Campo: Rodrigo Dias
Direção Musical: Cláudio Miranda
Músicos: Melvin Santhana, Fernando Alabê, Camila Alcântara e Clency Santhana
Figurinos e Adereços: Mariana Farcetta
Concepção de Luz: Almir Rosa
Montagem e Operação de Luz: Piu Dominó
Preparação Corporal: Mônica Teodósio, Djalma Moura, Gal Martins e Verônica Santos
Cenotécnico: Fábio Miranda
Ensaiador: Djalma Moura
Direção de Produção: Selene Marinho
Assistente de Produção: Dandara Gomes
Assessoria de Imprensa: Marcelo Dalla Pria (Rhizome Comunicações)
Aproximação com o Público: Ciça Coutinho e Dandara Gomes
Fotografia: Raphael Poesia
Colaboradores: Denise Dias Barros
Agradecimentos: Caps Jd.Lídia, Secretária Municipal de Saúde e Valéria Ribeiro
Mais informações:
https://www.facebook.com/sansacroma/
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