Bolsistas neozelandeses chegam ao Brasil e fortalecem parceria educacional entre países
Turma de alunos neozelandeses bolsistas chega ao Brasil para promover cooperação educacional e fomentar vínculos acadêmicos; programa é financiado pelo governo da Nova Zelândia e administrado pela Education New Zealand, agência do governo para a promoção da educação internacional
Acordo entre Universidade de Auckland, Universidade de São Paulo (USP) e com colaboração de professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) enriquece a experiência dos alunos neozelandeses, que durante a permanência no Brasil estarão em contato com discentes e professores das instituições de ensino brasileiras
Em agosto no ano passado, estudantes das universidades da Nova Zelândia com mais de 18 anos receberam a notícia de que poderiam se inscrever para completar parte da sua grade acadêmica no Brasil. Financiado pelo governo do pais, com administração da Education New Zealand (ENZ), o programa cobre todos os custos envolvidos. Eles chegam para consolidar a iniciativa que começou a se tornar realidade quando Steven Joyce, ministro neozelandês da Educação Superior, Desenvolvimento Social e Empregabilidade, visitou o Brasil em 2015 e considerou incluir o país e outros da América Latina no programa de Bolsas de Estudo do Primeiro-Ministro, que antes eram apenas concedidas para a Ásia. À época, Joyce participou da conferência anual da FAUBAI (Associação Brasileira para Educação Internacional), em Cuiabá.
O programa da visita de quatro semanas foi elaborado pelo professor doutor Genaro Vilanova Miranda Oliveira, do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos da University of Auckland, e será desenvolvido no Brasil com parceria da Universidade de São Paulo (USP) e colaboração com professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ao ser convocado para participar dessa equipe multidisciplinar, o docente baiano teve um papel fundamental. “Antes, o foco do centro estava voltado apenas para os países de língua espanhola”, explica.
As bolsas de estudo são parte do programa Innovative New Zealand, que tem investimentos da ordem de R$ 1,7 bilhão (761,4 milhões de dólares neozelandeses) para impulsionar a internacionalização do ensino superior da Nova Zelândia.
A Nova Zelândia já um destino tradicional de estudantes brasileiros e a primeira turma de bolsistas neozelandeses no Brasil por meio desse programa é símbolo dessa forte intenção do governo neozelandês de estabelecer e fomentar vínculos entre as instituições de ensino dos dois países, reconhecendo a importância da reciprocidade para manter equilibrada a balança da educação internacional.
Vale lembrar que a Nova Zelândia é o país de língua inglesa mais pacífico do mundo (Global Peace Index), tem a melhor qualidade de vida (Legatum Prosperity Index) e todas as suas universidades estão listadas entre as 500 melhores do mundo pelo QS Univesity Rankings 2016/2017.
EM SOLO BRASILEIRO
A agenda intensa dos estudantes prevê aulas e encontros na USP e PUC-Rio. Além da interação em campus das universidades, estão previstas visitas ao Museu Afro Brasil, Pátio do Colégio e Catedral da Sé, em São Paulo. No Rio, eles irão aos estúdios da TV Globo para ver como se faz uma novela e também visitar comunidades e coletivos de arte.
“Esperamos que esse programa tenha papel transformador na vida desses alunos. Eles conhecem o Brasil do Carnaval, da violência e do povo alegre, mas sofrido. Chegou a hora de mostrar que somos muito profundos. A ideia é propiciar uma cultural literacy, uma alfabetização cultural”, diz o professor doutor Genaro Oliveira .
As atividades programadas começam com uma visita ao Consulado em São Paulo, onde serão recebidos por Caroline Bilkey, embaixadora da Nova Zelândia no Brasil; Ana Azevedo, Gerente Sênior de Desenvolvimento para Educação da Education New Zealand no país, convidados e jornalistas. Já no mesmo dia os alunos farão a visita ao MASP, onde irão conhecer arte genuinamente brasileira passeando pela belíssima arquitetura brutalista criada por Lina Bo Bardi (1914-1992). Em 30 de janeiro, viajam ao Rio e ficam até 10 de fevereiro.
O programa Brazilian Visual Coachers, criado pelo professor Genaro, vai abordar as matrizes da formação étnica do Brasil, incluindo Europa e África, por meio de manifestações visuais e artísticas do Brasil, de arte indígena à produção contemporânea de televisão e cinema. “Isso é muito mal resolvido em livros didáticos. A ideia dos estudos é ir do Brasil institucional e rico ao das profundezas, de luta”, completa.
“Temos certeza de que a rica experiência acadêmica e cultural que esses estudantes neozelandeses terão no Brasil irá colaborar para o fortalecimento dos vínculos entre os dois países”, explica Ana Azevedo. “A experiência cultural proporcionada pela educação internacional é sem dúvida uma das mais marcantes que se pode ter, ela transcende o conhecimento acadêmico adquirido e cria uma relação pessoal entre os participantes dos dois lados”, completa.
Vale informar que outros dois estudantes, também contemplados com a Bolsa de Estudo do Primeiro-Ministro da Nova Zelândia para a América Latina, chegam ao Brasil nos próximos dias para programas individuais. Um deles passará um semestre na PUC-Rio e o outro fará um estágio em Porta Alegre. A educação é a quarta maior fonte de divisas da Nova Zelândia e para manter essa posição nesse ranking tão nobre e importante, o país não mede esforços para incentivar e financiar escolas e promover a cooperação educacional entre nações.
SOBRE A EDUCATION NEW ZEALAND – A Education New Zealand (ENZ) é a principal agência do governo para a divulgação e representação da educação da Nova Zelândia em âmbito internacional. Com o objetivo de tornar a Nova Zelândia conhecida como destino para estudantes internacionais e como a mais importante parceira para conhecimento e serviços ligados à educação, a ENZ conta com 70 funcionários em mais de 20 localidades e é dirigida por uma junta nomeada pelo Ministro de Educação Superior, Competências e Ofícios, Sr. Steven Joyce.
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